Carta de Marcelo Motta a Karl Germer, 5 de Julho de 1962

Última carta enviada por Motta a Germer, antes do falecimento do último.

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Leia em 3 min.
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Caixa Postal 15, Tijuca
Rio de Janeiro
Guanabara, Brasil

5 de julho de 1962

Caro Karl:

Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

Estou enviando hoje por via aérea, conforme suas instruções, duas exibições de minha vergonha e culpa, que acabaram de sair da gráfica. Eu trabalhei três meses para evitar exatamente muitas das irregularidades de impressão que você perceberá, especialmente em relação à quadratura da margem esquerda. Para o próximo livro, se houver algum, eu estarei mudando de gráfica...

Estou sob contínuo, sutil e insidioso ataque, como você provavelmente sabe. Também tenho uma grave infecção dentária que está afetando todo o lado esquerdo do meu crânio com uma dor de cabeça forte. Tentarei consultar um especialista disso hoje. Posso ter que tirar vários dentes - a vaidade, a vaidade!

Também estou enviando hoje a você, por mar, registado, dez cópias de LIBER ALEPH. Outras seguirão regularmente até que concluam a cinquenta encomendadas. Eu não sei se é necessário dizer isto, mas eu abandonei todas as reivindicações a qualquer coisa que seja, incluindo a liderança ou até mesmo a afiliação com a “ORDEM DE THELEMA”; além disso, não vou escrever ou publicar mais nenhum livro, e nem responder quaisquer dúvidas sobre o atual, sem a sua permissão, e o benefício de seu conselho, atenção e crítica.

Eu também abandonei todas as reivindicações de “ser”, ou de representar, sob qualquer forma, 666.

Eu nem sequer clamo o grau de Zelator, tampouco, até eu ouvir de você que aceitou meu juramento.

Isso não é humildade, veja bem, ou se fosse, seria falsa; tenho muito pouca humildade humana em minha constituição. É simples bom senso, ou melhor ainda: instinto de autopreservação? ... Ou de sobrevivência? ...

O Ego corre em círculos, como de costume...

Vamos colocar desta forma: enquanto eu devo ser um escravo, eu prefiro ser escravo da A∴A∴ representada por Karl Germer, do que ser escravo de 333, representado por Oskar (por favor, note que eu escrevi Karl!...) Schlag, meu pai, e qualquer outra pessoa que possa aparecer!

Amor é a lei, amor sob vontade.

Fraternalmente, seu pupilo indigno.
M.


Traduzido por Alan Willms

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