Períodos de Fala e de Silêncio da A∴A∴

Uma explicação sobre os supostos Períodos de Fala e Silêncio da A∴A∴.

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Períodos de Fala e de Silêncio da A∴A∴

Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei

Existe, entre algumas linhagens da A∴A∴, uma regra de que a Ordem alterna cinco anos de um Período de Fala (em que a Ordem estaria aberta para receber novos membros e emitir novas publicações) com cinco anos de Silêncio (em que não receberia novas pessoas e não se manifestaria publicamente).

Alguns Neófitos chegam ao extremo de afirmar que quem aceitar Probacionistas e Estudantes fora de um “Período de Fala” é um falso representante da Ordem.

Não pretendemos afirmar que as linhagens que fazem uso desses períodos são “inválidas” ou que “não trabalham da forma correta”, pois cada Neófito opera da maneira que bem entender, sob as linhas de Libri 185, 13, 489, e outras instruções oficiais; e não há nada de muito concreto sobre esta questão dos Períodos. De fato, esse tempo poderia ser até útil para poder reorganizar a casa e colocar tudo em dia.

Para entender de onde surgiu este conceito, precisamos remeter a O Equinócio (The Equinox). Esta série de livros foi uma publicação semestral que começou a ser lançada em março de 1909, sendo esta a primeira manifestação pública da A∴A∴ (isto é, com dados de contato e descrição do sistema, já que menções anteriores, como aquelas em Konx Om Pax, de 1907, não deram detalhes sobre seu trabalho).

O primeiro volume desta obra durou cinco anos, nos quais foram emitidos dez números de aproximadamente 400 páginas cada. O Equinócio era composto pelas Instruções Oficiais da A∴A∴, além de textos diversos sobre ocultismo, poesia, contos, peças, críticas literárias, dentre outros. Dois de seus subtítulos eram “A Enciclopédia da Iniciação” e “A Revista do Iluminismo Científico”.

No último número, foi publicado o seguinte anúncio:

“Com a publicação do Nº 10 de O EQUINÓCIO os Pronunciamentos Oficiais da A∴A∴ cessarão, de acordo com a Regra da Ordem, que prescreve Cinco Anos de Silêncio alternando com Cinco Anos de Fala. Este Silêncio foi mantido do ano 0 ao ano IV desta era. Seguiu-se a Fala, do ano V ao ano IX. O Silêncio irá, portanto, ser mantido do ano X ao ano XIV. Não haverão, portanto, outras publicações feitas pelo Executivo até Março de 1918 [sic] O.S.”

Cinco anos depois, com a publicação do Equinócio Azul (O Equinócio Volume III Número 1, março de 1919), a publicação da série foi retomada, e um novo aviso surgiu:

“A regra da A∴A∴ é alternar 5 anos de silêncio com 5 anos de fala. Portanto a publicação foi de 1909-1914, An V-IX; e agora de 1919-1924, An V-IX.  […] O Praemonstrator da A∴A∴ deseja que se saiba que o período de silêncio, que (de acordo com a Regra da Ordem) termina durante cada cinco anos alternados, terminará no Equinócio de Primavera do ano de 1919 da era comum. […] Durante os cinco anos de fala do Equinócio de Primavera de 1909, 65 livros diferentes foram emitidos, quase todos sendo impressos nos 10 números do Volume I de O EQUINÓCIO.”

Cerca de seis décadas depois, em 1981, Marcelo Ramos Motta publica no Brasil a sua tradução para o português de Book Four Part I, sob o título  de “Yoga e Magia”, contendo a seguinte nota:

“A Ordem se encontra agora no seu Período de Silêncio, e só voltará a aceitar Probacionistas a partir do meio-dia de 8 de abril de 1986 e.v., hora do Cairo, Egito. […] O público fica categoricamente avisado de que quaisquer pessoas que ‘aceitarem’ Probacionistas em nome da A∴A∴ antes daquela data estarão mentindo, e absolutamente não nos representam nem poderiam nos representar nunca.”

Enunciados semelhantes foram publicados em outras edições de livros de Motta, em português e inglês. Apesar dos ciclos irregulares em comparação com o original (iniciando fora das datas propostas em O Equinócio), esta parece ter sido a origem da ideia de “abrir e fechar” a Ordem a cada cinco anos.

Esta regra, que provavelmente sempre se destinou à publicação de O Equinócio, cessou após o primeiro número do Vol. III, e a publicação desta série e de outras obras se tornou irregular, sem datas definidas. Talvez tenha sido aqui que Motta tenha interpretado que já que a regra não se aplicava às publicações, deveria dizer respeito à própria Ordem.

Historicamente, um dos próprios fundadores, Aleister Crowley, recebeu alguns membros sob sua tutela durante o que seriam “Períodos de Silêncio”, como por exemplo C. F. Russel (9 de junho de 1918), Israel Regardie (28 de outubro de 1928) e Louis T. Culling (1937).

Portanto, relacionar os Períodos de Fala e Silêncio de O Equinócio com a aceitação de novos membros na A∴A∴ é uma interpretação não-oficial (até que algum documento prove o contrário, caso em que já teríamos a regra quebrada como nos casos acima) e que todos estejam avisados de que aqueles que recebem membros em “Período de Silêncio” não são, por este fato, falsos representantes da Ordem.

Amor é a lei, amor sob vontade

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