XVIII – Progresso na Ordem

Este artigo é um capítulo de Os Pergaminhos Voadores

Sobre as dificuldades e as ordálias no caminho iniciático.

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Pergaminho Voador Nº XVIII
Progresso na Ordem

pela M.H. Sor. F.e.R. (Annie Horniman)

Algumas palavras sobre o desejo natural de progredir em nossa Ordem podem interessar a alguns daqueles que acabaram de se juntar a nós e também a aqueles cujos esforços parecem levar a pouco ou nenhum resultado.

É claro que a experiência de cada um é única e assim deve ser; ninguém poderia ter sido conduzido para o caminho do estudo oculto sério sem uma certa determinação de caráter, e na maioria dos casos a necessidade de superar a oposição no início é um teste em si, o que mostra a individualidade e a fixidez de propósito. Naturalmente, quando foi convidado a participar e foi-lhe dito que é considerado apto, o Candidato sente fortemente que ele deve ser uma pessoa muito marcante para ser escolhida. Esse foi o primeiro estágio comigo, e isso durou até que eu fosse realmente admitida na Ordem quase dois anos depois. É claro que alguns dons espirituais são necessários para fazer progresso verdadeiro, mas é muito difícil julgar qual pessoa os tem ou até mesmo dizer o nosso próprio poder até que o tempo e o treinamento tenham desenvolvido as tendências ocultas em nossas naturezas mais íntimas. Em primeiro lugar, é provável que o Neófito exagerará cada pequeno incidente astral que acontece e a única maneira de lutar contra essa tentação é forçar a mente a um estudo sério, de modo a ganhar força; e pelo poder que virá gradualmente ao estudante merecedor, aprender a distinguir o falso do real, o Astral do Espiritual.

Os arredores hostis ao espiritual em que a maioria de nós somos obrigados a viver as nossas vidas têm os seus usos; aprendemos a concentrar as nossas mentes no meio das distrações que são o maior perigo para o nosso progresso, quando não estão em oposição ativa a ele.

Nas primeiras semanas o sigilo imposto sobre nós pelo nosso Juramento é uma novidade, mas quando o Conhecimento na primeira lição é aprendido e considerado informação facilmente obtida a partir de outras fontes, um sentimento de questionamento surge quanto à necessidade de tanta confusão sobre rótulos de manuscritos, motes a serem usados em vez de nomes, etc., etc. No entanto, se olharmos um pouco mais de perto, parecerá somente razoável; precisamos ser treinados para sermos silenciosos e perfeitamente discretos, de modo que o sigilo não seja nenhum esforço para nós, quando depois de muito trabalho e muitas lutas nos é gradualmente confiado conhecimento oculto pertencente aos Graus mais elevados de nossa Ordem.

Alguns dos obstáculos que mantém os Fratres e Sorores nos Graus mais baixos são bastante triviais em si e podem ser facilmente superados por um esforço de Vontade; mas eles não percebem que a culpa está em si mesmos e jogam o fato de sua paralisia sobre muitas outras causas. Se a nossa Ordem for qualquer coisa mais profunda e superior do que um mero clube para a disseminação do conhecimento arqueológico e literário, os obstáculos a serem superados devem ser mais sutis do que aqueles que se colocam entre nós e o sucesso nos objetivos comuns da vida.

Atos que eram trivialidades sem sentido antes, são assuntos sérios para um Frater ou Soror que está realmente se esforçando para ascender o mais alto possível durante esta vida. Hábitos de indecisão e capricho nas questões menores de conduta têm uma grande força acumulada e enfraquecem a vontade e nos deixam abertos às influências astrais que devem ser conquistadas tão completamente quanto a nossa força atual nos permite. Um forte sentimento de aversão pelo estudo em horários convenientes, uma vez que se dê lugar, cresce em indolência, e então quando cada palestra sucessiva é tida como sendo mais difícil, o pensamento de que talvez afinal não vale a pena se insinua e, gradualmente, o estudante perde o interesse e o estudo oculto se torna entediante para ele. Pelo contrário, a grande oposição e dificuldade nos impele nisso como em qualquer outro curso, e quando as oportunidades de estudo têm que ser criadas, raramente são negligenciadas. Não aceite as desculpas que você se sente inclinado a dar para si mesmo – de que você tem que viver sozinho entre pessoas que são meros obstáculos, que ninguém tem interesse especial em seu progresso, ou que você terá mais tempo em breve.

Nenhum de nós tem tempo a perder, a juventude e a força não duram muito tempo para nós, e as atuais oportunidades podem nunca mais surgir novamente. Trabalho feito para agradar ou ganhar aprovação de outro não é o que queremos, mas sim aquele verdadeiro entusiasmo que supera as dificuldades e cresce mais forte por causa delas. Naturalmente, os membros de Graus mais altos têm um interesse pessoal naqueles com quem eles estão ligados por laços sociais, mas às vezes isso é uma fonte de decepção. Cada um deve se esforçar para subir por si mesmo, para si mesmo, nenhuma ajuda pode remover as reais dificuldades, pois elas são os testes que devem ser superados, e pelos quais a nossa aptidão espiritual para Coisas Superiores é demonstrada. Ambientes hostis são um obstáculo, porque eles parecem dispersar a força, mas é realmente tão difícil de trabalhar quando infelizes após o exercício de funções pesadas quanto superar as influências muito mais insinuantes que entram em jogo quando tudo parece suave diante de nós? Às vezes, nos arredores dolorosos, há outros que lutam também pela luz que nós mesmos estamos almejando atingir; nós ainda não somos capazes de ajudar exceto pela simpatia e pela bondade; mas quando chega a hora, então podemos estender uma mão amiga com um completo entendimento da necessidade de assistência.

Para aqueles que fizeram algum pouco progresso a verdadeira prosperidade de nossa Ordem é muito querida, e olhamos para trás com verdadeira gratidão para aqueles que nos ajudaram até que nos consideraram aptos, e então nos trouxeram ao que se tornou uma parte grande e importante de nossas vidas. Em alguns casos, foi um amigo íntimo, em outros um relativo estranho, cuja familiaridade no início parecia ser de muito pouca importância.

Claro, muitas vezes somos decepcionados; quando iniciantes nós mesmos éramos os mais ansiosos que aqueles queridos por nós entrassem também, mas conforme o tempo passa, vemos como são raras as qualidades necessárias e descobrimos que devemos ter muita paciência e esperança em relação aos nossos amigos, que ainda não querem simpatizar com os nossos objetivos Herméticos.

Aqueles que esperam ganho mundano ou social para si mesmos através desta Ordem se decepcionarão, embora nenhum de nós que fizemos sacrifícios por ela em um espírito justo estejamos decepcionados com o resultado.

Para algumas naturezas as cerimônias são repulsivas, para outras são muito atraentes. Elas fazem parte da disciplina necessária que insiste sobre todos nós sermos tratados como exatamente iguais, o que parece arbitrário para algumas mentes, mesmo que sem isso, podemos ser treinados para entender as causas que estão por trás dos acontecimentos comuns da vida e formar os nossos caráteres para o bem ou para o mal.

Nós todos devemos ter coragem e encarar as nossas dificuldades, nem ampliando-as e nem evitando-as; e descobriremos que em muitos casos a auto-negação, um pequeno esforço da Vontade, ou até mesmo um pouco de prudência comum acabarão com elas completamente. Nada impossível nunca será pedido de qualquer um de vocês, mas o que será possível a cada um de vocês está no Futuro, ninguém pode dizer exatamente o quê. Com o conhecimento virá a força, e depois seguirá a experiência e o poder e o desejo de usar esse Conhecimento corretamente.

É um processo gradual, e muitas vezes doloroso de experimentar, mas vale bem a pena as dores a serem suportadas e as dificuldades a serem superadas pelo estudante sério.


Traduzido por Alan Willms

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