O Sacerdote

Este artigo é um capítulo de O Templo do Rei Salomão

Uma extensa biografia mágica baseada no diário de Frater Perdurabo.

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Leia em 37 min.

Capítulo VI
A Grande Revelação

A Aparição de A Besta 666
9=2

Foi julgado melhor reimprimir, intacto, o relato destes assuntos originalmente compilado para “O Templo do Rei Salomão”, Equinox, Vol. I, no 7, pág. 357-386. [1]

O Sacerdote

Ao abrirmos esta seção, da máxima importância na carreira de Frater Perdurabo, pessoas imponderadas podem oferecer a crítica que, desde que os acontecimentos a serem narrados tratam mais das relações dele com outros que do seu avanço iniciático pessoal, estes acontecimentos não deveriam ser incluídos neste volume. [2]

Tal crítica é em verdade superficial. Certo, os incidentes que vamos relatar ocorreram no plano material, ou em planos contíguos a este; certo, a luz pela qual os examinamos é tão obscura que muito é deixado em dúvida; certo, a suprema consecução mística ainda está por ser registrada; mas por outro lado, é nossa opinião que o Selo aposto à Consecução pode ser bem descrito pela história daquela Consecução, e nenhuma fase do progresso é mais importante que aquela em que é dito ao aspirante: “Agora que você é capaz de caminhar sozinho, empregue sua força para auxiliar outros a se tornarem capazes de fazer o mesmo!” E assim, este grande evento que estamos a ponto de descrever, um evento que levará (como o tempo demonstrará) ao estabelecimento de um Novo Céu e de uma Nova Terra para todos os homens, veio no disfarce mais humilde e mais simples. Com frequência os deuses vêm assim, vestidos de camponeses ou crianças; mais, eu já escutei em pedras e árvores.

No entanto, não devemos esquecer que há pessoas tão impressionáveis e tão crédulas que qualquer coisa as convence. Suponho que existem quase tantas camas no mundo quanto existe gente; no entanto, para um membro da TFP, toda cama esconde um comunista. Vemos “Vitor Hugo” escrevendo sem estilo e “Humberto de Campos” rabiscando sem humor revelações do “além” que chocariam a inteligência até de um marxista ou de um prelado romano; e vemos tais “revelações” e tais “obras de homens ilustres falecidos” protegidas e defendidas com perícia e até coragem. [3]

Portanto, já que vamos anunciar a revelação divina que foi feita a Frater Perdurabo, é da máxima importância que estudemos sua mente tal qual era na época da Desvelação. Se verificarmos que era a mente de um neurótico, de um místico, de uma pessoa predisposta, daremos pouca importância à revelação; se era a mente de um sensato homem do mundo, dar-lhe-emos mais atenção.

Se algum alquimista considerado meio doido sai do seu laboratório e grita da janela que descobriu ouro, seus vizinhos duvidam; mas a conversão ao espiritismo do Professor Lombroso causou grande Impressão àqueles que não compreenderam que a criminologia do professor era apenas a ilusão acumulada de um cérebro doentio. [4]

Assim, veremos que a A...A... preparou Frater Perdurabo sutilmente, por mais de dois anos de treino em racionalismo e indiferentismo, para receber a mensagem d’Eles. E veremos que Eles executaram tão bem Seu trabalho que ele recusou a mensagem por cinco anos mais, a despeito de muitas estranhas provas da verdade dela. Veremos até que Frater Perdurabo teve que ser despido de si mesmo antes de poder transmitir a mensagem com eficiência.

A batalha foi entre toda aquela poderosa vontade desenvolvida por ele e a Voz de um Irmão que falou uma vez, e Se calou; e não foi Frater Perdurabo quem saiu vencendo.

Deixamos Frater Perdurabo [5] no outono de 1901, tendo alcançado considerável progresso em Yoga. Notamos que em 1902 pouco ou nada praticou de Magia ou Misticismo. Ocupou-se exclusivamente em interpretar os fenômenos ocultos que observara, e sua mente foi mais e mais atraída ao materialismo.

“Que são fenômenos?” ‒ ele se perguntara. “De noumena não sei e não posso saber coisa alguma. Tudo que sei é, tanto quanto eu saiba, uma mera modificação da minha mente, uma fase da minha consciência. E o pensamento é uma secreção do cérebro. A consciência é uma função do cérebro.”

Se esse pensamento foi contradito pelo óbvio, “E o que é o cérebro? Um fenômeno na mente!”, Isto pesou menos para ele. Parecia à sua mente, ainda desequilibrada (pois todos os homens são desequilibrados até que tenham cruzado o Abismo), que era mais importante dar ênfase à matéria que à mente, O idealismo tinha sido a causa de tanta miséria no mundo! Fora o pai de toda ilusão, sem nunca levar ninguém à pesquisa científica. E, no entanto, que importância tem isto? Todo ato ou pensamento é determinado por uma infinidade de causas; é a resultante de uma infinidade de forças. Analisou Deus: percebeu que todo homem fizera Deus à sua própria imagem. Viu os judeus selvagens e canibais adorando a um Deus selvagem e canibal, que comandava o estupro de virgens e o assassinato de criancinhas. Viu os tímidos habitantes da Índia, raças constantemente vítimas de toda tribo ladra, inventando um efeminado Vishnu; no entanto, sob este mesmo nome, seus conquistadores adoravam um guerreiro, o conquistador de cisnes demoníacos. Contemplou a fina flor da raça humana em qualquer época, os graciosos gregos: que deuses graciosos inventaram! Viu Roma, em sua força dedicada a Marte, Júpiter e Hércules, em sua decadência adorando Átis castrado, Adônis trucidado, Osíris assassinado, Jesus crucificado. Até em sua própria vida pode perceber toda aspiração, toda devoção, como um reflexo de suas próprias necessidades físicas e intelectuais. Viu também a tolice de todo esse supernaturalismo. Ouviu os Boers e os ingleses rezarem ao mesmo Deus protestante pedindo vitória na guerra, e ocorreu-lhe que o sucesso inicial dos Boers foi devido antes a superior coragem do que a rezas superiores, e que sua eventual derrota deveu-se a só poderem levantar sessenta mil homens, na luta contra duzentos e cinquenta mil ingleses. Viu, também, a face da humanidade: uma lameira de sangue pingando das sanguessugas da religião grudadas às suas têmporas.

Em tudo isto percebeu ser o homem a única coisa de real valor, a única coisa que valia a pena “salvar”; mas também, a única coisa que poderia efetuar a salvação.

Tudo o que conseguira, portanto, abandonou. As intuições da Cabala pôs para trás, sorrindo da tolice de sua juventude; a magia, se verdadeira, não conduzia a parte alguma; Yoga virou psicologia. Para a solução de seus problemas originais quanto ao universo, voltou-se para a metafísica: dedicou seu intelecto ao culto da razão absoluta. Aplicou-se uma vez mais ao estudo de Kant, Hume, Spencer, Huxley, Mansel, Fiachte, Schelling, Hegel, e muitos outros; quanto à sua vida, não era ele um homem? Tinha uma esposa; conhecia seu dever para com a raça, e para com seu próprio ilustre ramo desta. Era um viajor e um desportista; pois bem, então, o negócio era viver sua vida! Assim, vemos que de novembro de 1901 até o equinócio de primavera de 1904 não se dedicou a quaisquer práticas, com a exceção de uma semana casual no verão de 1903, e de uma exibição de brinquedo de magia na Câmara do Rei da Grande Pirâmide em novembro de 1903, quando por suas invocações encheu aquela câmara de uma claridade como a da lua cheia. (Isto não foi ilusão subjetiva. A luz era suficiente para que ele lesse o ritual sob ela.) E foi apenas para dizer, no fim: “Viu? E que adianta tudo isto?” [6]

Vemo-lo escalando montanhas, patinando, pescando, indo atrás de caça grossa, cumprindo os deveres de um esposo; vemo-lo ter aquela antipatia por todas as formas de pensamento e de atividade espiritual que o desapontamento provoca.

Se a gente escala a montanha errada por engano (como pode acontecer), as belezas daquela montanha, por maiores que sejam, não compensam o desapontamento quando o erro é descoberto. Léa pode ter sido muito boa moça, mas Jacó nunca mais quis saber dela após aquele terrível amanhecer quando ele acordou e viu-lhe a face no travesseiro onde, após sete anos de labuta, ele esperara a prometida Raquel. [7]

Assim, Frater Perdurabo, após passar cinco anos subindo na árvore errada, perdera o interesse por árvores, ao menos no que concerne em trepar nelas. Poderia se dar à vaidade inocente de dizer: “Vê, Fulano, aquele foi o ramo onde eu marquei minhas iniciais quando era garoto!”; mas ainda que tivesse visto na floresta a Árvore da Vida mesma, com o fruto dourado da Eternidade pendendo de seus ramos, não teria feito mais que levantar sua espingarda de caça e atirar no pombo esvoaçando pela folhagem.

A prova deste “retiro da visão” não é apenas deduzida da falta de quaisquer documentos ocultos em seu fichário da época, ou da completa ocupação da sua vida diária com prazeres e deveres externos e mundanos: a prova é tornada irretorquível e enfática pela evidência positiva de suas composições literárias do período. Destas temos diversos exemplos. Duas são dramatizações da mitologia grega, um assunto que oferece amplas oportunidades ao ocultista; nenhuma das duas apresenta qualquer alusão oculta. Vemos também um poema, “Rosa Mundi”, em que as alegrias do puro amor humano são pintadas sem a mínima nuance de emoção mística. Mais, temos uma peça, “O Come-Deus”, em que a origem das religiões, tal como concebida por Spencer ou Frazer, é exposta em forma dramática; e por fim temos uma sátira, “Por que Jesus chorou”; dura, cínica e brutal em sua avaliação da sociedade, mas descuidosa de qualquer remédio para as mazelas desta.

É como se o passado inteiro do homem, com toda a sua aspiração e consecução, tivesse sido apagado. Ele viu a vida (pela primeira vez, quiçá) com olhos humanos comuns. O cinismo ele podia compreender, o romance podia compreender; fora disto, só a escuridão. A felicidade dormia na mesma cama com o desprezo.

Vemos que, no fim de 1903, ele se dispunha a visitar a China numa expedição desportiva quando uma comunicação muito corriqueira de sua esposa o fez pospor a ideia. “Vamos caçar alguma coisa por um mês ou dois”, ele disse a ela, “e se você estiver certa, então voltaremos para babás e médicos”.

Assim, nós os encontramos em Hambantota (a província do sudeste do Ceilão), ocupados somente com búfalos, elefantes, leopardos, sambhures, e cem outros objetos da caça.

Aqui inserimos extratos do diário, indicando uma parca produção se comparado com o que citamos de seu recorde prévio no Ceilão. [8]

Semanas inteiras se passam sem uma palavra: o grande homem jogava bridge, pôquer, ou golfe!

A nota de 19 de fevereiro de 1904 parece indicar que a coisa vai se tornar interessante; mas é seguida pela de 20 de fevereiro. É, no entanto, certo que por volta de 14 de março ele alugou um apartamento no Cairo em plena estação de turismo! Pode haver coisa mais patética? De forma que a anotação de 16 de março está datada do Cairo. Nossas notas (no diário inteiro) são dadas entre  parênteses.

O Diário de Frater Perdurabo

(Este diário é extremamente incompleto e fragmentário. Muitas anotações, também, são evidentemente irrelevâncias ou disfarces. Omitimos muito dos dois últimos tipos.)

“Este ano cheio de acontecimentos, 1903, encontra-me num campo sem nome na jângal de uma província do sul do Ceilão; meus pensamentos, outrossim divididos entre Yoga e a caça, são desviados pelo fato de uma esposa...”

(Esta referência a Yoga é a Vontade Mágica subconsciente do iniciado Votado. Ele não estava fazendo coisa alguma, mas ao se examinar, como era seu hábito em certas estações, sentiu-se obrigado a afirmar sua Aspiração.)

Jan. 1:

... (muitos borrões)... Não acertei nem no corço nem na lebre. Fiquei danado. Porém, o augúrio é que o ano é bom para as obras de Amor e União; mau para as de Ódio. Sejam as minhas de Amor! (Note que ele não acrescenta “e União”.) [9]

28 de Jan.: 

Embarcamos para Suez.

7 de Fev.:

Suez.

8 de Fev.:

Chegamos a Port Said.

9 de Fev.:

Para o Cairo.

11 de Fev.:

Vi b.f.g.

b.f.b.

(Esta anotação é completamente ininteligível para nós.)

19 de Fev.: 

Para Helwan como Déspota Oriental. (Aparentemente, Perdurabo assumira algum disfarce, provavelmente com a Intenção de estudar o Islã de dentro, como fizera com o Hinduísmo.) [10]

20 de Fev.: 

Começo golfe.

16 de Março:

Começo inv. (invocação) ΙΑΩ. [11]

17 de Março:

θωοyθ apareceu. [12]

18 de Março:

Devo inv. (invocar) ϑωωρι [13] como ☉ [14] por novo método.

19 de Março:

Isto foi feito (mal), meio-dia e trinta.

20 de Março:

Às 10 da noite melhor – Equinócio dos Deuses – όυ μη Nov – (novo?) C.R.C. (Christian Rosencreutz; conjeturamos). Hoori agora Hft. (evidentemente “Hierofante”)

21 de Março:

☉ em ♈ I.A.M. (uma hora da manhã?)

22 de Março:

X.P.B. |algo em árabe| [15]

(Poderá isto, e a anotação de 24 de março, referir-se ao irmão da A...A... que se encontrou com ele?)

E.P.D. em 84 m.

(Sem significado para nós; provavelmente um disfarce).

23 de Março: 

Y.K. feito. (Seu trabalho sobre o Yi Ching?) [16]

24 de Março:

Encontro com |algo em árabe| [17]  novamente.

25 de Março:

 

823

 

Assim

 

461

 

“       ” = p f l y 2 b z

 

218

 

 

(Borrão)          wch dificuldade com ds.

(Borrão)          P.B.

(Tudo ininteligível; possivelmente um disfarce).

6 de Abril:

Vou novamente a H, levando p. de A.

(Isto é provavelmente um disfarce.)

Antes de prosseguirmos com a história deste período, devemos estabelecer a seguinte premissa:

Frater Perdurabo nunca fez um relatório completo deste período. Ele parece ter oscilado entre um absoluto cepticismo (no mau sentido da palavra: desgosto pela revelação) de um lado, e um real entusiasmo de outro. E a primeira atitude o induziu a fazer coisas para estragar o efeito da segunda. Daí os “disfarces”, e cifras estúpidas e sem significado que desfiguram o diário.

E, como se os Deuses mesmos desejassem obscurecer o Portal, vemos mais tarde que, quando a orgulhosa vontade de P. foi quebrada, e ele desejou tornar mais fácil o trabalho do historiador, sua memória (uma das melhores do mundo) foi completamente incapaz de aclarar as coisas.

Porém, nada de que ele não esteja bem certo será incluído aqui.

Temos um documento completamente sem “disfarces” e digno de estudo: “O Livro de Resultados”, escrito em um dos cadernos japoneses de pergaminho que ele costumava levar consigo. Infelizmente, parece ter sido abandonado após cinco dias. O que aconteceu entre 23 de março e 8 de abril?

O Livro de Resultados

16 de março:

Quarta-feira. Invoco ΙΑΩ. Intuição para continuar o ritual de dia e de noite por uma semana.

(Frater Perdurabo nos diz que isto foi feito pelo ritual do “não-nascido”, Idêntico à “Invocação Preliminar” [18] da Goétia, meramente para divertir sua esposa mostrando-lhe os silfos. Ela se recusou a ver quaisquer silfos, ou foi incapaz de fazê-lo; mas ficou “inspirada” e repetia: “Eles estão esperando por você!”)

(Nota do Editor: O nome de solteira da mulher dele era Rose Edith Kelly. Ele a chamava de Ouarda, a palavra árabe para “Rosa”. Ela é daqui em diante designada por “Ouarda a Vidente”, ou “W.”, para encurtar).

16 cont.:

W. diz que “eles” estão “me esperando”.

17 de março:

Quinta-feira. É tudo “sobre a criança”. Também, tudo “sobre Osíris”.

(Note-se o tom cínico e céptico desta anotação. Quão diferente parece à luz de Liber 418!)

17 cont.: 

Thoth, invocado com grande sucesso, está em nós.

(Sim, mas o que aconteceu? Frater Perdurabo não tem a mínima ideia.)

18 de março:

Sexta-feira. Revelou que quem espera por mim é Hórus, que eu ofendi e devo invocar. O ritual dado em esquema. Promessa de sucesso sábado ou domingo, de Samadhi.

(Será “quem espera por mim” outra ironia? Não temos certeza. A revelação do ritual (por W. a vidente) consistiu principalmente numa proibição de todas as fórmulas até então usadas, como se verá do texto impresso mais adiante.)

Foi provavelmente nesse dia que Perdurabo examinou W. sobre Hórus. Só a notável identificação que ela fez do Deus, seguramente, o teria feito dar-se ao trabalho de obedecer às instruções dela. Ele se lembra de que apenas concordou em obedecer a fim de mostrar-lhe quão tola ela era; e ele a desafiou, dizendo que “nada acontece se a gente quebra todas as regras”.

Aqui, pois, inserimos uma curta nota por Frater Perdurabo, descrevendo como W. identificou R.H.K. (Ra-Hoor-Khuit):

Como W. identificou R.H.K. (Ra Hoor Khuit)

1. Força e Fogo.

Eu lhe pedi que descrevesse as qualidades morais dele.

2. Luz azul-profundo.

Eu lhe pedi que descrevesse as condições causadas por ele. Esta luz é inconfundível, e nenhuma outra se lhe assemelha; mas é claro que as palavras dela, se bem que uma descrição razoável desta luz, poderiam se aplicar a alguma outra cor.

3. Hórus.

Eu lhe pedi que apontasse o nome dele numa lista de dez que escrevi ao acaso.

4. Reconheceu sua Imagem quando a viu.

Isto se refere à notável cena no Museu de Boulak, que narraremos em detalhe.

5. Conhecia minhas relações passadas com o Deus.

Isto quer dizer, eu creio, que ela sabia que eu assumira a função dele em trabalho ritual no templo, [19] etc., e que nunca o invocara.

6. Conhecia seu inimigo.

Eu perguntei, “Quem é o Inimigo dele?” Resposta, “Forças das águas – do Nilo”. W. não sabia bulhufas de Egiptologia – ou de qualquer outro assunto.

7. Conhecia sua figura lineal, e a cor desta.

Uma chance em 84.

8. Conhecia a posição dele no templo.

Uma em 4, pelo menos.

9. Apontou a arma dele.

Em uma lista de 6.

10. Apontou a sua natureza planetária.

Em uma lista de 7 planetas.

11. Apontou seu número.

Em uma lista de 10 unidades.

12. Selecionou-o de entre

a) Cinco,

b) Três símbolos indiferentes, isto é, arbitrários.

Isto quer dizer que eu decidi que entre A, B, C, D e E, D o representaria, e ela então disse D.

Não podemos insistir demasiado quanto ao caráter extraordinário desta Identificação. [20]

W. nunca pretendera ser clarividente; nem Perdurabo tentara jamais treiná-la para tal.

Perdurabo tinha grande experiência com clarividentes, e sempre fora um ponto de honra para ele desmascará-los. E aqui estava uma noviça, uma mulher que nunca deveria ter saído de um salão de baile, falando com a autoridade de Deus, e provando-se com toda correção, sem hesitação alguma.

Um só fracasso, e Perdurabo tê-la-ia mandado às favas. E o fracasso não ocorreu. Calcule-se as probabilidades contra! Não conseguimos encontrar uma expressão matemática para os testes 1, 2, 3, 4, 5 ou 6, mas os outros 7 testes nos dão:

(1/10) × (1/84) × (1/4) × (1/6) × (1/7) × (1/10) × (1/15) = 1/21168000.

Vinte e um milhões contra uma probabilidade dela passar na metade da prova!

Mesmo se supusermos, o que é absurdo, que ela conhecia as correspondências da Cabala tão bem quanto Frater Perdurabo, e conhecia as relações secretas dele com o Invisível, precisaríamos esticar a telepatia para explicar o teste 12. [21]

Mas sabemos que ela ignorava por completo as correspondências sutis, que naquela época existiam apenas no cérebro do próprio Perdurabo.

E mesmo se ela as conhecesse, como poderíamos explicar o que aconteceu a seguir ‒ a descoberta da Estela de Revelação?

Para aplicar o teste 4, Frater Perdurabo levou-a ao museu em Boulak, que ainda não haviam visitado. Ela passou (Perdurabo notou com silencioso riso) por várias imagens de Hórus sem indicá-las. Eles subiram as escadas para o segundo andar. Uma caixa de vidro estava demasiado distante para que seu conteúdo fosse reconhecível. Mas W. o reconheceu. “Lá”, gritou ela, “lá está ele”!

Frater Perdurabo caminhou até à caixa. Havia ali a imagem de Hórus na forma de Ra-Hoor-Khuit, pintada sobre uma estela de madeira da 26a dinastia – e a caixa tinha o número 666! [22]

(E após isto ainda se passaram cinco anos antes de Frater Perdurabo ser compelido a obedecer!)

Este incidente deve ter ocorrido antes de 23 de março, desde que a anotação daquela data se refere a Ankh-f-n-khonsu.

Eis aqui a descrição que Perdurabo fez da Estela:

No museu no Cairo, o No 666 é a estela do sacerdote Ankh-f-n-khonsu.

Hórus tem um Disco vermelho e um Ureu verde.

Sua face é verde, sua pele índigo.

Seu colar, tornozeleiras e braceletes são de ouro.

Sua nêmis é azul quase negro.

Sua túnica é a pele de leopardo, e seu avental é verde e ouro.

Verde é a baqueta de duplo Poder; sua m.d. está vazia. [23]

Em seu trono é índigo o gnômon, vermelho o esquadro.

A luz é gambodge. [24]

Acima dele estão o Globo Alado e a figura curvada da

Ísis celeste, suas mãos e pés tocando a terra.

Existe outro objeto para completar o segredo da sabedoria [25] – ou, ele está nos hieróglifos.

Este último parágrafo foi, nós supomos, ditado por W.

Incluímos aqui a mais recente tradução da Estela, pelos Srs. Alan Gardiner, Lit. D., e Battiscombe Gunn. Difere ligeiramente daquela usada por Frater Perdurabo, a qual foi devida ao curador-assistente do Museu de Boulak.

ESTELA DE ANKH-F-NA-KHONSU

Anverso

Registro do topo (sob Disco Alado):

Behdet (? Hadit?), o Grande Deus, o Senhor do Céu.

Registro médio. Duas linhas verticais para a esquerda:

Ra-Harakhti, Mestre dos Deuses. [26]

Cinco linhas verticais para a direita:

Osíris, o Sacerdote de Montu, Senhor de Tebas, Porteiro de Nut em Karnak, Ankh-f-n-Khonsu, o Justificado.

Abaixo do Altar:

Gado, Gansos, Vinho (?), Pão.

Atrás do deus está o hieróglifo de Amenti.

Registro baixo:

(1) Diz Osíris, o Sacerdote de Montu, Senhor de Tebas, o abridor das Portas de Nu em Karnak, Ankh-f-n-Khonsu, (2) o Justificado: “Salve, Tu cujo elogio é grande (o grandemente elogiado), tu de vontade grande. Oh Alma (ba) mui terrível (literalmente, poderosa, de terror) que dá o terror dele (3) entre os Deuses, brilhando em glória sobre seu grande trono, abrindo caminhos para a Alma (ba) para o Espírito (yekh) e para a Sombra (khabt): Eu estou preparado e eu brilho como quem está preparado. (4) Eu abri caminho ao lugar onde estão Ra, Tom, Khepri e Hathor. Osíris, o Sacerdote de Montu, Senhor de Tebas (5) Ankh-f-n-Khonsu, o Justificado; filho de mnbsnmt; [27]nascido da portadora-do-Sistro de Amon, a Senhora Atne-sher.

Reverso

Onze linhas de escritura.

(i) Diz Osíris, o Sacerdote de Montu, Senhor de Tebas, Ankh-f-n-Khonsu, o Justificado: Meu coração de minha mãe, meu coração de minha mãe, meu coração [28] de minha existência (3) sobre a terra, não fiques diante de mim contra mim como uma testemunha, não me repilas (4) entre os Juízes Soberanos, [29] nem inclines contra mim na presença do Grande Deus, o Senhor do Ocidente, [30] (5) agora que eu estou unido à Terra no Grande Ocidente, e não duro mais sobre a Terra”. (6) Diz Osíris, [31] ele que está em Tebas, Ankh-f-n-Khonsu, o Justificado: “Oh Único, (7) que brilhas como (ou na) Lua; Osíris Ankh-f-(8)n-Khonsu veio ao alto de entre estas tuas multidões. (9) Ele que ajunta esses que estão na Luz, o Mundo Inferior (duat) é (também) (10) aberto para ele: vê, Osíris Ankh-f-n-Khonsu vem (11) de dia para fazer tudo que ele deseja sobre a terra entre os viventes.

Nós agora retornamos ao “Livro de Resultados”.

19 de Março: 6. O ritual foi escrito e a invocação feita – pouco sucesso.

20 de março: 0. Revelou [32] que o Equinócio dos Deuses chegou, com Hórus assumindo o Trono do Oriente, e todos os rituais, etc. sendo ab-rogados.

(Para explicar isto, apendemos a este capítulo o Ritual do Equinócio da AD., que era celebrado na primavera e no outono, dentro de 48 horas após a entrada do Sol em Áries ou Libra. [33])

20 de março (cont.): Grande sucesso na invocação da meia-noite.

(O outro diz 10 da noite. “Meia-Noite” pode ser uma expressão descuidada, ou talvez marque o momento do clímax do ritual.)

20 de março (cont.): Devo formular um novo elo de uma Ordem com a Força Solar.

(Não fica claro o que aconteceu nesta invocação; mas é evidente, de outra anotação que certamente foi feita mais tarde, que o “grande sucesso” não significa “Samadhi”. Pois Perdurabo escreve: “Eu estabeleço como absoluta condição que eu devo atingir Samadhi, no próprio interesse do deus”. A memória dele concorda quanto a isto. Foi o Samadhi obtido em outubro de 1906 que o colocou novamente no caminho de obediência a esta revelação. Mas está claro que “grande sucesso” significa algo muito Importante. O céptico zombeteiro de 17 de março deve ter tido um choque antes de escrever estas palavras.)

Segunda-feira 21 de março: 1. O Sol entra em Áries.

Terça-feira 22 de março: 4. O dia de descanso, em que nada de magia deve ser feito. A quarta-feira deve ser o grande dia de invocação.

(Esta nota é devida à insistência de W., ou à própria imaginação dele racionalizando.)

23 de março: 2. O Segredo de Sabedoria.

(Omitimos o registro de uma longa e fútil adivinhação pelo Taro.)

Neste ponto podemos inserir o Ritual que teve tanto sucesso no dia 20 de março.

Invocação de Hórus de Acordo
Com a Divina Visão de W., a Vidente [34]

Para ser executado diante de uma janela aberta para o E. ou N., sem incenso. O quarto deve estar repleto de joias, mas apenas diamantes serão usados sobre o corpo. Uma espada, não consagrada, um fio de 44 pérolas para contar. De pé. Clara luz do sol ao meio-dia e meia. Tranque portas. Robes brancos. Pés nus. Grite muito. Sábado. Use o Sinal de Apófis e Tifão.

(O acima é a resposta de W. a várias perguntas feitas por Perdurabo)

Preliminar

Banir. Ritual Menor do Pentagrama Banindo. Ritual Menor do Hexagrama Banindo. Espada flamejante. Abrahadabra, Invoque. Como antes.

(Estas são as ideias de Perdurabo para o ritual. W. replicou: “Omita tudo isso”.)

Use o Sinal de Apófis e Tifão (Typhon).

Confissão

Sem estar preparado e sem Te invocar, eu Oϒ MH, Frater R.R. et A.C., aqui estou em Tua Presença – pois Tu estás em Toda Parte, oh Senhor Hórus! – para confessar humildemente diante de Ti minha negligência e meu desprezo por Ti.

Como me humilharei suficientemente diante de Ti? Tu és o poderoso e inconquistado Senhor do Universo: eu sou uma fagulha da Tua Radiância indizível.

Como me aproximarei de TI? Mas Tu estás em Toda Parte.

Mas Tu graciosamente Te dignaste chamar-me a Ti, a este Exorcismo de Arte, para que eu possa ser Teu Servo, Teu Adepto, oh Brilhante, oh Sol de Glória Tu me chamaste – então não correrei eu à Tua Presença?

De mãos sujas, portanto, eu venho a Ti, e lamento porque me afastei de Ti – mas tu sabes!

Sim, eu fiz mal!

Se um [35] te blasfemou, por que deveria eu Te abandonar? Mas Tu és o Vingador; tudo é Contigo.

Eu inclino meu pescoço ante Ti; e tal como uma vez Tua espada pousou sobre ele, [36] assim estou eu em Tuas mãos. Golpeia se Tu queres; poupa se Tu queres; mas aceita-me como sou.

Minha confiança está em Ti; estarei enganado? Este Ritual de Arte; esta Invocação Quarenta e Quatro Vezes; este Sacrifício de Sangue [37] – estes eu não compreendo.

É bastante que eu obedeça ao Teu decreto; se Teu Fiat proclamar minha miséria eterna, não seria minha alegria executar Tua Sentença sobre mim mesmo?

Por quê? Porque Tudo está em Ti e de Ti; é bastante se eu queimar na glória intolerável de Tua presença.

Chega! Eu me volto para Tua Promessa.

Duvidosas são as Palavras: Escuros são os Caminhos: mas em Tuas Palavras e Caminhos há Luz. Portanto, agora como sempre, eu entro na Trilha da Escuridão, se talvez assim eu puder alcançar a Luz.

Salve!

α I א

Soa, toca o mestre acorde!
Puxa, mostra a Espada em Flama!
Criança Rei, Vingador Lorde,
Hórus, ouve quem Te chama!

1. Oh Tu da Cabeça de Falcão!

Tu, Tu eu invoco! [38]

A. Tu, filho único de Osíris Teu Pai, e de Ísis Tua Mãe. Ele que foi morto; Ela que Te carregou em Seu útero fugindo do Terror da Água.

Tu, Tu eu invoco!

2. Oh Tu cujo Avental é de branco lampejante, mais níveo que a Testa da Manhã!

Tu, Tu eu invoco!

B. Oh Tu que formulaste Teu Pai e fertilizaste Tua Mãe!

Tu, Tu eu invoco!

3. Oh Tu cuja veste é de glória dourada com as barras azul celeste!

Tu, Tu eu invoco!

C. Tu, que vingaste o Horror da Morte; Tu, o matador de Tifão! Tu que levantaste Teus braços e os Dragões da Morte se foram como pó; Tu que levantaste Tua Cabeça, e o Crocodilo do Nilo se abateu diante de Ti!

Tu, Tu eu invoco!

4. Oh Tu cuja Nêmis cobre o Universo com noite, o Azul Impermeável!

Tu, Tu eu invoco!

D. Tu que viajas no Barco de Rá, governando o Leme do Barco Aftet e do barco Sektet!

Tu, Tu eu Invoco!

E. Tu em volta de cuja presença é derramada a escuridão de Luz Azul, a glória insondável do mais externo Éter, a inimaginável imensidade do Espaço. Tu que concentras todos os Trinta Éteres em uma escura esfera de Fogo!

Tu, Tu eu invoco!

6. Oh Tu que levas a Rasa e Cruz de Vida e Luz!

Tu, Tu eu invoco!

A Voz dos Cinco.

A Voz dos Seis.

Onze são as Vozes.

Abrahadabra!

β II ב

Toca, toca o mestre acorde!
Puxa, mostra a Espada em Flama!
Criança Rei, Vingador Lorde,
Hórus, ouve quem Te chama!

1. Pelo teu nome de Rá, eu Te invoco, Falcão do Sol, Tu glorioso!

2. Pelo teu nome Harmachis, mancebo da Manhã Brilhante, eu Te invoco!

3. Pelo teu nome Mau, eu Te invoco, Leão do Sol do Meio-Dia!

4. Pelo teu nome Tum, Falcão da Tarde, esplendor carmesim do Poente, eu Te invoco!

5. Por teu nome Khep-Ra eu Te invoco, oh Escaravelho da Mestria oculta da Meia-Noite!

A. Pelo teu nome Heru-pa-Kraat, Senhor do Silêncio, Linda Criança que estás de pé sobre os Dragões da Profundeza, eu Te invoco!

B. Por teu nome Apolo eu Te invoco, oh homem de Força e esplendor, oh poeta, oh pai!

C. Pelo teu nome de Febo, que diriges tua carruagem pelo Céu de Zeus, eu Te invoco!

D. Pelo teu nome de Odin eu Te invoco, oh guerreiro do Norte, oh Renome das Sagas!

E. Pelo teu nome de Jeheshua, oh rebento da Estrela Flamígera, eu Te invoco!

F. Pelo Teu próprio, Teu nome secreto Hoori, Tu eu invoco!

Os Nomes são Cinco.

Os Nomes são Seis.

São Onze os Nomes!

Abrahadabra!

Vê! Eu estou de pé no meio. Meu é o símbolo de Osíris; a Ti meus olhos se dirigem sempre. Ao esplendor de Geburah, à magnificência de Chesed, ao mistério de Daath, para lá eu levanto meus olhos. Isto busquei, e busquei a Unidade: ouve-me Tu!

γ III ג

Soa, toca o mestre acorde!
Puxa, mostra a Espada em Flama!
Criança Rei, Vingador Lorde,
Hórus, Teu criado chama!

1. Minha é a Cabeça do Homem, e minha visão é penetrante como a do Falcão.

Pela minha cabeça eu Te invoco!

A. Eu sou o filho único de meu Pai e de minha Mãe. Meu Pai está morto. Minha Mãe me deu à luz com o trabalho, a dor e o medo.

Por meu corpo eu Te invoco!

2. Em volta minha brilham os Diamantes de Radiância branca e pura.

Pelo brilho deles eu Te invoco!

B. Meu é o Triângulo Vermelho Invertido, o Signo dado de nenhum, salvo de Ti, oh Senhor! [39]

Pelo Lamen eu Te invoco!

3. Minha é a vestimenta branca bordada a ouro, o abbai lampejante que eu envergo.

Pelo meu robe eu Te invoco!

C. Meu é o sinal de Apófis e Tifão!

Pelo sinal eu Te invoco!

4. Meu é o turbante de branco e ouro, e meu é o vigor azul do ar íntimo!

Pela minha coroa Te invoco!

D. Meus dedos viajam nas Contas de Pérola; assim eu corro atrás de Ti em teu carro de glória.

Por meus dedos eu Te invoco! [40]

5. Levo a Baqueta de Duplo Poder na Voz do Mestre – Abrahadabra!

Pela palavra Te invoco!

E. Minhas são as ondas azul escuro de música na canção que fiz a tempo Te invocando –

Soa, toca o mestre acorde!

Puxa, mostra a Espada em Flama!

Criança Rei, Vingador Lorde,

Hórus, ouve quem Te chama!

Pela Canção eu Te invoco!

6. Em minha mão está a tua Espada da Vingança; golpeia a Tua ordem!

Pela Espada que eu Te invoco!

A Voz do Cinco.

A Voz do Seis.

Onze são as Vozes.

Abrahadabra!

δ IV d

Esta seção meramente repete a Seção 1 na primeira pessoa. Assim, começa:

1. “Minha é a Cabeça do Falcão! Abrahadabra!”

e termina:

6. “Eu levo a Rosa e Cruz de Vida e Luz! Abrahadabra!”

dando o Sinal a cada Abrahadabra. Permanecendo no Sinal, a invocação finda:

Portanto, digo a ti: Vem Tu e habita em mim, para que todo Espírito meu, quer do Firmamento, ou do Éter, ou da Terra ou sob a Terra; em terra firme ou na Água, de Ar Regirante ou de Fogo Corrente; e todo encanto e flagelo de Deus o Vasto possa ser Tu.

Abrahadabra!

A Adoração – impromptu.

Feche por banimento. [41]

* * * * *

O que quer que tenha ocorrido, durante o período de 23 de março a 8 de abril, é pelo menos certo que o trabalho foi continuado até certo ponto, que as inscrições da estela foram traduzidas para Frater Perdurabo, e que ele as parafraseou em verso. Pois nós o vemos usando ou preparado para usar as mesmas no texto de Liber Legis.

Talvez nessa época, talvez mais tarde, ele tenha escrito as “coincidências de nomes da Cabala”, às quais agora devemos dirigir a atenção do leitor.

O manuscrito é um mero esboço fragmentário.

Nomes-Coincidências da Cabala

ח é = 8 = o signo que nasci sob = T um signo de 0 é = חית é = 418 = Abrahadabra  = Ra-Hoor (רא הוור) é = Boleskine בולשכינ.

Também, 8 é o grande símbolo que adoro. [42]

Assim também é 0 (Zero).

0 = א no Livro de Thoth. [43]

א é = 111 com todos os seus grandes significados, 0 = 6.

Agora, 666 = Meu nome

= o número da Estela

= o número d’A Besta [44]

= o número do 0.

A Besta אחיהא é = 666 somando-se as letras em cheio. [45]

HRV-RA-HA. [הרו רא הא]

211 + 201 + 6 = 418.

(Este nome ocorre apenas em Liber Legis, e é um teste daquele Livro antes que da Estela.)

ANKH-F-NA-KHONSU-T = אנכה פ נ כהענשו ט é = 666. [46]

Bes-n-maut

ביש נא מאות [é = 810]

= 888

Ta-Nich

טא ניח [é = 78]             = x

א [e 8 × 111]

Nuteru

נתירו é = 666

 

Montu

מונטו é = 111

 

Aiwass

איואס é = 78, a influência ou mensageiro, ou o Livro de Thoth. [47]

Ta-Nich

טא ניח é = 78 [48]

 

Este tanto extraímos de volumes cheios de cálculos minuciosos, a maioria dos quais não é mais inteligível nem mesmo para Frater Perdurabo

A memória dele, no entanto, nos assegura que as coincidências foram muito mais numerosas e notáveis que aquelas que podemos reproduzir aqui; mas compreendemos que, afinal de contas, sua atitude é a de que “está tudo em Liber Legis”. “Sucesso é tua prova; não discutas; não convertas; não fales demais!”

E, de fato, no Comentário àquele Livro será encontrado o suficiente para o mais desconfiado examinador.

Agora, pode ser perguntado, quem era Aiwass? Este é o nome que W. deu a Perdurabo como do seu informante. Também, é o nome dado como aquele do revelador de Liber Legis. Mas quer Aiwass seja um ente espiritual ou um homem conhecido de Frater Perdurabo, é assunto de mera conjetura. Seu número é 78,[49] o número de Mezla, o Canal através do qual Macroprosopos Se revela ou derrama Sua influência sobre Microprosopos. [50]

Assim, nós vemos que Frater Perdurabo fala de Aiwass em certas ocasiões como de outro homem, porém mais avançado; em outras ocasiões como se fosse o nome do seu próprio superior na Hierarquia Espiritual. E para todas as nossas perguntas Frater Perdurabo tem uma resposta, quer apontando “a sutil distinção metafísica entre a curiosidade e o trabalho honesto”, ou dizendo que entre os Irmãos “nomes são apenas mentiras”, ou de alguma outra forma derrotando o propósito chão e simples do historiador.

O mesmo se aplica a todas as perguntas quanto a V.V.V.V.V.,[51] com esta diferença, que neste caso ele condescende em argumentar e instruir. Em certa ocasião ele disse ao presente escritor: [52]

“Se eu te disser que V.V.V.V.V. é um Sr. Smith que vive em Clapham, tu imediatamente sairás por aí anunciando a todo mundo que V.V.V.V.V. é um Sr. Smith de Clapham, o que não é verdade. V.V.V.V.V. é a Luz do Mundo mesma, o único Mediador entre Deus e o Homem; e no teu presente estado mental (aquele de um boçal) tu não podes perceber que as duas asserções podem ser idênticas para os Irmãos da A...A...! Não foi teu tataravô quem disse que nada de bom poderia sair de Nazaré? “Não é este o filho do carpinteiro? Não é a mãe dele chamada Maria? E seus irmãos, Jaime e José e Simão e Judas? E as irmãs dele, não estão todas elas conosco? De onde então tem este homem tudo isto? E eles se ofenderam com ele.”

Similarmente, com respeito à redação de Liber Legis, Frater Perdurabo diz apenas que não foi de forma alguma uma “escritura automática”; que ele ouviu clara e distintamente os acentos humanos, articulados, de um homem falando. Uma vez, na página 6, foi-lhe dito que editasse uma sentença; e uma vez, na página 19, W. põe uma sentença que ele não tinha conseguido ouvir.

A essa redação agora nos voltamos.

Deve ter sido no dia primeiro de abril que W. ordenou a Perdurabo (agora um tanto escabreado) que entrasse no “templo” exatamente às 12 horas do meio-dia em três dias sucessivos, e que escrevesse o que ouvisse, levantando-se da cadeira exatamente às treze horas.

Isto ele fez. No momento em que se sentou a Voz começou o seu Ditame, parando exatamente no fim da hora.

Estes são os três capítulos de Liber Legis, e nós não temos mais nada a acrescentar.

O título completo do livro é, como Perdurabo primeiro se decidiu a chamá-lo,

Liber L vel Legis

sub figura CCXX

qual dado por LXXVIII a DCLXVI

e esta é a Primeira e Maior dessas publicações em Classe A da A...A... das quais “não se deve alterar sequer o estilo de uma letra”.

Este foi o título original idealizado por 666 para aparecer na publicação de 1909. A “Chave de tudo”, e a verdadeira grafia de Aiwass, ainda não haviam sido descobertas.


[1] As notas para esse relato foram elaboradas em colaboração com o Capitão (mais tarde Major-General) J.F.C. Fuller. Todos os possíveis meios de verificação foram empregados.

[2] “O Templo de Salomão o Rei” fora concebido por Fuller apenas como um registro da consecução pessoal de Aleister Crowley.

[3] N.T.: Modernizamos essa passagem irônica, e a transferimos às condições locais brasileiras, de outra forma faria pouco sentido para o leitor médio. Em matéria de “revelação divina”, este editor não pode esquecer uma obra espírita que viu certa vez em uma livraria do Rio, intitulada A Vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo...

[4] N.T.: O leitor arguto notará que o paralelo que o parágrafo acima pretende estabelecer é desfeito pela crítica final a Lombroso. A explicação é que Fuller tencionara elogiar o professor; mas Aleister Crowley revisando o texto de Fuller para introdução no Equinox, mudou o sentido da frase, desta forma repreendendo, ao mesmo tempo, o discípulo. Naquela época, Lombroso, com sua teoria do “tipo criminal congênito”, estava tendo grande repercussão; mas hoje em dia a maior parte dos criminologistas considera a tese do professor como simples preconceito disfarçado de ciência. Aleister Crowley antecipou-se a esse juízo meio século.

[5] N.T.: No número anterior do Equinox, publicado seis meses antes.

[6] N.T.: A Câmara do Rei estava, então, como agora, aberta ao turismo; supomos que dinheiro passou de mão apenas para a visita noturna, que deve ser relativamente rara. Adicionamos esta nota para evitar que leitores de mentalidade romântica considerem que foi um “grande feito”, ou o produto de “palavras de passe com as antigas fraternidades”, efetuar tal cerimônia no “Egito Secreto” de jornalistas charlatães.

[7] N.T.: Note, no entanto, que só quando o sol raiou foi que ele percebeu que Léa não era Raquel. Grande Amante!...

[8] N.T.: Fuller se refere aos relatórios de Yoga de Frater Perdurabo durante seu treino no Ceilão, publicados no Equinox, vol. I, no 4. A presente narrativa foi publicada no no 7.

[9] Para um praticante de Yoga, “União” serviria.

[10] N.T.: Este era um hábito em que ele imitava Sir Richard Burton, por que tinha grande admiração.

[11] Dada em Liber Samekh.

[12] Thoth, o deus egípcio de Sabedoria e Magia.

[13] Hórus.

[14] Sol.

[15] Uma expressão em árabe, talvez ahira ou ahida. O contexto sugere um nome próprio.

[16] Provavelmente um disfarce.

[17] Idem nota 248.

[18] Veja Liber Samekh.

[19] Veja Equinox, vol. I, no 2, o Ritual do Neófito da A.D.

[20] N.T.: Aspirantes à A...A... farão bem em estudar este teste, e em aplicar o mesmo rigor à verificação de quaisquer “mensagens do invisível” que venham a receber. É notório que em círculos “ocultistas” ou “espiritualistas” qualquer menção de interrogar o “Mestre”, ou “Vitor Hugo”, ou “Humberto de Campos”, ou “Ramatís”, ou “Jesus Cristo”, ou “Ishmael”, ou até mesmo “o guia” por estes métodos provoca queixas de “falta de fé” ou de “desrespeito” por parte do “blasfemador” que ousa sugerir tal coisa!

[21] Podemos acrescentar que Frater Perdurabo crê, mas não tem certeza, que, além disto, ele a testou pelo alfabeto hebraico e pelos trunfos do Tarô, em cujo caso as chances contra ela devem ser multiplicadas ainda por 484, elevando-as acima de um bilhão!

N.T.: A telepatia explicaria todos os testes menos a ocorrência no Museu de Boulak, que é inexplicável por simples telepatia, ou até por clarividência. Mas telepatia em tal grau de perfeição é desconhecida mesmo em laboratórios de parapsicologia. Além do mais, por que haveria W. de ser clarividente e telepata somente nesta ocasião, nunca antes, e nunca depois? O leitor deve levar tudo isto em consideração, e aplicá-lo a sua própria experiência de fenômenos “ocultos”.

[22] Frater Perdurabo adotara 666 como o número de seu próprio nome (A Besta) muitos anos antes, em sua infância. (N.T.: a criança manifestara sua vivacidade em alguma arte, e a mãe fanática arrepelara os cabelos e lhe gritara: “Você é a Besta do Apocalipse!” Em sinal de protesto, ele adotara o nome.) Não pode ter havido conexão causal física aqui; e a coincidência, suficiente para explicar este fato isolado, perde o sentido diante do resto da evidência.

[23] N.T.: Este detalhe está errado; em sua mão direita, Ra-Hoor-Khuit na estela empunha o látego. Este está caído e é difícil de perceber; talvez por isso tenha escapado à atenção de Perdurabo durante essa descrição preliminar.

[24] N.T.: Uma mistura harmoniosa de amarelo, alaranjado e ouro.

[25] Perdurabo anota “talvez um Thoth”.

[26] N.T.: Transliterações de hieróglifos egípcios são, por muito favor, tentativas. Os hieróglifos eram hierogramas, não fonogramas. Daí a grande variedade de versões, cada egiptólogo preferindo a sua. Mas desde que o Livro da Lei foi ditado, podemos sem receio adotar a fonética sugerida pelo manuscrito quanto às palavras egípcias que aparecem no texto. Ra-Hoor-Khuit (Ra-Harakhti e Ra-Herakhti são formas comuns entre egiptólogos) significa “Sol dos Dois Horizontes”, ou “Sol que nunca morre”. É, consequentemente, um conceito completamente diverso do de Osíris, que é identificado com o Oeste, isto é, com o Reino dos Mortos, com a “Morte do Sol”. Isto sugere (desde que Ra-Hoor-Khuit era a divindade adorada pelos reis e príncipes, e seus ritos pertenciam aos Mistérios Maiores) que os Iniciados egípcios sabiam que a Terra gira em volta do Sol, e que consequentemente mesmo à meia-noite, isto é, na hora de máxima escuridão, o Sol está fulgindo.

[27] O nome do pai. O método de soletrar indica que ele era um estrangeiro. Não há pista quanto à vocalização.

[28] Diferente palavra, aparentemente sinônima, mas provavelmente não é.

[29] Uma tradução muito convencional e arbitrária da palavra original.

[30] Osíris, claro.

[31] N.T.: Isto é, o morto. A alma do morto, fosse homem ou mulher, era sempre chamada de Osíris. Veja O Livro dos Mortos. O significado místico era, claro, o de ressurreição da alma, identificada como o Deus. O paralelo com o cristianismo é perfeito. A teologia cristã foi uma tentativa deturpada de adaptar os Mistérios Menores do Egito à mentalidade europeia. Dizemos deturpada porque foi misturada com política pelos iniciados essênios, numa tentativa de fazer dos judeus os regentes religiosos do Ocidente. Deve ser observado que esta tentativa foi bem sucedida: o cristianismo se tornou um ramo, ou derivação, do judaísmo.

[32] Não podemos estar certos se esta revelação provém de W. ou é um resultado do ritual. Mas quase certamente vem de W., desde que precede a anotação “Grande Sucesso”.

[33] A analogia é entre a “nova fórmula” dada pela “Palavra” semestral na Ordem, e aquela dada cada dois mil anos (mais ou menos) pela Palavra de um Magus à humanidade inteira, ou a parte desta.

[34] O manuscrito deste Ritual exibe muitos indícios textuais de que foi escrito extremamente de improviso, e de que não foi revisado, salvo talvez por uma única leitura. Há erros de gramática e de grafia que são exceções em todos os manuscritos de Frater Perdurabo; o uso de maiúsculas é irregular, e a pontuação praticamente inexistente.

[35] Sem dúvida uma referência a S.R.M.D. [N.T.: um dos motos de S.L. Mathers], que era muito obcecado por Marte. Perdurabo viu Hórus primeiro como Geburah; mais tarde, como um aspecto de Tiphareth, incluindo Chesed e Geburah – o Triângulo Vermelho Invertido – uma ideia oposta a Osíris. [N.T.: Leitores que desejam assimilar o Método Telêmico devem procurar se abster de interpretar a expressão “ideia oposta” como “ideia hostil”. Os pares de opostos se equilibram mutuamente. Deles depende a harmonia do universo. Nenhuma ideia pode existir acima do “Abismo” que separa o Manas de Buddhi-Manas (Neschamah) a não ser que ela contenha sua contradição em si mesma. Os comentários de Al explicam isto circunstancialmente, mas é bom procurar absorver o conceito logo de entrada.]

[36] Veja-se a Cerimônia do Neófito da A.D., a Obrigação.

[37] Meramente, supomos, que 44 = DM, sangue. Possivelmente uma tigela de sangue foi usada. Perdurabo crê que foi, em algum dos rituais daquela época, mas não está certo de que o tenha sido neste.

[38] A cada “Tu eu invoco”, no ritual todo, dê o Sinal de Apófis.

[39] Este sinal fora previamente comunicado por W. Era inteiramente novo para Perdurabo.

[40] No sábado a fieira de pérolas rompeu-se; de forma que mudei a invocação para “Meus sigilos místicos viajam no Barco do Akasa, etc. Pelos encantamentos Te invoco!” – Perdurabo.

[41] Creio que isto foi omitido por ordem de W. – Perdurabo.

[42] Isto pode ser por causa de sua semelhança com ∞ ou por causa de suas (velhas, G.D.) atribuições à Daath, Perdurabo sendo então um racionalista; ou por alguma outra razão.

[43] O Tarô.

[44] Veja-se Apocalipse.

[45] א é = 111, ח é = 418, י é = 20, ה é = 6, א é = 111. A grafia usual é חיוא.

N.T.: Em cheio, isto é, cada letra sendo igualada à soma das letras que escrevem o nome em hebraico daquela letra. Por exemplo, א é = 1, mas também, ALP (Aleph por extenso em hebraico) = אלפ é = 111.

[46] Confiamos em que a adição da terminação T será considerada justificada.

[47] PS: Note este erro! – Ed.

[48] Alternativamente, ש em vez de ח dá 370, עש, Criação.

[49] Mas veja os miraculosos acontecimentos relacionados com “A Renascença da Magia”, em que ele é mostrado como 93.

[50] Isto é, é o mensageiro de Deus ao Homem.

[51] O motto de Frater Perdurabo como Magister Templi 8° = 3. Ele o usou em sua função de dar os “Livros Oficiais da A...A... ao mundo no Equinox.

[52] J.F.C. Fuller.


Traduzido por Marcelo Ramos Motta

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