22º Æthyr: LIN

Este artigo é um capítulo de A Visão e a Voz

O clamor do vigésimo segundo Ar ou Æthyr, chamado LIN

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O Clamor do 22º Æthyr, Chamado LIN

Primeiro surge na pedra a misteriosa tabela de quarenta e nove quadrados. Ela está cercada por uma inumerável companhia de anjos; esses anjos são de todos os tipos, – alguns brilhantes e reluzentes como deuses, descendo até criaturas elementais. A luz vai e vem na tabela; e agora está estável, e percebo que cada letra da tabela é composta de quarenta e nove outras letras, em uma linguagem que se parece com a de Honório; mas quando eu tentava ler, a letra que eu observava imediatamente se tornava indistinguível.

E agora chega um Anjo, para esconder a tabela com sua poderosa asa. Este Anjo tem todas as cores misturadas em seu traje; sua cabeça é orgulhosa e bela; sua tiara é de prata e vermelho e azul e ouro e preto, como cascatas de água, e em sua mão esquerda ele tem uma flauta de pã feita dos sete metais sagrados, a qual ele toca. Eu não consigo te dizer quão maravilhosa é a música, mas é tão maravilhosa que só se vive nos ouvidos; não se pode ver mais nada.

Agora ele para de tocar e move seu dedo no ar. Seu dedo deixa um rastro de fogo de todas as cores, de modo que todo o Ar se torna como uma teia de luzes mescladas. Mas por toda ela goteja orvalho.

(Não consigo descrever essas coisas bem. O orvalho não representa o que quero dizer. Por exemplo, essas gotas de orvalho são globos enormes, brilhantes como a lua cheia, só que perfeitamente transparentes, bem como perfeitamente luminosos.)

E agora ele mostra a tabela novamente, e diz: Assim como há 49 letras na tabela, também existem 49 tipos de cosmos em cada pensamento de Deus. E existem 49 interpretações de cada cosmos, e cada interpretação se manifesta de 49 maneiras. Assim também há 49 chamados, mas para cada chamado há 49 visões. E cada visão é composta de 49 elementos, exceto no 10º Æthyr, que é amaldiçoado, e tem 42.

Tudo isso enquanto as gotas de orvalho se transformaram em cascatas de ouro mais finas do que os cílios de uma criancinha. E embora a extensão do Æthyr seja tão enorme, percebe-se cada cabelo separadamente, bem como a coisa toda de uma vez. E agora há uma poderosa multidão de anjos correndo em minha direção de todos os lados, e eles derretem na superfície do ovo no qual estou na forma do deus Kneph, de modo que a superfície do ovo é toda como uma deslumbrante chama de luz líquida.

Agora eu me movo para cima em direção à tabela, – não consigo dizer com que êxtase. E todos os nomes de Deus, que não são conhecidos nem mesmo pelos anjos, me vestem.

Todos os sete sentidos são transmutados em um sentido, e esse sentido é dissolvido em si mesmo … (Aqui ocorre Samādhi.) … Deixa-me falar, ó Deus; deixa-me declarar … todo. É inútil; meu coração desmaia, minha respiração para. Não há ligação entre mim e P…. Eu me retiro. Eu vejo a tabela novamente.

(Ele ficou muito tempo atrás da tabela. O.V.)

E toda a tabela queima com luz insuportável; não houve tal luz em nenhum dos Æthyrs até agora. E agora a tabela me atrai de volta a ela; eu não mais sou.

Meus braços estavam abertos na forma de uma cruz, e essa Cruz estava estendida, brilhando com luz até o infinito. Eu mesmo sou o menor ponto nela. Este é o nascimento da forma.

Estou rodeado por uma esfera imensa de faixas multicoloridas; parece que é a esfera das Sephiroth projetada nas três dimensões. Este é o nascimento da morte.

Agora, no centro dentro de mim, há um sol brilhante. Esse é o nascimento do inferno.

Agora tudo isso é varrido, levado pela tabela. A virtude da tabela é varrer tudo. É a letra I neste Æthyr que dá esta visão, e L é sua pureza e N é sua energia. Agora tudo está confuso, pois invoquei a Mente, que é ruptura. Todo Adepto que contempla esta visão é corrompido pela mente. No entanto, é em virtude da mente que ele persiste e segue em frente, se é que ele segue adiante. No entanto, não há nada mais alto do que isso, pois é perfeitamente equilibrado em si. Não consigo ler uma palavra da Tabela sagrada, pois as letras da Tabela estão todas erradas. Elas são apenas as sombras de sombras. E quem contempla esta Tabela com este êxtase, é luz. A verdadeira palavra para luz tem sete letras. Elas são iguais a ARARITA, transmutadas.

Há uma voz neste Æthyr, mas ela não pode ser falada. A única maneira de representá-la é como um trovão incessante da palavra Amém. Não é uma repetição de Amém, porque não há tempo. É um Amém contínuo.

Meu olho desvanecer-se-á diante da tua glória? Eu sou o olho. É por isso que o olho é setenta. Você nunca consegue entender o porquê, exceto nesta visão.

E agora a tabela se afasta de mim. Ela vai muito, muito longe, fluindo com luz. E há dois anjos negros curvados sobre mim, cobrindo-me com suas asas, fechando-me na escuridão; e eu estou deitado no Pastos de nosso Pai Christian Rosenkreutz, sob a Tabela na Cripta de sete lados. E eu ouço estas palavras:

A voz da Criança Coroada, a Fala do Bebê que se esconde no ovo azul. (Diante de mim está a Rosa Cruz flamejante.) Eu abri meus olhos, e o universo se dissolveu diante de mim, pois a força é a minha pálpebra superior e a matéria é a minha pálpebra inferior. Eu encaro os sete espaços e não há nada.

O resto vem sem palavras; e então novamente:

Saí para a guerra e matei aquele que estava sentado no mar, coroado pelos ventos. Eu apliquei meu poder e ele foi quebrado. Retirei meu poder e ele foi transformado em pó fino.

Alegrai-vos comigo, Ó vós Filhos da Manhã; ficai comigo no Trono de Lótus; reúnam-se a mim e brincaremos juntos nos campos de luz. Eu passei para o Reino do Oeste depois de meu Pai.

Contemplai! onde estão agora as trevas e o terror e a lamentação? Pois vós nascestes no novo Êon; não sofrereis a morte. Vesti vossos cintos de ouro! Envolvei-vos com guirlandas de minhas flores eternas! À noite dançaremos juntos e pela manhã sairemos para a guerra; pois, assim como vive meu Pai que estava morto, eu também vivo e nunca morrerei.

E agora a tabela volta correndo. Cobre toda a pedra, mas desta vez me empurra diante dela, e uma voz terrível brada: Parta! Profanaste o mistério; tu comeste do pão da presença; tu derramaste o vinho consagrado! Parta! Pois a Voz se realizou. Parta! Pois aquilo que estava aberto está fechado. E tu não aproveitarás para abri-lo, salvo em virtude daquele cujo nome é um, cujo espírito é um, cujo indīviduum é um, e cuja permutação é uma; cuja luz é uma, cuja vida é uma, cujo amor é um. Pois embora tu estejas unido ao mistério mais íntimo do céu, deveis cumprir a tarefa sétupla da terra, assim como viste os Anjos do maior ao menor. E de tudo isso tu deves levar de volta contigo apenas uma pequena parte, pois o sentido será obscurecido, e o santuário velado novamente. No entanto, saiba disso como tua reprovação, e para despertar o descontentamento naqueles cujas espadas são de ripa, que em cada palavra desta visão está oculta a chave de muitos mistérios, até mesmo do ser, e do conhecimento, e da bem-aventurança; de vontade, de coragem, de sabedoria e de silêncio, e daquilo que, sendo todos estes, é maior do que todos estes. Parta! Pois a noite da vida caiu sobre ti. E o véu de luz esconde o que é.

Com isso, de repente vejo o mundo como ele é, e fico muito triste.

Bou Saâda. 28 de novembro de 1909. 16h às 18h.

(Nota. – Você não retorna atordoado de forma alguma; é como ir de um cômodo a outro. Recuperou a consciência normal completa e imediatamente.)


Traduzido por Alan Willms em agosto de 2021.

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