Magia e Misticismo; Fundamentos de Cabala; Thelema

Este artigo é um capítulo de Lições Sobre o Ocultismo

Primeira parte do seminário, onde o palestrante dá uma introdução à Magia e ao Misticismo explicando a diferença entre os termos e os pontos de vista da escola do Ocidente e do Oriente. Dá uma introdução à importância de Thelema no Caminho. Explica porque e como manter um Diário Mágico.

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Capítulo I

Magia e Misticismo
Fundamentos de Cabala
Thelema

Quero agradecer a todos por terem vindo em tão grande número, especialmente os mais jovens que viajaram todo esse caminho, e por ocupar o seu tempo com suas necessidades espirituais.

Agora eu só gostaria de deixar claro que este seminário foi concebido para pessoas com alguma experiência prévia em ocultismo, e não é destinado a principiantes, apesar de que isso não significa que não abordaremos algumas questões que dizem respeito aos iniciantes. Eu não quero desperdiçar um monte de tempo conhecendo vocês, porque o seminário em si já é complicado demais. Vou dar apenas um breve resumo dele, a fim de compreendermos melhor todo o assunto que está diante de nós. Nos próximos dois dias abordaremos brevemente todas as teorias e práticas Orientais e Ocidentais encontradas em nosso trabalho e, mais importante, devemos decidir o que nos beneficia e descartar o resto. A maior arte é a de distinguir o que é importante do que não é. Considerem isso.

A Magia e o Misticismo são como o lado esquerdo e direito do seu corpo. Você não consegue ter os dois lados desenvolvidos igualmente. Um é sempre mais ativo do que o outro. Então, para uns a melhor opção é a Magia, para outros, o Misticismo. Então vamos primeiramente diferenciar o que é Magia do que é Misticismo.

Basicamente se tem a definição de que Magia é a mudança de acordo com a natureza da Verdadeira Vontade. Mas ninguém diz da Vontade de quem. O Misticismo é mais flexível em relação a isso. A relação entre o Misticismo e a Magia talvez seja melhor demonstrada como a relação do nosso destino inevitável externo e do nosso livre arbítrio interno. Considerem esse pensamento.

Vamos nos concentrar na Magia. A maioria do que sabemos sobre Magia geralmente está relacionado à Thelema. Basicamente, a maioria dos aspirantes de hoje identificam a Magia com as obras de Aleister Crowley. É verdade que graças a ele temos um forte sistema que nós chamamos de Magick, mas é muito importante saber que Crowley foi o resultado de tradições anteriores que deixaram uma impressão sobre ele, assim como ele deixou sobre nós. Na verdade, Magia e Misticismo são apenas duas faixas em uma rua de mão única. Ambas levam ao mesmo objetivo. E esse é a Iluminação. A Magia é baseada na premissa de que a Vontade do indivíduo provocará mudanças dentro da fonte, e, portanto, fará a projeção externa dos resultados. O Misticismo nos diz que a Vontade é a consequência externa do resultado em si, e isso traz o foco para as forças externas que se refletem em nós.

Você pode subir à casa do Senhor, mas também você pode tornar a sua casa divina, se você receber o Senhor dentro dela. Esta é uma das divisões mais abruptas de nossa Arte e Ciência; a divisão entre Misticismo e Magia. Tome nota de que a própria palavra Absoluto não implica um curso. Apenas uma direção. E isso não é a mesma coisa.

Alan, por favor, nos desenhe a Árvore da Vida.

(Depois de alguns segundos). É o bastante, obrigado. Esta é uma explicação perfeita de como a mente ocidental observa a Realidade. Eu disse que existem duas faixas ou cursos. Um de baixo, um de cima. Nossa mente ocidental está acostumada a olhar para as coisas de baixo. Portanto, o método dos aspirantes da Magia é frequentemente o método do estresse e do esforço, em oposição ao Misticismo, que é um método de entrega e abertura. Em outras palavras, o místico começou a desenhar a Árvore da Vida a partir de Malkuth, e não de Kether, como o Alan fez.

Estes dois caminhos cruciais são chamados de A Espada Flamejante e a Ascensão da Serpente. A Cabala, como o corpo principal do ponto de vista ocidental, começa a partir do topo; o seu caminho é o caminho da descida do Espírito sobre o mundo material. A senda do Misticismo, por outro lado, é o caminho de escalar a montanha de Abiegnus. Ambos os métodos definem a mesma realidade, mas não constituem o mesmo ponto de vista.

Vocês compreendem a essência desses dois pontos de vista diametralmente opostos?

É isso. Estas são as duas únicas Iluminações. Pense em como o Serpente se enrola em volta do caminho, enquanto o Relâmpago envolve as Sephiroth.

E existe um problema. As 10 Sephiroth não correspondem perfeitamente aos 7 Chakras. É assim que podemos ajustar a nossa visão da ascensão da Serpente. Como vocês podem ver, existem 22 Caminhos que não se encaixam perfeitamente no trabalho com Chakras. Embora tenhamos pequenos canais, como os Nāḍis, que possam ter alguma relação com isso, essa observação está longe de mostrar similaridades com os Caminhos da Árvore da Vida.

Alguém poderia me dizer o que é Caminho, e o que é Sephirah?

Resposta: Um é estático, o outro é dinâmico.

Então qual é estático e qual é dinâmico?

Resposta: O Caminho é dinâmico, a Sephirah é estática.

Pensem nisso agora, se vocês observarem a Sephirah Tiphareth como o Sol, por um lado, e o Caminho do Sol na Árvore da Vida, por outro; então qual é dinâmico, e qual é estático?

Resposta: O Caminho é ativo.

Talvez. O maior problema que temos com o Misticismo hoje, e o motivo da maioria das discussões, é que seu sistema está incorporado dentro da concepção oriental de vida, e no conceito de crescimento. Foi determinado desse jeito em tempos anteriores. Em contraste, os ocidentais não têm relação com os sistemas que seguimos, nós arbitrariamente os modificamos e adaptamos durante o nosso progresso, e geralmente mais tarde na nossa vida, começamos a obter o conhecimento de realidades mais elevadas. Infelizmente, deixamos o conhecer a si mesmo em último lugar. Só mudamos a nossa realidade quando já somos adultos, e quando todos nós já estamos sendo mudados. O verdadeiro místico nem sequer teve a chance de crescer, e seu sistema já está enraizado em sua mente desde o início. Eu não sei dizer qual é melhor. Talvez seja melhor saber qual é o pior. Pensem nisso.

Portanto, a Magia requer mais Caminhos e Sephiroth. Porque nós não buscamos apenas uma verdade, estamos destruindo as outras que já estão estabelecidas em nós. Os caminhos nos possibilitam uma maneira muito confortável e natural de mudar as coisas. A abordagem gradual é uma de suas características distintivas. As mudanças causadas pelo Misticismo muitas vezes são súbitas, porém dramáticas. Em alguns aspectos, essa é uma comparação pitoresca com o Sōtō e o zen Rinzai. Como Despertar Lento e Rápido. Ou, poderíamos dizer como Suave e Dramático. Basta mencionar que ambos os sistemas têm o mesmo céu e ápice como o objetivo único.

Assim como a Força desce, a nossa mente ocidental também precisa de detalhes, que o nosso Ruach explique as analogias existentes, e quando elas não existem, ele até mesmo cria novas. Onde está Thelema nisso? O que é Thelema? Onde está Thelema nesse diagrama da Árvore da Vida? Nós temos o caminho da Magia, e o caminho do Misticismo. Alguém poderia nos dizer onde está Thelema nisso tudo?

Temos tudo bem definido, mas quando se trata de Thelema, parece que a nossa mente se retorce, como se ela fosse mercúrio, e não ouro. Com todo o barulho que fizemos, não pudemos ouvir a voz de Thelema. A partir daqui, o trabalho torna-se mais difícil. Aqui você tem que seguir a trilha tanto com seus próprios narizes quanto com o dos outros.

Thelema não é apresentada graficamente em nossa imagem. Por quê? Porque se vermos Magia e Misticismo como nomes da Realidade, Thelema é o seu apelido. E, como muitos de vocês que são oficialmente conhecidos pelo nome, vocês se viram na rua se alguém grita seu apelido. Pensem nisso, seu apelido não está escrito em qualquer um dos seus documentos oficiais, mas, novamente, você o usa com mais frequência. Tem o ano de seu nascimento, vários códigos, nomes de instituições onde nasceu e estudou, mas novamente, todo mundo lhe conhece pelo seu apelido. Considerem o ponto que quero mostrar.

Em suma, vamos olhar para o Oriente. O Rāja Yoga real também tem a presença e o conceito de Thelema. Mas não é reservado para iniciantes. Embora sob o antigo sistema Yama e Niyama sejam introduzidos antes dos Āsanas, eu preferiria dar-lhes em paralelo ou após o Āsana e Prāṇāyāma. Há várias razões para isso, e vamos ter a oportunidade de discutir isso mais tarde. Após a prática de Āsana e Prāṇāyāma vem o treinamento de nossos moral e ética. Ou antes, depende da maneira que você prefere.

Em relação a isso, no entanto, a Magia primeiro define Thelema. Thelema é um requisito para boa Magia, e não o contrário. Eu acho que para a maioria de nós, a Magia é uma coisa mais prática. Claro, há exceções. Por exemplo, eu sou uma das exceções. Na verdade o meu trabalho com Magia começou com o Yoga e a filosofia do Budismo.

Este é apenas um prelúdio para o que nos espera, porque vamos usar tanto a Magia quanto o Misticismo, e remontaremos ambos a partir de suas partes estruturais. Talvez o mais importante agora seja a necessidade de manter o seu Diário. Por que eu disse isso?

O Diário de fato é, na Magia, o seu Superior interior, como talvez é o seu Guru no Misticismo. Portanto eu quero que vocês considerem o modo pelo qual vocês podem e devem manter um Diário. Em primeiro lugar, e o mais importante, é anotar nele não só a sua prática, mas às vezes coisas totalmente irrelevantes que você sentiu que podem ser importantes no futuro. Embora isso não tenha nada a ver com a sua prática imediata ou com a sua vida espiritual, no momento você não está em posição para estimar o que é importante e o que não é. Vocês são guardas, não generais. Com o seu único fracasso todo o exército pode ser derrotado.

Eu aconselho a todos os meus alunos que a sua primeira prática deve ser a prática de manter um diário. Primeiro eles aprendem a registrar corretamente o que acham que é importante. Antes de chegar ao ouro, eles primeiro precisam aprender a desenhar e interpretar o seu próprio mapa do tesouro. Se você manter um diário por 10 anos, você pode achar a sua própria letra ilegível; você pode perceber que escreveu sobre algo que, em geral, não é mais importante hoje em dia. Mas você precisa dessas coisas do passado para perceber no tempo presente. Há duas coisas que eu quero que vocês considerem. Primeiro é experimentar e brincar com a maneira como vocês inserem as informações no diário. Por exemplo, escrevam tudo na terceira pessoa do singular. Quando vocês escrevem, tentem escrever sobre outra pessoa, assim como você escreveria uma biografia. Então escrevam-no na segunda pessoa do singular. Escreva para Ele, em vez de Você. Este é um exercício brilhante e um grande exemplo que pode evoluir para uma meditação profunda. A outra coisa para a qual chamo a vossa atenção, é dar-lhes um exemplo de formato de diário, que é mais ou menos universal para todas as suas práticas. Podemos ter 20 tópicos:

1º tipo de trabalho
2º o objetivo 
3º tempo de operação
4º lugar do trabalho
5º plano de ação
6º pontos essenciais de trabalho
7º saúde física
8º estado mental
9º atmosfera
10º instrumentos
11º possíveis obstáculos
12º obstáculos concretizados
13º comentários sobre o trabalho
14º impressões antes do trabalho
15º impressões durante o trabalho
16º impressões depois do trabalho
17º insights e observações
18º lições aprendidas
19º observações adicionais
20º avaliação

É muito importante ter a sua opinião subjetiva sobre o que foi feito, independentemente do sucesso. A avaliação é extremamente importante. Você pode classificá-la como de 1 a 5, ou de 1 a 10, ou mesmo de 1 a 100. Quanto maior o intervalo de pontuação, maior habilidade será necessária. Certifique-se de que a nota seja dada de acordo com o objetivo previamente definido. Então, se nós fazemos o ritual Pentagrama, embora o nosso objetivo seja – que Deus me perdoe – uma proteção perfeita; e se temos uma visão dos próprios anjos de Deus durante o andamento do trabalho, a nota do trabalho será muito baixa, apesar do ótimo resultado da prática. Portanto, é importante que saibamos o que fazemos, como fazemos e porque o fazemos. Considerem isso cuidadosamente.

Não importa se vocês mantém registros eletrônicos ou cópias físicas. Talvez seja melhor ter as duas versões. Às vezes é conveniente ter a forma eletrônica, especialmente quando você viaja e dá seminários como este, por exemplo. E às vezes é importante ter tudo no papel, pois nele você pode expressar sua ideia, condição ou emoção graficamente e de forma mais plástica.

Voltemos à Magia e ao Misticismo. Ambos têm um problema comum, e esse é o Caminho do Meio, que no Oriente é chamado Sushumna. Temos Ida e Pingala, temos um pilar da Severidade e um da Misericórdia. E nós temos um pilar do Equilíbrio ou Sushumna.

Ambos os caminhos tentam reduzir, tanto quanto possível, o tempo necessário para a sua execução. Especialmente o caminho da Magia, nos dias de hoje, quando as pessoas não têm tempo para o seu trabalho individual, e tentam compensar isso através do trabalho em grupos. Lembrem-se de não cair neste erro. Não pensem que qualquer coisa que não é sua pode compensar o que deveria ser seu. Nem o tempo, nem o destino, nem o sucesso. Os aspirantes jovens imediatamente procuram por métodos e receitas para a projeção astral, Magia Enoquiana e segredos da alquimia sexual. E isso é compreensível. Mas para jovens aspirantes, não para nós.

Voltemos ao esquema de Árvore da Vida. Falamos sobre Misticismo e elevar a Serpente. Vemos que ela está enrolada em volta dos Caminhos e que a Serpente se baseia nos Caminhos, e não nas Sephiroth. O brilho do Relâmpago ilumina as Sephiroth. Por quê? A ênfase do Misticismo está nos Métodos, a ênfase da Magia está nas Conquistas. Método e Conquista – Caminho e Sephirah. Pensem nisso. Portanto, esta imagem na verdade está nos dizendo o que devemos fazer com certo caminho, qual é a essência de um caminho em particular. Então, quando nós praticamos o Misticismo, sua substância está no conhecimento objetivo do que nós alcançamos. Ou que pelo menos nós tentamos atingir. Ignorando todas as visões que recebemos durante nosso trabalho. No Budismo há um ditado: “se você encontrar Buda, mate-o”. O maior inimigo do Misticismo é ser perturbado por sensações interiores. O maior perigo da Magia é bastante diferente. Estamos iludidos pelas esferas mais elevadas e que está acima de nós. Ser distraído pelo Objetivo é o maior inimigo no Misticismo, mas na Magia esse inimigo é a distração pelo Método.

Conforme o Aspirante avança de Malkuth a Kether, o olhar está fixado firmemente para cima. E se você olha o tempo todo as alturas acima, você não pode ver claramente o que está obviamente na sua frente. Considerem este pensamento.

Você nunca deveriam identificar Yoga com Misticismo. Assim como a Magia não deve ser identificada com Thelema. Estes são os erros mais comuns que os Aspirante jovens cometem. Claro, essa identificação pode não ser em um sentido técnico, mas mais em um conceitual. Ao contrário da Magia que é prática, Thelema é o sistema filosófico, que depende exclusivamente do seu progresso pessoal. E da sua inteligência. Thelema não pode ser aprendida ou lida. Ou você sabe ou não sabe. Não existe nenhuma prática que faça com que alguém tenha um insight de Thelema.

Há muito tempo atrás eu disse que Thelema é apenas uma das formas de diálogo entre você e o seu Deus, está ainda mais além. Está bem neste meio.

Pessoalmente, eu não sei se Thelema é a causa ou a consequência da mudança no desenvolvimento de um Aspirante, no entanto eu gosto de pensar que ela é uma condição para essa mudança. Agora a partir deste ponto onde estou hoje, Thelema é a causa de boa Magia. Pensem nisso: a relação entre Magia e Thelema é como o valor de um dólar. A Magia é um dólar em sua carteira. Thelema é o valor desse papel na sua carteira ou na bolsa de valores. Hoje, com um pedaço de papel você pode ser um milionário, amanhã esse papel pode não valer um centavo. A Magia é uma conquista, e Thelema determina a validade e valor dessa conquista. Um monte de dólares não tem valor se você está no meio de uma nevasca. Tudo o que você pode fazer é queimá-los e conseguir um pouco de calor. Pensem nessa relação.

Há muito tempo, eu me peguei pensando que eu era um bom magista. Eu trabalhei bastante; eu li e experimentei diferentes e maravilhosos insights. Mas eu não mantinha registros regulares e precisos. Às vezes eu não só esquecia de quando e o que eu fiz, mas também dos resultados do trabalho. Esta é a ausência prática de Thelema na vida Mágica. Eu tinha trabalho duro, mas eu não tinha plena consciência do trabalho. Mantenham um Diário, mesmo se vocês não forem um Aspirante da Magia ou Misticismo. Ele é a sua ferramenta para a psicanálise, e a chave para a porta da sua realidade interior, se você alguma vez tiverem a intenção de abri-la.

De fato, durante esses dois dias, trataremos dos dois lados, mas conseguirmos isso com todos os detalhes é naturalmente impossível. Então, por favor, ajudem-me a focar em coisas que são para seu interesse e benefício. Alguém tem alguma pergunta sobre o que falamos até aqui?

Pergunta: (O intérprete começa a falar em português em vez em sérvio)

Este é um erro comum no método da Magia. Ele não conseguiu compartilhar o mesmo conhecimento que vocês já compartilharam com ele, mas de uma forma que eu pudesse entendê-lo. O Conhecimento e a Impressão não só devem ser experimentados, mas também implementados e traduzidos, de modo que todo o meu Ser poderia direta e imediatamente aceitá-los. Tivemos duas Sephiroth, mas não tivemos um Caminho, neste caso. Qual foi a pergunta que você quis fazer?

Pergunta: Qual é a relação entre os Caminhos e os Nāḍis?

Resposta: Voltando à questão do Yoga, especificamente o Kuṇḍalinī Yoga, é necessário em primeiro lugar ter a experiência da Kuṇḍalinī. A prática da Kuṇḍalinī é necessária a fim de experimentar esse fenômeno concreto. Quando você trabalha com Nāḍis, o que é definitivamente certo é que existem diferentes canais que nós, ocidentais, definimos como o solar e o lunar. Os Caminhos, no entanto, não têm aspecto negativo ou positivo, portanto, em aspectos filosóficos não existe compatibilidade entre os Caminhos e os Nāḍis. É claro, podemos encontrar muitas semelhanças, quanto mais você se aprofunda no assunto. Esta é uma pergunta muito boa. Ao contrário da Magia, aqui tomamos consciência da ideia de canais, assim que a Kuṇḍalinī começa a fluir através deles. Ela pode ser sentida fortemente no nível físico. Às vezes, algumas partes do nosso corpo se tornarão insensíveis, às vezes começarão a vibrar, o que mostra que a força da Kuṇḍalinī encontrou um bloqueio. Existem apenas duas maneiras de romper o bloqueio. A primeira é dramática e a mais difícil. E tal é intensificar o fluxo da Kuṇḍalinī de modo que ela esmagará o bloqueio ao longo de sua rota natural. Mas há um risco, porque isso que bloqueou a parte inconsciente do nosso Ser agora viaja pelo nosso corpo espiritual como um coágulo. E é uma questão de tempo até que ele retorne, em sua forma pior e ainda mais severa.

A pergunta sobre as semelhanças entre Nāḍis e Caminhos é notável e eu agradeço por isso. Porque ela descreve melhor os caminhos da Magia e do Misticismo. A segunda maneira de resolver o problema é fazer um desvio espiritual do lugar que manifestou o bloqueio. E também existe perigo. Conforme você continuar com o avanço da força para o Acima, há uma probabilidade bastante alta de esquecermos que deixamos para trás essa parte “com ponte” da nossa alma, e depois de um tempo, conforme retornamos aos velhos hábitos e estilo de vida, você encontrará aquele canal completamente bloqueado. E ao invés de uma explosão, como tivemos no caso anterior, haverá uma supressão de energia. Vocês podem observar que nos Aspirantes muito mais experientes e mais velhos, e isso me inclui, manifestam-se dois extremos, que estão relacionadas com os dois problemas anteriores com o fluxo da força através dos canais. No primeiro caso, você tem uma explosão dos Nāḍis, que o tornam em uma pessoa egoísta, obstinada, teimosa e agressiva. Outro caso nos conta sobre pessoas que estão muito dispersas e distraídas, de alguma forma como bobos da corte. Considere o caminho do “Louco”. Mas sua loucura não é um erro, porque ele é não. Nós voltaremos a isso mais tarde, quando discutiremos sobre as partes mais altas da Árvore da Vida. Voltando ao assunto. A semelhança entre os Nāḍis e os Caminhos, penso eu, está na qualidade da energia, e não na compreensão ou interpretação filosófica. Eu acho que ninguém pode dar uma resposta definitiva sobre isso. Além disso, nem todos os Nāḍis, e nem todos os caminhos são igualmente facilmente aprendidos. À medida que avançamos para esferas mais altas, encontramos mais arquétipos e energia muito sutil. Ambos são muito difíceis de experimentar e sentir. Eu pessoalmente tive muita experiência trabalhando com ambos, mas eu frequentemente era surpreendido por alguns Caminhos que eu simplesmente não conseguia entender ou experimentar, embora eu tivesse aumentado a consciência dos Nāḍis que aproximadamente correspondem ao nível dos Caminhos. Isso ocorre porque a energia é sentida mais facilmente uma vez que o Caminho esteja desobstruído do que despertando o arquétipo ou a consciência. Somente um instrumento é válido o suficiente para mostrar as semelhanças e diferenças entre essas duas ideias. Este instrumento é o seu Corpo. Você carrega consigo mesmo o tempo todo o mais importante de todos os instrumentos que você encontrará em seu Caminho. Dentro de você já há uma Árvore da Vida, um Sushumna, um Ida e um Pingala. Pense nisso.

Vocês têm mais alguma pergunta?

Pergunta: Existe uma falsa Kuṇḍalinī?

Resposta: Cada Sephirah tem uma Qliphah, como o lado iluminado e sombrio de uma Esfera. Assim, os caminhos do Sushumna e da Kuṇḍalinī têm algo que não é dito com frequência. Essa também é uma boa pergunta, e vejo que você está animado com o Misticismo. Ao contrário dos dois modos que afirmamos cinco minutos atrás, e onde a Kuṇḍalinī subiu e se deparou com um bloqueio, nesta situação, não há nenhum bloqueio, porque não há Kuṇḍalinī. É frequentemente o caso daqueles que têm seu Intelecto causando problemas no seu trabalho, que pode afetar seu trabalho durante anos sem qualquer sucesso de levantar a força. É a décima primeira Sephirah, a Sephirah do Conhecimento. É Daath. É falsa, mas apenas como uma Sephirah. Pense sobre isso; não significa que a Sephirah do Conhecimento é o próprio Conhecimento. Pode-se dizer que o caminho da falsa serpente também é uma passagem necessária no conhecimento do Aspirante. Apenas lembre-se de que em todas as culturas primitivas, encontramos pessoas comuns que caem mais rápido e mais profundamente em trance do que a maioria dos Adeptos. O nível de seu trance ainda é difícil para eu alcançar. A serpente falsa ocorre quando o Intelecto está diante do Altar. Esta é apenas a minha opinião sobre esse assunto. Eu não vou me demorar na consideração do Kuṇḍalinī Yoga, eu acho que nós de alguma forma nos desviamos do nosso curso, e certamente podemos deixar isso para mais tarde.

Esse jovem tocou em um tema muito importante, que é importante para nós assim como é para os Iogues e Místicos, porque este modelo desenvolve a nossa própria opinião.
Assim como os Adeptos da Magia experimentam noite escura da alma, os praticantes do caminho místico podem experimentar a falsa serpente. Considerem isso.

Acredito que agora é o melhor momento para interromper esta seção introdutória, que é um pouco demorada, e nos concentrarmos em coisas mais concretas. Depois do intervalo começaremos com a fórmula de Tetragrammaton.


Traduzido por Frater A.N.V.

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