Adoração do Sol; Liber Resh; Algumas Notas Sobre as Práticas; Maya ou Ilusão

Este artigo é um capítulo de Lições Sobre o Ocultismo

Sobre a prática de Liber Resh e sua relação com o Jñāna e o Bhakti Yoga, também sobre Māyā ou ilusão.

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Capítulo V

Adoração do Sol, Liber Resh
Algumas notas sobre as práticas
Māyā ou Ilusão

Bom dia, sejam bem-vindos. Espero que todos tenham dormido bem. A palestra de hoje será muito diferente da de ontem. Vamos confiar mais na experiência prática, tanto na minha quanto na de vocês. Desde que me lembro, mesmo achando que eu tinha encontrado o método perfeito, eu sempre me espantei com o fato de que observações simples me faziam mudar as coisas, até mesmo como um iniciante. Essas observações frequentemente são o foco das Mudanças mais fascinantes na compreensão de alguns Métodos, por isso sempre mantenham seus olhos e ouvidos bem abertos, especialmente para aquelas coisas que vocês tomam por certo. Nenhum dos problemas que nós discutimos até agora, e aqueles que ainda vamos discutir, precisam de qualquer análise ou contemplação mais profunda, mas sim apenas de dedicação e o mais importante de tudo – a ideia infantil de brincar. Todos os fracassos decorrem do simples fato de que você não é mais uma criança. A essência da Verdadeira Natureza está na verdade em despertar, não em descobrir. Você não vai descobrir nada de novo, algo que você não sabe sobre si mesmo. Você sabe, você apenas não está consciente. Em todas estas coisas que iremos discutir hoje, o truque principal é tornar-se consciente de algo inconsciente. E ainda assim é bastante trabalho duro. Você deve estar acordado o suficiente para não deslizar para o mundo dos sonhos, mas ainda sonolento o suficiente para ver as coisas de dentro.

Agora eu só queria rever dois tópicos de ontem. O primeiro é a prática chamada de Liber Resh. Eu suponho que todos vocês estão familiarizados com este método. É um fato que esta prática faz uma ligação entre o Practicus e o Philosophus. Como? Nós dissemos que nesse ponto temos Mercúrio como a mente brilhante e inteligente de um lado e do outro temos os sentimentos e a inflamação do ser. A essência do Liber Resh não está em uma única execução, como pode ser com o Samekh, mas sim na repetição diária constante, mesmo quando você não está consciente de nenhum progresso, para lembrá-lo do que te espera no final do Caminho. Ele lhes lembra suavemente e continuamente da Tiphareth dourada. Há dois modos de fazer esta prática. O primeiro envolve um elemento de Bhakti Yoga, o segundo inclui Jñāna. O Bhakti, ao contrário do Jñāna, é sobre compromisso completo e sem reservas. Se a parte do Jñāna estiver presente no Bhakti, o fracasso é inevitável. Quando se trata do coração, sua mente deve ser afastada. É por isso que este Caminho, que liga estas Sephiroth, é horizontal. O trabalho da Mente e a aspiração do Coração devem estar em perfeito equilíbrio.

Vamos avançar mais. Observem que na última seção, quando a adoração é expressada, é dito que Tahuti permanece em Seu esplendor na proa, e Ra-Hoor sustenta o leme. O que isso quer dizer? Tahuti é Mercúrio; ele observa o horizonte e faz a avaliação e tira as conclusões sobre o curso da barca. Mas é Ra-Hoor quem escolhe e decide para onde ir, mesmo que seja ilógico ou mesmo “errado”. Estes dois tipos de prática são, na verdade, dois métodos de divisão em nossa Arte. A magia cerimonial ocidental é em grande parte relacionada ao Jñana Yoga. É por isso que demora tanto tempo e tem tanta coisa para ler, estudar e falar só para sentir o caminho correto para Tiphareth. O caminho de Bhakti é mais focado nas práticas orientais, mas é claro que essa é apenas uma observação geral. O caminho que une estes dois métodos é o Caminho da Flecha. Há outra questão em Liber Resh que muitas vezes é negligenciada. E eu não sei por quê. É a parte após a adoração, onde Aspirante retira-se momentaneamente em silêncio e começa uma “adoração do Deus que está além”. Quem é o Deus que está além, se trabalhamos com quatro formas de Divinas? Encontramos quatro aspectos elementais neste rito, assim como no Ritual do Pentagrama. Só que o Liber Resh se estende pelo dia inteiro, da manhã até a meia-noite. E assim para os meses e anos vindouros. Os quatro aspectos de Liber Resh são os quatro aspectos do Tetragrammaton. O Deus que está acima é o elemento do Espírito; é a letra Shin. E isso no que diz respeito à ideia de Árvore da Vida. No que diz respeito a Thelema, este quinto elemento ou letra não está isolada. Ela aparece cada vez que você se volta para qualquer lado do mundo, ou para qualquer ponto cardeal elemental. É Ra-Hoor sustentando o leme. Liber Resh, que se repete todos os dias, é um tipo de aquecimento e manutenção da condição espiritual, e dessa forma nós o reconhecemos como Jñana Yoga. Mas quando se trata de adoração d'Aquele que está acima de tudo, entramos no caminho do Bhakti. Nunca ignore nem esqueça do elemento de Bhakti Yoga em seu trabalho. Não por causa do Bhakti, mas por causa do Yoga.

É claro, não é um grande problema se você perder algumas das adorações, basta considerar que no momento em que você ainda dorme já é de manhã no meu país. Neste momento você pode cumprimentar Tum simplesmente transferindo a sua consciência para a área do planeta onde o sol está se pondo. Observe-o pelo olho astral; não limite a si mesmo pelo tempo ou pelo espaço.

Pergunta: A saudação deve se alinhar com a posição do sol ou pelo crepúsculo ou amanhecer astronômico?

Resposta: Com a posição do Sol. Durante o verão a duração do dia é diferente do que no inverno. Nem todos os aspectos são igualmente representados dentro de um dia. Alguns são mais curtos, outros são mais longos. Mas se você olhar para este ritual realizado ao longo de um ano inteiro, você verá que ocasionalmente tudo entra em equilíbrio. Somente quando a nossa Terra faz um círculo completo em torno do Sol você passará por todos os aspectos. Em outras palavras, só então você terá sentido plenamente a jornada do Sol ou a consciência solar. Essa persistência no percurso solar e a mudança do dia e da noite durante todo o ano é uma referência à passagem através do Duat.

Não esperem muito do Liber Resh. Falamos sobre o Ritual do Pentagrama, que vocês podem fazê-lo sentados, visualizando. Exatamente o mesmo princípio pode ser aplicado neste caso. Eu mesmo fiz isso há uns 15 minutos, aqui mesmo. É por isso que eu senti a necessidade de me tocar e levantar, para me dar uma confirmação de que eu estou aqui e não no astral.

Pergunta: Você teve uma visão de que estava lá?

Resposta: Não, eu tive outra coisa. Quando você faz essas coisas por um muitos anos, às vezes você só precisa de um pequeno gatilho para uma projeção completa. A visão é realizada para alguns outros trabalhos, mas desta vez eu só precisei do espaço “lá fora” para saudar em silêncio com o Sinal e pelo Nome. No entanto, após essas saídas astrais curtas, às vezes leva alguns minutos para eu me recuperar, ou até mais. Então, em certo momento eu me levantei na frente de vocês e comecei a andar, para fazer o meu sentido tátil atrair e puxar a minha consciência de volta para o aqui e agora. Se eu permanecer na mesma posição depois de voltar, às vezes eu preciso de uma hora inteira para me recuperar totalmente, como se eu acordasse de um pesadelo.

Pergunta: Se eu perder o horário do meio-dia, devo imaginar o Sol no ponto mais alto ou virar para onde ele está naquele exato momento?

Resposta: Imaginar. É Thelema na prática. O que você precisa é do meio-dia, portanto crie o meio-dia. Se alguém te trancar em uma cela sem janelas, como é que você vai executar o Liber Resh corretamente?

Pergunta: Então não precisamos levantar cedo de manhã durante a aurora?

Resposta: Tente fazer o mais próximo que puder. Não invente desculpas thelêmicas para a sua preguiça. Eu nunca faço o rito às 6h, isso lhe diz tudo. É claro, a menos que por acaso eu esteja acordado naquele momento. Eu nunca perturbaria o fluxo natural dos meus sonhos, não importa com que finalidade. Eu nunca mudaria meus hábitos atuais por causa de alguma perspectiva futura.

Como eu disse anteriormente, o que você está fazendo agora é a predominância e supremacia de Mercúrio sobre Vênus, o que é bastante normal para a mente ocidental. Seu Jñana Yoga é mais pronunciado do que o Bhakti. Você deseja alguma coisa, mas sua mente diz outra coisa. É tão normal que o coração queira uma coisa e a mente pense em outra. Seria muito inconveniente ter um coração que fala e uma mente que deseja.

Isso é exatamente Tahuti na frente de Ra-Hoor. Este é exatamente o tipo de exercício que testa o seu senso de Thelema. É algo que irá distorcer a sua forma de pensar e mostrar o quanto você é ou não limitado. Esta talvez seja a questão mais importante no que se refere a Liber Resh. Acho que foi muito útil falar sobre isso.

Pergunta: Em relação a Liber Resh, qual é o exercício equivalente a ele no Yoga e se este exercício também pode ser feito em graus mais baixos?

Resposta: Absolutamente. Talvez a melhor analogia seja o Surya Namaskar. Na minha opinião, o Liber Resh foi projetado para reunir as Sephiroth de Hod e Netzach. É mais uma ideia de Caminho do que de Sephirah. Quando você anda sobre este Caminho você invoca uma certa qualidade sobre sua viagem, e quando você alcançar seu objetivo você se encontra alterado. Esta é uma rota longa e desgastante. Já disse que a soma de todos os caminhos horizontais é de 93, e este é o Caminho mais profundo e fundamental de todos os Caminhos horizontais. É a base de sua Thelema.

Pergunta: Este rito é parte do ritual da Rose-Croix?

Resposta: Sim, como é entendido por todos aqueles abaixo de Paroketh. Rosa e Cruz é o nome completo daquele Deus que está acima e que é adorado pelo Liber Resh.

Apenas algumas observações. Existem dois tipos de adoração de Hathor. Primeiro de tudo, Hathor é um nome errado, como a maioria dos nomes que vêm da Grécia. Hathor é na verdade Het-Heru, como uma “Casa do Sol”. Os antigos egípcios marcavam áreas específicas do céu sobre as quais o Sol estava viajando. Você encontrará um monte de nomes, mas eu os encorajo a explorar a raiz das palavras e a estudar cuidadosamente a mitologia. É verdade, estas são só especulações e resta muito pouco do Antigo Egito. Quando você trabalha com Hathor, você faz um triângulo acima da sua cabeça ou você o coloca diante do seu Ājňā. Anteriormente eu trabalhava com o triângulo acima da minha cabeça, mas com o tempo isso me tornava de alguma forma vulnerável. O sol do meio-dia é o mais forte, e eu pensei que era razoável colocá-lo diante do Terceiro Olho. Além disso, cada adoração é seguida pela vibração do Nome com o Sinal do Entrante e o Sinal do Silêncio. Portanto, temos os quatro elementos, e o elemento do espírito ativo e do espírito passivo. Neste ritual estão representados todos os aspectos do Pentagrammaton. Há muita discussão sobre a posição das pernas no sinal de Hórus, por exemplo, qual é a perna usada para dar o Passo para o Dia? Sinal de Hórus é um termo equivocado. Na verdade é o Sinal do Entrante, que também era a atitude e a posição adequada de outras Formas Divinas. Acho lógico fazer o Sinal do Entrante com o meu pé direito. Se você olhar para a Árvore da Vida sobre seu corpo, Geburah fica do lado da perna direita, embora seja uma Coluna passiva. Você não tem como errar; a questão é quão confortável você se sente com a sua escolha. A perna esquerda também faz bastante sentido, a maioria dos egípcios esculpiram suas estátuas com o pé esquerdo um passo à frente. Tudo isso não tem nada a ver com a nossa Arte da Magia, mas vocês devem pensar no que é natural para vocês. Para o Sinal do Silêncio, que é o sinal de Harpócrates ou Hoor-Paar-Kraat, também existem variações. Não tanto sobre a mão direita ou esquerda, como vimos no Ritual do Pentagrama, mas talvez sobre qual dedo colocar nos lábios? Desde o princípio eu coloco o polegar sobre o meu lábio inferior, porque eu desenho os Pentagramas da mesma forma, e o elemento do Espírito, compatível com o tranquilo Adonai e Self Interior, parece ser a melhor opção para mim. Pois o polegar representa o Deus acima, que é adorado, como um dedo que foi escolhido pela sua posição na mão.

Pergunta: Você poderia nos mostrar como é?

Resposta: Claro, mas é melhor fazer durante o próximo intervalo. Vou lhes mostrar duas ou talvez três versões que eu uso. A primeira é mais mágica, a segunda é mais mística, eu alterno dependendo do objetivo e de como eu me sinto no momento. A única coisa que é um pouco inconveniente é o uso de palavras em sérvio, mas vocês sabem o que estou dizendo porque vocês já conhecem a forma do ritual.

Pergunta: É possível usar Sirius ao invés do Sol?

Resposta: Se Sirius estiver mais perto de você, por ideia ou concepção, por que não? No entanto, sugiro que você primeiro se volte ao seu Sol e talvez então almeje alguma outra Estrela. Antes de vir para o Brasil, eu fiz uma conexão em Roma. Eu não consegui vir diretamente da Sérvia. A estrela distante pode ser maior do que o nosso Sol, mas com muito menos radiação. O Sol é o tema da nossa missão; e até mesmo para aqueles que estão trabalhando com a sombra, a sombra não existiria sem a Luz. Não se cative demais pela magia das sombras. No entanto, todos nós somos como Darth Vader. Como um jovem aspirante, eu era muito fascinado por isso. Meu conselho é que você experimente livremente, mas só depois de ter cumprido as suas tarefas básicas. Deixe os experimentos para o final do seu treinamento, não faça no início. Não deixe que a sua sombra se torne uma desculpa para não se voltar para o Sol. Seria muito fácil dizer que apenas os feios usam máscaras. Não se fascine por máscaras.

Pergunta: Quando você fala sobre sombra, você pensa especificamente na Goetia?

Resposta: Não. Estou falando de um modo geral, embora Goetia trabalhe com a ideia de espíritos. Não identifique a ideia de Espírito com a ideia de Demônio. Assim como há uma grande diferença entre as ideias de Anjo e Deus. Embora a Goetia trabalhe com as Sombras, ela implica a sombra que é projetada pelo seu próprio ser. Não é a questão de uma Sombra que vem de outra Realidade ou Plano, como é feito na Magia Enoquiana. Nós certamente teremos a oportunidade de falar mais sobre isso.

Certo. Outra coisa que eu também gostaria de mencionar passageiramente é a prática da Meditação MMM em Liber HHH. Eu não sei se vocês estão familiarizados com esta prática. A palavra do Neófito está oculta nela. Todas as outras palavras dos outros Graus são conhecidas, apenas a palavra do Neófito é elusiva. Na Meditação MMM, o aspirante desperta em um Ovo cercado por cruzes coloridas. A primeiro delas é Preta, depois Verde e Vermelha, e finalmente, Dourada e Prateada. Talvez isso responda à pergunta sobre Sirius. As analogias dessas cores, como Malkuth é 10, vermelho e verde são o Imperador e a Imperatriz, Tiphareth é 6 e Alta Sacerdotisa é Prata, dá-nos o valor de 93 – que é o valor da palavra oculta do Neófito. Eu não vou dizer qual é, porque vocês certamente a encontrão por si sós. Lembrem-se da ordem das cores porque nela reside uma lição de Alquimia. Isto será especialmente interessante para os Zelatori.

Vamos seguir em frente. Eu acho que é o melhor, já que gastamos muito tempo com o Liber Resh, então vamos usá-lo como uma força motriz para substituir o terceiro tópico pelo primeiro, só para deixar as questões mais interessantes para o fim. Eu gentilmente peço a todos que não deixem o Liber Resh passar despercebido. É um ritual bem curto. Eu o pratiquei durante a minha vida toda. Muitos aspirantes repetem o Ritual do Pentagrama como papagaios, como se fosse o único ritual que existe. Apenas levem em consideração Liber Resh, o desempenho dele em uma base diária te lembra da sua Grande Obra que está tanto na sua frente quanto dentro de você.

Quero enfatizar que em seu trabalho vocês devem ser igualmente cuidadosos sobre os aspectos de Vênus e Mercúrio, como Bhakti e Jñana Yoga. Ensine a si mesmo como desenvolver ambos os aspectos das armas do fogo e da água, tal como o Sol acima é Ar e Filho. É despropositado tentar atribuir os elementos a Adonai. Embora isso seja inexorável, porque no Tetragrammaton não há nenhum elemento para o Espírito. Além disso, nós esquecemos de mencionar os três véus de negatividade que pairam sobre a Árvore da Vida. É interessante traçar um paralelo com as três luzes da Maçonaria, que são acesas no início e extintas no final de um Rito, porque a natureza daquela luz não é manifestada. Apenas três Oficiais na Loja Maçônica, que são símbolos dos Adeptos – Minor, Major e Exemptus – podem acender as velas e espalhar a L.V.X. sobre a Loja. Além dos Sinais elementais, que estão presentes no Liber Resh, há um sinal da Abertura do Véu para o Espírito ativo e de Fechar o Véu para o passivo. Assim como cada sinal do Entrante precisa ser fechado com o de Silêncio, assim também o sinal de Abertura do Véu deve ser concluído com o Fechamento do Véu.

Pergunta: Se ADNI não pertence a um elemento, por que Tiphareth é associada ao Ar?

Resposta: Se na sua casa moram alemães, quer dizer que você mora na Alemanha? Eu disse que as vezes temos de designar atribuições que só correspondem à verdadeira natureza da Sephirah. Embora Tiphareth como filho, como o Vau no Tetragrammaton, é atribuído ao Ar, isso não nos levar a concluir que o Ar é Tiphareth. Ele representa a terceira letra do Tetragrammaton e a esfera do Ruach que contém o maior número de Sephiroth, que orbitam em torno de Tiphareth. Isso é o Ruach, a mente em seu sentido mais elevado. Nem o cérebro e nem o intelecto, mas a mente. Tiphareth, como a verdadeira natureza do Sol, é apenas o habitat de Adonai. Tiphareth é onde, Adonai é quem. Essa é uma boa pergunta e na verdade explica a natureza do Adeptus Minor. Depois de receber a palavra, não a palavra do Æon, mas o nome e a palavra de seu Anjo, ele ou ela começa a aplicar essa palavra em sua Realidade. Uma palavra é transmitida através do Ar. Por sua língua e mente, pairando sobre suas asas de Anjo. Tiphareth é apenas um habitat de Anjos. Onde, não o que ou quem.

O pico da Árvore está reservado para o Fogo; é uma chama viva que não se espalha. Como estrelas em um espaço morto sem fim. O nome divino de Kether é Eheyeh, que significa “eu sou”. Mas ele não disse mais nada. Eu sou sem a necessidade de provar ou se expandir. A observação seguinte é sobre o elemento da Água. O Grande Oceano na Árvore da Vida. A lenda de Atlântida e a Cidade das Pirâmides estão vinculadas a este lugar, amarradas igualmente à água e à morte.

Finalmente, o Ruach, que representa o mais abrangente de todos os planos. O seu porão está em Yesod; seu sótão está em Binah. Se fosse atribuído ao Fogo, Kether seria o Ar. No entanto, o Ar é um elemento ativo que está em expansão. Kether não tem necessidade de se expandir. Kether, que é o Fogo, está se expandindo apenas pelo Ar, que está abaixo. Como o lampblack que se inflama quando você o sopra. Há apenas uma maneira correta de parar o fogo: cortar o fluxo de oxigênio. Estes fundamentos são excelentes para sua contemplação.

É difícil, mas não impossível, cobrir a Árvore da Vida inteira com as quatro letras do Tetragrammaton, de modo que todas as Sephiroth e Caminhos sejam envolvidos. Existem duas formas básicas em que as letras do Tetragrammaton são atribuídas à Árvore da Vida. A primeira é por espaços, ou por planos, como vimos até agora. A segunda maneira é complicada; ela exige que cada letra tenha a sua própria Árvore da Vida, então basicamente você teria quatro Árvores. Quatro Tiphareths. Vocês certamente se lembram do Abramelin, de quando o Adepto encontra os quatro grandes Príncipes do Mal que regem o mundo? Isso tudo podem ser analogias que nos mostram o caminho pelo qual a mente desenvolve um método de progresso espiritual. Ele deliberadamente fez alusões a aspectos de sua Tiphareth, que é surpreendida por seu próprio verdadeiro despertar. A conversação com os quatro Grandes Príncipes do Mal é necessária para todo Adepto, e é o que segue logo após a obtenção da Visão e da Voz. O Practicus e o Philosophus têm os seus métodos de Bhakti e Jñāna, e de certa forma estes são incorporados nas projeções de cima como Geburah e Chesed – como a Visão e a Voz. Estes são a dualidade essencial que representa todo o Ruach. E nós dissemos que a unidade do Ruach só é expressa em um lugar. Então, acredite nos outros, mas só confie em si mesmo. Você pode encontrar adoráveis gravuras na literatura medieval onde cada Kether indica o Malkuth da Árvore seguinte, e esse é o segundo método sobre o qual falamos. Mais uma vez, acredite nos outros, mas só confie em si mesmo.

Pergunta: Os Quatro Grandes Príncipes do Mal estão relacionados com as Quatro Tiphareths?

Resposta: Não, eles estão ligados à Qliphah de Tiphareth. Nós dissemos que a união habita em apenas um lugar. Os Quatro Grandes Príncipes do Mal são na verdade apenas um, a Qliphah de Tiphareth, não quatro. Esta é uma das tarefas de Adeptus Minor, e que é feita na maior parte pelo Adeptus Major e em plenitude pelo Adeptus Extemptus. Adeptus Extemptus, o Adepto isento ou livre. Livre de quê? Livre da projeção de que o self tem uma projeção. Livre da ilusão de que existem quatro Árvores da Vida. Esta é a minha conclusão e eu tenho a liberdade de transmiti-la a você apenas como um incentivo para a sua pesquisa. Explore livremente, mantenha os olhos bem abertos e tenha ambos os modelos presentes na sua frente. Porque quando você obtém a Visão e a Voz isso será diferente de tudo que você já experimentou antes. Você precisa conhecer a teoria de todos os modelos da realidade, só para que em seu olho interior você possa ver a verdade.

Pergunta: Isso significa que todas as experiências anteriores são apenas projeções para um confronto com os quatro Grandes Príncipes do Mal?

Resposta: Pode bem ser verdade. Esta é uma das formas mais belas de expressar a Realidade. Mas não se incomode com isso, este é apenas um modelo de pensamento que serve para expandir sua consciência e sua percepção da Realidade. Porque agora mesmo, enquanto eu estou falando com você sobre este assunto, seu Ser faz projeções e desenvolve um sistema imunológico específico contra a sua própria Iluminação. E você só coloca mais um Véu sobre o Sol Mas este é apenas um modelo de pensamento; não é um modelo da Verdade. A Verdade não tem modelo.

O verdadeiro nome de Siddhārtha Buda é Tathāgata ou Talidade. Em outras palavras, a Verdade é do jeito que é, seja qual for. Tathāgata é um estado de conhecimento mais elevado do que o Samādhi. Suponha que Lorde Buda está sentado nessa cadeira na minha frente. Ele está iluminado naquela cadeira ali, enquanto eu não estou iluminado aqui. Portanto, a verdade é que ele é iluminado, e ele sabe disso. Além disso, a verdade é que eu não sou iluminado. Então qual é a maior Verdade? Por que a verdade de que ele é iluminado deve ser maior do que a verdade de que eu não sou? Ele é iluminado e ele sabe disso. Eu não sou iluminado e eu sei disso. Onde está a diferença? Sua crença de que você será iluminado e que estar em união com outro é de ordem mais elevada do que você já é, é uma causa do seu sofrimento. O impulso de dois em se tornar um não tem sentido se você não tem ambos. E quando você tem ambos, isso significa apenas que você tem você mesmo, aquele que deseja tornar-se Um com o outro. Mas se você tem a si mesmo, isso significa que você já é Um, então por que você quer unidade com outro, quando você já tem unidade consigo mesmo? Esta é a essência da Magia e do Misticismo. A crítica do Yoga é um Yoga maior do que todos os métodos de Yoga juntos. Pensem muito nisso. Acreditem nos outros, mas só confiem em si mesmos.

Vocês acreditam. Vocês confiam em seus sentimentos e seus sentidos. Vocês confiam em seus olhos e seu tato. Alan, por favor, venha aqui na frente. Por favor, feche os olhos e cruze os dedos desta forma. Diga-me com quantas canetas estou tocando os seus dedos. Alan: “duas”. Abra os olhos agora. Quantas canetas você vê? Alan: “uma”. Em qual resposta você acredita? Seus olhos dizem uma coisa, mas o tato lhe diz outra. Por que você acha que seus olhos não iriam enganá-lo, se o sentido do tato já traiu você? Tem certeza de que a impressão que você recebe através dos seus olhos é mais verdadeira do que a impressão de que você obtém pelos nervos da sua mão? Acredite nos outros, mas só confie em si mesmo. E duvide de tudo. Em que acreditar, seus olhos ou dedos?

Resposta: Olhos.

Por quê? Se os dedos enganaram você, por que cair no mesmo truque? Você prefere acreditar em uma mentira menor só porque você se recusa a acreditar em uma mentira maior? Você acha que seus olhos não podem enganá-lo? Os olhos são os maiores criminosos. Lembre-se disso quando você olhar as notícias do mundo, quando você vê imagens autênticas de cenas de guerra. Lembre-se disso quando você assistir a um ilusionista no circo. Lembre-se disso, quando você obter a Visão e a Voz. O princípio é o mesmo.

Agora nós praticamente tocamos na natureza de Maya, ou a natureza da ilusão. Às vezes a ilusão é construída a partir de nosso próprio ser, que construiu um escudo em torno de nós mesmos como uma tartaruga. Vocês verão que a parte mais densa da Árvore da Vida está justamente em volta de Tiphareth. É paradoxal que a parte da Realidade que nos conduz à Unidade é na verdade divisível. Quando um ser alcança o Conhecimento e Conversação, o Adeptus Minor aprende e às vezes é forçado a cobrir-se e colocar uma máscara para manifestar-se no mundo de Malkuth. Nós falamos ontem sobre a manipulação. O Adepto não manipula. Ele só assume a verdade de que ele mente. A Verdade sobre a mentira é a verdade e não a mentira. A verdade não tem dualidade. Só há uma projeção da dualidade. O branco não está em contradição com o preto. Quando você projeta a luz branca através de um prisma, você tem sete cores, nenhuma delas sendo o preto. E para obter o preto, você deve unir todas as sete cores. Portanto, a nossa ilusão é de que o branco é o oposto do preto, assim como é uma ilusão de que a verdade é o oposto de uma mentira. É a projeção de Ruach, que é refratada através de Paroketh, como a luz branca através de um prisma. Essas sete cores são as sete letras da fórmula VITRIOL, onde cada cor é uma das etapas da Grande Obra.

A verdadeira manifestação de quem habita em Ruach é o pensamento correto. Aqui, a introspecção e a psicanálise são mais importantes do que todos os rituais. Sem pensamento e autoanálise adequados não há progresso. Sem isso, é só uma questão de tempo quando, sendo um Neófito ou Zelator, você se desviará do caminho. A necessidade de companheirismo na forma de Fraternidade não é uma fraqueza, mas sim a natureza de todo homem que é, acima de tudo, um ser social. Às vezes uma conversa com seu melhor amigo é mais importante do que todas os insights mágicos prévios. A relação entre um Superior e um Estudante está cumprindo duas das necessidades mais básicas e espirituais: a de falar e de ser ouvido. Na verdade, é um substituto do Conhecimento e Conversação, que move todo Aspirante. Quando o Adepto aprende o nome de seu Anjo, ele vai para o mundo para espalhar esse nome. Além disso, os Graus mais baixos estão espalhando suas palavras, que, no entanto, são mentiras, mas vêm da mesma necessidade. A necessidade de espalhar a palavra. Que se espalha e avança através do ar. Através do Ruach. Portanto, o Ruach é um excelente condutor para a verdade, assim como para a mentira. Não importa o quão duro você tente alcançar a verdade, você sempre vai encontrar uma mentira. Não importa o quão duro você tente alcançar o sucesso, você encontrará um fracasso. Estes são temas particularmente importantes para a psicanálise do Aspirante e o estudo de seus processos psicológicos.

O pior diário é aquele sobre o sucesso. O melhor é sobre seus fracassos. Perversões sexuais, sonhos violentos e sombrios, traições, vícios, loucuras e fracassos. Todas essas coisas que te tornam louco e perverso. Mas lembrem-se, o simples fato de que estamos lidando com essas coisas já nos torna loucos o suficiente. Alguém tem alguma pergunta?

Pergunta: eu tenho a informação de uma fonte muito confiável de que nos Livros Sagrados cada palavra é colocada em um lugar pela razão certa. Quando uma pessoa realmente entende os Libri, então eles podem se tornar uma arma. Se não houver nenhuma preparação, e se não houver entendimento, então eles podem causar danos. O que você acha disso?

Resposta: os Livros Sagrados são livros, e alguém tinha que escrevê-los. Quem os escreveu era um homem de carne e osso. Nem todos os Libri foram escritos no mesmo estágio de desenvolvimento espiritual. Além disso, existem muitas classes de Libri, Libri que estão inclusos em várias classes, bem como Libri que não são classificados de modo algum. O que nos interessa são os Libri de Classe A, que são atribuídos aos Graus dentro da Astrum Argentum. O que você diz foi uma declaração legal que foi realmente dada na última página de Liber AL; diz que o estudo deste Livro é proibido, e que é sábio destruir a cópia após a primeira leitura. Na magia cerimonial podemos encontrar a purificação e a consagração. A purificação pelo fogo e a consagração pela água. A Bíblia nos dá uma ordem inversa; começando com o dilúvio e terminando com a chama do Apocalipse. A dedicação mais pura é a dedicação pelo conhecimento. A arma mais perigosa também é o conhecimento. Lembram-se da Sephirah Daath, a única que não tem um tipo de manifestação como as outras dez Sephiroth têm? É importante que o seu nome signifique Conhecimento, assim como Malkuth significa Reino. A resposta à sua pergunta é, na verdade, a minha pergunta. Por que você precisa de uma arma? Uma vez que você conquistou os quatro grandes Príncipes do Mal, do que você está se defendendo? De inimigos ocultos ou das suas próprias ambições e fantasias ocultas? A essência da questão é melhor demonstrada pela evocação de Choronzon de Crowley. Na magia cerimonial, o círculo é a área de proteção. O triângulo é a área da manifestação. O aspirante nunca deixa a área de círculo, porque é a última fronteira da sua proteção. No entanto, se perguntem, o círculo é um símbolo do infinito ou do aprisionamento? Então, este é o ponto: o que Crowley fez? Ele colocou seu círculo dentro de um triângulo, e assim fez algo que ninguém mais se atreveu a fazer antes. Podemos encontrar este símbolo, um Olho em um Triângulo, mais ou menos oculto em muitas sociedades, e alguns de vocês terão a oportunidade de vê-lo. O Olho em um Triângulo na verdade aponta para a equivalência da Evocação e da Invocação. Isto não equipara inteligências e criaturas; isso só aumenta o nível do seu modelo de pensamento, que usa ambos os métodos à Vontade. Para subir e descer em um edifício você não precisa de dois elevadores, apenas um, que pode ser levantado e abaixado de acordo com a intenção.

Alguém pode nos dar uma explicação básica do que é evocação e o que é invocação?

Resposta: A invocação é dirigida para dentro, a evocação para fora.

Certo, exatamente. É como a eletricidade, temos corrente contínua e alternada. Como discutimos anteriormente, uma pista tem duas direções. O que Crowley realmente fez? Ele permitiu que seu medo se manifestasse; ele convidou todos os seus inimigos à sua casa. E isso surpreendeu seus inimigos. Eles pararam sem propósito. Então, eles desapareceram. Ou pelo menos assim pareceu. Sua arma mais forte é a sua vontade de se desapegar de todas as suas armas no momento certo. Sua maior vantagem é adquirida pelo sacrifício de sua vantagem. Se você arranjar um motivo para lutar contra o seu adversário, então você terá guerra. Isso significa que você pode perder. Se você entender todas as partículas no universo como um companheiro, e cada evento como um diálogo específico entre você e seu Deus, então tudo é possível. Atreva-se a alcançar a meta. Além disso, atreva-se a usar os meios.

Pessoalmente, acho que os livros não são perigosos. Perigosas podem ser as más interpretações de livros; perigosas podem ser as pessoas que não sabem ler. Livros grossos não são perigosos. Os livros não podem ser gordos. Os porcos são gordos; livros são volumosos para aqueles que querem aprender.

O que acho mais importante para o Estudante é ter inteligência aguçada e a mente afiada, de modo que ao longo do tempo ele naturalmente supere seu Superior. Portanto, o progresso dentro A∴A∴ só é possível com uma pessoa que esteja pelo menos um nível mais elevado do que você. Assim também no xadrez, para obter uma nova categoria, você tem que vencer aqueles que são mais fortes do que você. Essa é a essência da A∴A∴. Em latim, o velho Collegie romano, que é precursor das Lojas Maçônicas e Universidades, há uma certa máxima que diz: “do ut des”, que significa: “dou para que tu dês”.

Há também outra questão que eu acho que é importante. Trata-se dos Juramentos. Prestar um Juramento e assinar um papel que é certificado pelo seu Superior não significa que você realizou aquilo. Aquilo ainda é esperado de você. Então, o Zelator por Juramento não é realmente um Zelator por Consecução. É como na faculdade, quando você entra no primeiro ano não significa que você passou o primeiro ano. Ele apenas indica o fato de que você tem determinado programa que ainda deve ser cumprido. Por fim, é importante notar que tudo isto não se aplica a Chuck Norris.


Traduzido por Alan Willms

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