A Escada

Este artigo é um capítulo de O Templo do Rei Salomão

Um poema descrevendo o caminho do Pilar do Meio.

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Leia em 10 min.

A Escada

“Subirei e irei até meu Pai”

Malkuth

Escuro, escuro, tudo escuro! Eu me recolho, eu me abaixo de medo.
Acima de mim só há um tom de cidra
Como se fosse um eco do vermelho, do dourado e do azul
Harmonizados na noite e deixando sua sombra passar.
Mesmo assim, eu que estou desta forma aprisionado e exilado
Sou por direito o herdeiro da glória, a criança coroada.

Eu combino meu poder com o de meu Destino,
Eu cingi-me para atingir os deveres ultimais,
Eu me armo a guerra para vencer: –  
Levantai as vossas cabeças, ó portões poderosos!
Erguei-vos, ó portais eternos!
O Rei da Glória entrará.

Tau

Eu passo do citrino: de índigo escuro
É essa alta coluna. Cobras e abutres inclinam
Seu ódio oculto sobre aquele que subiria.
Ó, que os Quatro me ajudem! Desgraça eterna,
Medo e tortura se amontoam no limiar. Vê! O fim
Da matéria! a imensidão das coisas
Desencadeia – novas leis, novos seres, novas condições; -
Horrendo caos; veja! estas recém-desenvolvidas asas
Falham em sua incerteza e inanição.
Só meu círculo me salva do ódio
De todos estes monstros mortos, ainda que animados.

Eu combino meu poder com o de meu Destino,
Eu cingi-me para atingir os deveres ultimais,
Eu me armo a guerra para vencer: –
Levantai as vossas cabeças, ó portões poderosos!
Erguei-vos, ó portais eternos!
O Rei da Glória entrará.

Yesod

Salve, tu lua cheia, ó chama de Ametista!
Estupenda montanha em cujos ombros repousam
Os Oito Acima. Mais estável é meu cume
Do que o teu – e agora eu te perfuro, véu de névoa!
Assim como uma flecha de arco de guerra lança,
Eu salto – minha vida é definida com coisas mais elevadas.

Eu combino meu poder com o de meu Destino,
Eu cingi-me para atingir os deveres ultimais,
Eu me armo a guerra para vencer: –
Levantai as vossas cabeças, ó portões poderosos!
Erguei-vos, ó portais eternos!
O Rei da Glória entrará.

Samech (e a travessia do Caminho de Pé)

Agora rápida, tu flecha azul de fogo esmorecido,
Perfure o arco-íris! Rápida, ó, rápida! como atravessa
Pelo mundo! Que Sandalfon e seu coro
De Anjos me protejam!

Ó! que planeta irradia
Este raio raivoso? Tuas espadas, teus escudos, tuas lanças!
Tuas carruagens e teus cavaleiros, Senhor! Esferas chovidas
De meteoros guerreiam e queimam; mas eu sou eu,
O próprio Hórus, a torrente do céu
Em chamas – eu varro os mares tempestuosos do ar
Em direção a esse grande globo que paira dourado e justo.

Eu combino meu poder com o de meu Destino,
Eu cingi-me para atingir os deveres ultimais,
Eu me armo a guerra para vencer: –
Levantai as vossas cabeças, ó portões poderosos!
Erguei-vos, ó portais eternos!
O Rei da Glória entrará.

Tiphereth

Salve, salve, tu sol da harmonia,
Da beleza e do êxtase!
Tu irradias brilhante e destemido!
Tu, rosa rubi, tu, cruz de ouro!
Salve, centro do plano cósmico!
Salve, imagem mística do Homem!
Eu dou o sinal de Asar assassinado.
Eu dou o sinal de Asi imponente.
Eu dou o sinal de Apep, a estrela
Da Destruição negra que tudo devora.
Eu dou o teu sinal, Asar ressurreto: -
Rebenta, ó meu espírito, de tua prisão!

Eu combino meu poder com o de meu Destino,
Eu cingi-me para atingir os deveres ultimais,
Eu me armo a guerra para vencer: -
Levantai as vossas cabeças, ó portões poderosos!
Erguei-vos, ó portais eternos!
O Rei da Glória entrará.

Gimel (com a travessia do Caminho de Teth)

Salve, Meia-Noite virgem, Lua brilhante Dela
Que é o pensamento e o ministro de Deus!
Pura neve, céu azul, imaculada
Hécate, no Teu livro do Destino
Leias meu nome, a alma ascendente
Que busca a meta suprema e sem sol!

E tu, grande Sekhet, o rugido! Levante,
Enfrente o leão no caminho!
Teus olhos calmos e indomáveis
Levante de uma vez, e olhe, e fure, e mate!

Passei. Salve, Hécate! Não-trilhada é
Tua subida íngreme para Deus, para Deus!
Vê, que inominada, inominável
Esfera paira acima do inescrutável?
Não há virtude em teu beijo
Para afrontar aquele abismo negro e desalmado.

Eu combino meu poder com o de meu Destino,
Eu cingi-me para atingir os deveres ultimais,
Eu me armo a guerra para vencer: –
Levantai as vossas cabeças, ó portões poderosos!
Erguei-vos, ó portais eternos!
O Rei da Glória entrará.

Daath

Eu estou louco, Minha razão tomba;
A torre do meu ser desmorona.
Aqui tudo é dúvida, angústia, desespero:
Não há poder na força ou na oração.
Se eu passar, é pelo poder
Do momentum de meu voo.

Eu combino meu poder com o de meu Destino,
Eu cingi-me para atingir os deveres ultimais,
Eu me armo a guerra para vencer: –
Levantai as vossas cabeças, ó portões poderosos!
Erguei-vos, ó portais eternos!
O Rei da Glória entrará.

Gimel (e da travessia de Daleth)

Livre dessa maldição, solto dessa prisão;
De toda esta ruína eu levantei!
Ainda pura, a lua virgem seduz
Minha passagem azul com seus sorrisos.

Agora! Ó, que amor o divino redime
Minha morte, e a banha em seus raios de luz!
Que consagração transubstancia
A minha carne e sangue, e encarna
O Pã quintessencial? Que terra
Se estende para além desta porta secreta?
Salve! Ó, tu estrela sétupla de verde,
Tu, glória quádrupla – todo este sofrimento
Apanhado em êxtase – uma benção
Para me passar cantando através da lua!

Não! Eu não sabia que glória resplandecia
Ouro da felicidade ofegante e além:
Mas isso eu sei, que eu me vou
Para o coração do grande diamante de Deus!

Eu combino meu poder com o de meu Destino,
Eu cingi-me para atingir os deveres ultimais,
Eu me armo a guerra para vencer: –
Levantai as vossas cabeças, ó portões poderosos!
Erguei-vos, ó portais eternos!
O Rei da Glória entrará.

Kether

Estou do outro lado do abismo de fogo;
Ouvi que eu sou o que sou!

O Retorno

Vê! Eu vesti a minha luz terrível
Naquele corpo nascido da noite.
Que sua mente esteja aberta para o superior!
Que seu coração seja lúcido e luminoso!
O Templo de seu próprio desejo
O Templo da Rosa Cruz!
Conforme Hórus acelera a chama, Harpócrates
A recebe, e põe a alma a descansar.
Eu que era Um sou Um, toda a luz
Equilibrada dentro de mim, justiça ordenada,
Tal como sempre foi para o iniciado do saber,
É agora, e sempre será. Amém

[ Nota de Frater S.R.: o texto acima foi tirado do The Winged Beetle, de 1910. No The Equinox I(3), no The Temple of Solomon the King, temos uma versão mais completa, que prossegue assim (os refrões foram repetidos por completo): ]

A Subida à Daath

Vinde a Mim, vós, Senhores Divinos das Forças da Inteligência: Cuja Morada é no Lugar do Encontro das Águas.
Vinde a Mim, vós, em quem os Segredos da Verdade têm a sua Morada.
Vinde a mim, ó Tzaphqial, Aralim, Qashial, pela branca Estrela Tríplice, e em nome de IHVH ELOHIM.
Fazei com que os Caminhos da Ira sejam abertos para mim; para que eu possa avançar sobre a Árvore da Vida até ao Lugar do Rio.

Eu estou sobre o Quadrante Norte do Universo de Matéria, e em torno de mim brilha a Chama Avermelhada da Terra.
Diante de mim está o Portal do Caminho do Espírito da Chama Primal: Dali brilha a Glória Vermelha para o Mundo de Assiah.

Levantai as vossas Cabeças, ó Portões!
E erguei-vos, vós Portas Eternas!
E o Rei da Glória entrará.

Eu saí dos Portões da Matéria:
Eu avanço sobre o Caminho da Chama Primal:
E ao meu redor a Glória do Fogo é estabelecida.
Imenso diante de mim, ao longe, avultua-se o Portal da Glória. Eu vim aos Portões da Glória de Deus:
Eu grito para eles em Nome de Elohim Tzebaoth.

Levantai as vossas Cabeças, ó Portões!
E erguei-vos, vós Portas Eternas!
E o Rei da Glória entrará.

Atrás de mim está o Portal do Fogo Primal:
Atrás de mim está o Caminho Dourado do Sol:
À minha direita está a Luz Vermelha de Marte:
E diante de mim está o Portal das Águas do Mar Primal.

No Vasto nome de AL, o que Tudo Persevera
Deixa-me passar pelo portão das Águas do Mar Primal.

Levantai as vossas Cabeças, ó Portões!
E erguei-vos, vós Portas Eternas!
E o Rei da Glória entrará.

Eu saí dos Portões da Glória;
Ao meu redor estão quebrando as águas do Mar Primal: Meu caminho é nas Águas Profundas,
E os meus passos estão no Desconhecido.

Grandioso diante de mim está o Portal de Geburah:
Atrás dele está brilhando o Fogo da Ira de Deus: Eu grito para Ti em nome de Elohim Gibor: Abra para mim, Portal do Poderoso Deus!

Levantai as vossas Cabeças, ó Portões!
E erguei-vos, vós Portas Eternas!
E o Rei da Glória entrará.

Eu saí do Caminho das Águas:
Eu estou no Mundo do Poder de Deus:
Eu viro meu rosto para a Direita, e o Portão do Leão está em minha frente —
Portão do Caminho do Leão, no Signo do Leão tu abres diante de mim.

Levantai as vossas Cabeças, ó Portões!
E erguei-vos, vós Portas Eternas!
E o Rei da Glória entrará.

Eu avanço sobre o Caminho do Líder do Leão,
Pelo Poder da Filha da Espada Flamejante. Ao meu redor os Leões estão rugindo por sua presa;
Mas eu sou Sekhet, de Olhos Flamejantes.
Meu rosto está virado para a esquerda,
E a Sacerdotisa da Estrela de Prata é meu guia.
Agora eu saí sobre o Caminho do Leão,
E o meu pensamento no Lugar do encontro das Águas. Eu sou o Estabelecido em Daäth!
Em mim está o Conhecimento do Bem e do Mal!
Em mim está o Conhecimento da Luz Suprema!
E meu rosto está voltado para baixo, à Malkuth.


Assim como todos os demais métodos, estes da Viagem na Visão do Espírito e da Ascenção nos Planos só devem ser julgados por seu sucesso. É impossível estabelecer uma tarefa única para cada indivíduo; um pode se adequar a uma, outro a outra; no entanto deve ser salientado aqui que, apesar destes dois métodos, ou melhor, duas fases de um método, serem na maioria dos casos frutíferos em resultado, geralmente só são um passo pequeno para a frente, e muito raramente a iluminação suprema segue. No entanto, como aperitivos eles são excelentes, o aluno obtendo pelo menos aquela fome pelo Além, aquele apetite pelo Inalcançável, que irá conduzi-lo através de muitos humores sombrios, de muitos sussurros sobre a impossibilidade de sua tarefa. Mesmo assim é quase certo que eles podem realizar mais do que isso: para uns poucos destrancaram o Portal, para muitos a Poterna; mas em todos os casos é melhor que o estudante fique sob a orientação de alguém que realmente viajou, e não confiar em suas próprias intuições em uma terra desconhecida, pois, se ele fizer isso, é quase certo que ele será desviado, e que a Obsessão poderá tomar o lugar da Iluminação, e o fracasso o do sucesso.

Entre os graus de 4°=7° e 5°=6°, sete meses devem se passar, e durante este tempo encontramos P. ocupado viajando pelas ilhas britânicas em busca de uma casa adequada para executar a Operação de Abramelin o Mago, que desde o outono anterior, havia prendido a sua atenção o tempo todo. No mês de maio, ele encontrou D.D.C.F. 7°=4°, chefe oficial da Ordem da Golden Dawn. Mas ele ainda estava determinado a realizar a Operação de Abramelin, e viajou por todo o país empenhado em descobrir uma habitação adequada para o Retiro necessário. Então aconteceu que em outubro daquele ano o encontramos estabelecido em um distrito remoto e desolado, um caos tombado de lago e montanha, em uma antiga casa de campo, tomando todas as providências necessárias para esta grande operação na Magia Cerimonial.


Traduzido por Alan Willms

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