Setembro de 1912

Este artigo é um capítulo de Editoriais do The Equinox

Uma coletânea com todos os editoriais dos onze primeiros números do periódico The Equinox.

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The Equinox Vol. I N° 8,
Setembro de 1912 e.v.

[Estas páginas são reservadas para os Pronunciamentos
Oficiais do Chanceler da A
∴A]

Solicitamos que as pessoas que desejarem obter informações, assistência, interpretação adicional, etc. entrem em contato com

O CHANCELER DA A∴A∴
c/o The Equinox,
3 Great James Street,
W.C.

Telefone: City 8987,

ou que visitem este endereço mediante agendamento. Um representante estará lá para encontrá-las.

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O Chanceler da A∴A∴ considera desejável fazer uma breve declaração da posição financeira, já que chegou a hora de fazer um esforço para disseminar o conhecimento até os confins da terra. Os gastos com propaganda são aproximadamente os seguintes —

Manutenção do Templo, e serviço£200 p.a.[1]
Publicações£200 p.a.
Publicidade, despesas com eletricidade, etc.£200 p.a.
Manutenção de um Eremitério onde os Irmãos pobres possam fazer retiros£200 p.a.
__________
 £800 p.a.

Assim como no passado, as pessoas responsáveis pelo movimento dedicarão todo o seu tempo e energia, bem como sua riqueza mundana, ao serviço da A∴A∴.

Infelizmente, as quantias à sua disposição no presente não são o suficiente para o adiantamento contemplado, e consequentemente o Chanceler apela pelo auxílio daqueles que encontraram nas instruções da A∴A∴ um meio certo para o fim que buscavam. Todo o dinheiro recebido será aplicado somente para ajudar aqueles que ainda não entraram no círculo da luz.

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Devido à tensão desnecessária lançada sobre os Neófitos por pessoas despreparadas, totalmente ignorantes do básico, prestando o Juramento do Probacionista, o Imperator da A∴A∴, sob o selo e pela autoridade de V.V.V.V.V., ordena que todas as pessoas que desejam se tornar um Probacionista da A∴A∴ devem primeiramente passar por três meses como um Estudante dos Mistérios.

Ele deve possuir os seguintes livros: —

  1. The Equinox, do Número 1 até o número mais recente.
  2. Raja Yoga, de Swami Vivekananda.
  3. O Shiva Sanhita ou o Hathayoga Pradipika.
  4. Konx Om Pax.
  5. O Guia Espiritual, de Miguel de Molinos.
  6. 777.
  7. Rituel et Dogme de la haute Magie, de Eliphas Levi, ou sua tradução, por A. E. Waite.
  8. A Goetia do Lemegeton do Rei Salomão.
  9. Tannhäuser, por A. Crowley
  10. The Sword of Song, por A. Crowley
  11. Time, por A. Crowley
  12. Elêusis, por A. Crowley
    [Estes quatro últimos podem ser encontrados em seu Collected Works.]
  13. O Livro da Magia Sagrada de Abramelin o Mago.
  14. O Tao Te Ching e Os Escritos de Chuang Tsu (Sacred Books of the East, Vols. XXXIX, XL).

Um exame sobre estes livros será feito. O Estudante deverá demonstrar uma familiaridade completa com eles, mas não necessariamente compreendê-los em qualquer sentido mais profundo. Ao passar no exame, ele poderá ser admitido ao grau de Probacionista.

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Os Probacionistas são lembrados de que o objetivo das Provações e dos Ordálios é um: a saber, selecionar Adeptos. Mas o método parece duplo: (i) fortificar o apto; (ii) eliminar o inapto.

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O Chanceler da A∴A∴ vê com insatisfação a prática de Probacionistas trabalhando juntos. Um Probacionista deve trabalhar com seu Neófito, ou sozinho. Quebrar essa regra pode provar ser um obstáculo para o avanço.

Editorial

Amor! Queridos Leitores, vocês já pensaram no quão maravilhoso é o amor? O que seria da vida sem o amor? Um deserto! Não haveria felicidade verdadeira sem o amor.

E ainda assim precisamos admitir que o amor em certos modos é um grande perigo. Devemos nos lembrar de que muitos grandes professores o proibiram. O que o grande Buda disse a Ananda? “Cuidado com as mulheres, Ananda!” “Mas Senhor, elas são de fala sutil!” “Não fale com elas, Ananda!” “Mas Senhor, e se elas falarem conosco?” “Fique bem atento, Ananda!”

Pense na desdenhosa permissão de Paulo, “É melhor casar do que queimar” — é fácil perceber que Paulo nunca foi casado! — e de sua simples proibição Mestre de fazer qualquer coisa do tipo.

Se o nosso próprio Amado Senhor e Professor não se junta à banda, é (posso sugerir com toda a humildade?) porque Ele quer que sejamos fortes o suficiente para gerenciar nossos próprios afazeres sem recorrer ao extremo da proibição.

Mas isso é difícil para os fracos. Pense em A, que deixou as buscas mais nobres e exaltadas por um amor ignóbil, um amor em uma pensão em Hoxton, um amor com espetáculos e botas com elásticos; pense em B, que se casou (nas férias dela como empregada doméstica em Bayswater) com uma irresponsável quarentona de Hamburgo, que o traía abertamente nas ruas de Veneza e quase chorou aos soluços na estação da lagoa quando ela foi arrancada de seu gondoleiro preferido pelas garotas as quais ela deveria estar acompanhando; pense em C, que esqueceu o coro celestial por causa do terreno; e em D, que foi visto pela última vez em Nápoles, vomitando de uma janela num segundo andar; pense em E, que se casou com uma menina chamada Ethel Maud, colhendo em si mesmo aquela recompensa do seu erro que foi encontrar; pense em F, que poderia ter realizado a Operação da Magia Sagrada de Abramelin, o Mago, e adotou o Goat Golf[2] ao invés disso; pense em G, que andou demais pela costa e foi pego por uma garota chamada Alphonsina Nectarine Stubbs; pense em H, que teve que aparar a mais bela barba vermelha para mostrar que queixo realmente forte ele tinha; pense em I[3] — não! isso não é boa gramática — pense em Mim!

Meu catálogo não precisa parar por aqui, mas ele deve. Contra tudo isso, o que temos para trazer senão o péssimo exemplo de J, que queria armazenar Ojas, e estragou seu K — maluco?

Não, queridos leitores, o amor não é algo só para se idolatrar. É um ótimo menino para se ter para atender à campainha, mas é um péssimo abatedouro quando você é o porco!

Amor é como champanhe. Você deve bebê-lo rapidamente; e se você o manter arrolhado por tempo demais, você percebe que ele estragou. É um belo revigorante, mas champanhe todo dia é mais desagradável do que magistral.

FRATER PERDURABO é um homem sábio. Ele nunca diz “Chega de beber!”. Se você não consegue beber de maneira sóbria e decente, você não está apto. Se você pode ser o seu próprio mestre em matéria de amor, quem sabe você pode dominar O Grande Magista no final. Mas se a sua Grande Obra significa tão pouco para você que o primeiro frufru de um vestido te deixa inquieto, e o Perfume e a Visão não significam nada mais do que um toque de patchuli e um vislumbre de uma meia calça de seda — bem, você não é do tipo que provavelmente faria muito pelos próximos bilhões de encarnações!

Eu poderia escrever sobre o amor por horas; mas concluirei apenas com outro pedaço de conselho — Não se case com uma negra[4]!

Devido a um lapso, duas das publicações Oficiais da A∴A∴ no Número VII foram chamadas de Liber Tau. Portanto o Livro DCCCXXXI, anteriormente chamado de Vesta, será chamado de Liber Iod ao invés de Tau.

A senhorita que furtou o Catullus da Aldine do Sr. Crowley é por meio deste avisada que ela foi identificada, e é melhor que o retorne antes que surjam problemas. Mæcha putida, redde codicillos.

Por fim, espera-se também assegurar, no termo místico, a respeito de dedicações conhecidas sacramentalmente, um poema de mistério de nosso amigo e co-discípulo, restaurado e redimido, Arthur Edward Waite. Ele é intitulado Epopt Istrarsis — Parte I, “Véspera de St. Leger”; Parte II, “Certeza Moral”; Parte III, “O Grande Juramento”; Parte IV, “Primeiros Passos Sobre o Caminho”;  Parte V, “Três esferas de Ouro”; Parte VI, “O Compromisso do Iniciado”; Parte VII, “Debaixo do Assento”; Parte VIII, “O Criador do Livro”; Parte IX, “Algo de Sessenta Partes”; Parte X, “O Esquife”; Parte XI, “O Esquife” (continuação); Parte XII, “O Esquife” (continuação); Parte XIII, “Robes Azuis”; Parte XIV, “A Noite Escura”; Parte XV, “Diante dos Acusadores”; Parte XVI, “O Assessor”; Parte XVII, “Forte bobor tendas”; Parte XVIII, “Aum, doce Aum!” Parte XIX, “Bem-vindo! A Alocução e Maria”.

Devemos registrar o nosso agradecimento à nobre generosidade de muitos de nossos leitores, o que nos permitiu manter o trabalho de divulgar esta clara descrição do Caminho, dada a nós pela A∴A∴, que desta forma nos ajudou a entrar e seguir esse Caminho.

No natal devemos nos mudar para novas instalações. No devido curso, um aviso será enviado para os assinantes pelo correio.


[1] «Per annum, latim para “por ano”.»

[2] «Possivelmente The Goat Golf Club

[3] «Em inglês I significa “eu”, daí o trocadilho com “pense em mim” ser o correto, não “pense em eu”.»

[4] «Para saber mais sobre Crowley e o racismo, consulte https://thelemicunion.com/aleister-crowley-on-race/ »


Traduzido em janeiro de 2019 por Alan Willms.

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