Sobre os Rituais do Pentagrama

Das alterações feitas no ritual desde sua criação na Golden Dawn.

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Originalmente escrito por S. P. e publicado no blog Within The Pyramid

Sobre os Rituais do Pentagrama

Os Rituais do Pentagrama e do Hexagrama da Ordem Hermética da Aurora Dourada (e sua Segunda Ordem da Rosae Rubeae et Aureae Crucis) são alguns dos Rituais mais conhecidos e amplamente praticados das tradições mágicas Ocidentais. Em particular, o Ritual Menor do Pentagrama foi tratado em mais publicações descrevendo sua prática do que qualquer outro ritual da Magia Cerimonial, e é frequentemente recomendado para praticantes iniciantes. No entanto, muitos desses esboços publicados — incluindo alguns dos mais populares — apresentam embelezamentos e alterações que não estão presentes nos documentos originais da Ordem Hermética da Aurora Dourada (OHAD), documentos que permanecem sem terem sido publicados em suas formas completas, inalteradas e não-editadas.

Embora eu não seja um purista em minha própria prática, e embora afirme que é possível fazer todos os tipos de adornos pessoais e alterações nos mínimos detalhes da realização de um ritual específico sem prejudicar sua eficácia, tenho notado uma tendência por parte de certos autores considerados autoridades no campo da Magia Cerimonial de reivindicarem erroneamente que tais versões embelezadas e alteradas desses rituais são as únicas maneiras “originais” e “corretas” de executá-los (com a implicação de que outras formas não são originais nem corretas). Tais reivindicações são feitas inevitavelmente e derradeiramente sem citações. Tendo estudado pessoalmente todos os documentos originais da Ordem Hermética da Aurora Dourada e sua Segunda Ordem da Rosae Rubeae et Aureae Crucis, delinearei o ritual aqui e compararei como os detalhes do desempenho dele foram alterados, embelezados e editados por autores modernos.

O Ritual Menor do Pentagrama: um delineamento do método original da Ordem Hermética da Aurora Dourada

Volte-se para o Leste. Segurando “qualquer instrumento conveniente que tenha ponta” (documento original da Ordem Hermética da Aurora Dourada de George Pollexfen, se a pessoa não tiver tal instrumento em mãos, poderá usar o dedo indicador de sua mão dominante) com a ponta para cima em sua mão esquerda (se você for destro), deixando a mão direita (se você for destro) livre para as seguintes ações:

  1. Tocando a testa com o dedo indicador direito, diga: ATEH (“A Ti”, foneticamente: “Ah-Tah”).

  2. Tocando o centro do seu peito, diga: MALKUTH (“O Reino”, foneticamente: “Mal-Kut”).

  3. Tocando seu ombro direito, diga: VE-GEBURAH (“E o Poder”, foneticamente: “Ve-Gue-Bu-Rá”).

  4. Tocando seu ombro esquerdo, diga: VE-GEDULAH (“E a Glória”, foneticamente: “Ve-Gue-Du-Lá”).

  5. Junte as mãos sobre o peito, unindo as duas palmas das mãos, cruzando os dedos para formar cinco cruzes com elas (extraído do documento original da OHAD de George Pollexfen), segurando seu instrumento mágico pelo cabo entre as palmas, a ponta para cima (se você estiver usando algum) e diga: LE-OLAHM (“Às Eras”, foneticamente: “Lê-O-Lam”).

  6. Diga: AMEN. (Foneticamente: “A-Men”).

Os passos de 1 a 6 são conhecidos como a Cruz Cabalística.

  1. Voltado para o Leste (indo até a extremidade leste do seu local de trabalho, se aplicável), trace um Pentagrama no ar diante de você (começando da ponta superior e descendo para a ponta inferior esquerda na forma de invocação do ritual, ou começando da ponta inferior esquerda e subindo para a ponta superior na forma de banimento do ritual), com a ponta do seu implemento mágico. Aponte seu instrumento em direção ao centro do Pentagrama e entoe: YOD HEH VAV HEH (foneticamente: “Yod He Vav He”. Os documentos originais da OHAD de George Pollexfen indicam que se pronuncia cada letra separadamente e integralmente dessa maneira).

O documento da OHAD original de George Pollexfen diz que “o pentagrama deve ter um tamanho razoável, digamos a altura de um homem ou mais”.

  1. Volte-se para o Sul, mantendo o braço estendido para traçar uma linha do centro do primeiro Pentagrama até o ponto que será o centro de um Pentagrama no Sul.

De frente para o Sul, trace outro pentagrama, aponte o implemento em direção ao centro dele e entoe: ADONAI (foneticamente: “A-Do-Nai”).

  1. Volte-se para o Oeste, mantendo o implemento estendido como antes. No Oeste, trace o Pentagrama, etc. Entoe: EHEIEH (O documento da OHAD original de George Pollexfen fornece a pronúncia de “Ê-Yê”).

  2. Volte-se para o Norte, e repita com um quarto Pentagrama. Entone: AGLA (foneticamente: “A-Gla”. Este é um “notariqon” — ou acrônimo cabalístico — formado a partir da frase ATEH GIBOR LE-OLAHM ADONAI. No entanto, os documentos originais da OHAD de George Pollexfen indicam que simplesmente “Agla” deve ser usado).

  3. Volte-se para o Leste, traçando a linha como antes, até atingir o ponto central do primeiro Pentagrama e assim complete o círculo.

Em relação à entonação dos Nomes Divinos nas etapas 7 a 10, os documentos originais do OHAD de George Pollexfen instruem a pessoa a “respirar fundo e pronunciar lentamente o nome” e, em um local especificamente sobre os nomes de Deus: “pronunciando-o para fora na respiração e vibrando-o o máximo possível”, e em outro lugar: “vibre-os o máximo possível para dentro com a respiração expirada, não necessariamente em voz alta, mas com vibração”.

  1. (Voltando ao centro do local de trabalho e do círculo completo [se aplicável]) voltado para o Leste, estenda os braços completamente de ambos os lados, para que seu corpo e braços formem uma cruz (segurando sua adaga ou varinha — se você estiver usando uma — com a ponta para cima na sua mão direita). Diga:

Diante de mim, Rafael (foneticamente: “Ra-Fi-El”)

Atrás de mim, Gabriel (foneticamente: “Ga-Bri-El”)

À minha direita, Mikhael (foneticamente: “Mi-Ka-El”)

À minha esquerda Auriel (foneticamente: “U-Ri-El”)

Diante de mim flameja o Pentagrama

E atrás de mim brilha a Estrela de seis raios.

  1. Repita as etapas 1) a 6). Esta segunda execução da Cruz Cabalística completa o ritual.

A tradição original da Aurora Dourada recomendava o uso da forma de invocação do ritual pela manhã e da forma de banimento no final do dia: “Como forma de oração, o ritual de invocação deve ser usado pela manhã, o de banimento à noite”. Em outra nota, é dito “invocação para uso matinal” e “banimento: para uso noturno ou contra interferência astral”.

Alterações nas publicações subsequentes:

Instruções da A∴A∴ e Aleister Crowley

Após o colapso da Ordem Hermética da Aurora Dourada, Aleister Crowley e George Cecil Jones reconstituíram a Ordem essencial, expandindo amplamente seu currículo para fornecer um sistema completo de consecução espiritual, como a A∴A∴. A publicação do primeiro volume de seu periódico The Equinox disponibilizou grande parte das técnicas mágicas e iniciáticas da OHAD e de sua Segunda Ordem da Rosae Rubeae et Aureae Crucis. No entanto, deve-se notar que o que é apresentado disso no The Equinox é frequentemente editado e alterado, com as instruções práticas sendo geralmente “simplificadas”, mas ocasionalmente até embelezadas.

O Ritual Menor do Pentagrama é apresentado em Liber O vel Manus et Sagittae sub figurâ VI no The Equinox I:2 (também incluído na Magick in Theory and Practice de Crowley e mais tarde em Liber ABA: Magick, Livro 4, partes I-IV), com as seguintes alterações:

  • Não é mencionado o ato de fazer as cinco cruzes com os dedos das mãos no final da Cruz Cabalística.

  • A pronúncia do primeiro nome divino (YHVH) é alterada de “Yod He Vav He” para “Ye-ho-vau.”

  • Mais significativamente, a afirmação “Diante de mim flameja o Pentagrama, e atrás de mim brilha a Estrela de seis raios” é alterada para “Pois ao meu redor flameja o Pentagrama, e na Coluna está a Estrela de seis raios”.

Este último ponto talvez seja explicado por Crowley em seu Notes on the Ritual of the Pentagram, em sua descrição de que “desta forma, você está em uma Coluna que é protegida por sua invocação microcósmica. O resultado consequente disso, sendo uma resposta macrocósmica, é que, sem nenhum esforço de sua parte, o hexagrama ou a estrela sêxtupla aparece acima e abaixo de você. (Observe o equilíbrio de 5 = 6). Dessa maneira, você fica completamente desligado das partes externa e Qliphóticas do universo. Grave bem em sua mente a realização desta Coluna com os pentagramas que a cercam e seus hexagramas acima e abaixo de você. No mesmo documento, Crowley também afirma que o “objetivo principal” do ritual “é estabelecer quatro Pentagramas no Astral, um em cada quadrante, e dois Hexagramas, um acima e outro abaixo, fechando o Magista, como se fosse, em uma caixa consagrada.” No entanto, deve-se notar que a concepção original do Pentagrama estando diante de si, e do Hexagrama atrás, foi mantida no design clássico do robe do Probacionista da A∴A∴.

Enquanto a tradição original da Golden Dawn recomendava o uso da forma de invocação do Ritual pela manhã e a forma de banimento no final do dia, Crowley era a favor da forma de banimento do ritual, dizendo em seu Palace of the World que “aqueles que consideram esse ritual como um mero dispositivo para invocar ou banir espíritos, é indigno de possuí-lo. Devidamente entendido, é a Medicina dos Metais e a Pedra dos Sábios”. Aparentemente, ele fez pouco ou nenhum uso da forma de invocação do ritual após seu envolvimento com a Ordem Hermética da Aurora Dourada. De fato, Crowley recomendava que o Ritual Menor de Banimento do Pentagrama fosse realizado diariamente, até três vezes por dia, dizendo em Magick in Theory and Practice:

“A limpeza está próxima da Religiosidade, e é melhor que venha primeiro.

Portanto, a primeira tarefa do Magista em todas as cerimônias é tornar seu Círculo absolutamente inexpugnável.

A primeira parte de toda cerimônia é o banimento; o segundo, a invocação.

A mesma fórmula é repetida mesmo na cerimônia de banimento, pois no Ritual de Banimento do Pentagrama não apenas ordenamos que os demônios se afastem, como também invocamos os Arcanjos e suas hostes para atuarem como guardiões do Círculo durante nossa preocupação com a cerimônia apropriada”.

E:

“O uso habitual do Ritual Menor de Banimento do Pentagrama (digamos, três vezes por dia) por meses e anos e assunção constante da forma de Deus de Harpócrates (Consulte o Equinox I, II e Liber 333, cap. XXV para ambos) deve fazer o ‘verdadeiro círculo’, ou seja, a Aura do Mago, inexpugnável.

Geralmente é suficiente realizar um banimento geral e contar com a ajuda dos guardiões invocados. Então que o banimento seja breve, mas de maneira alguma distorcido — pois ele é útil na medida em que tende a produzir a atitude mental adequada para as invocações. ‘O Ritual de Banimento do Pentagrama’ (como agora reescrito, Liber 333, Cap. XXV) é o melhor a se usar.”

Finalmente, uma Publicação para Probacionistas “emitida pela autoridade do Mestre Therion” e distribuída por Frater Progradior (Frank Bennett), detalha instruções precisas sobre como fazer o Pentagrama de Banimento:

“Para fazer o Pentagrama, aja assim:

Traga a mão direita, com o indicador estendido, em direção ao lado externo do quadril esquerdo.

(a) Mova-a para cima até que ela esteja verticalmente na frente do centro da cabeça.

(b) Mova-a para baixo em direção ao lado externo do quadril direito.

© Mova-a para cima e atravessando para o outro lado em direção ao lado externo do ombro esquerdo.

(d) Em linha reta em direção ao lado externo do ombro direito.

(e) Atravessando para o outro lado e para baixo em direção ao lado externo do quadril esquerdo, o ponto de partida.

Assim esse símbolo de grande Poder, a Estrela de Cinco Pontas, é traçada no ar.

Ao fazer essa figura, o braço deve ser mantido completamente rígido; e ao se voltar para os pontos Cardeais, uma linha reta deve ser traçada de Pentagrama a Pentagrama, mantendo o braço reto apontando para fora.”

Versão de 1947

Um documento datilografado com instruções para a realização deste ritual datado de 15 de janeiro de 1947, alegadamente escrito — ou ditado — originalmente por Crowley (embora certos erros no documento sugerem que ele tenha sido datilografado por outra pessoa) e — de acordo com Frater Orpheus — enviados para Grady McMurtry por Jane Wolfe, contém algumas mudanças adicionais e acréscimos, incluindo algumas visualizações a serem feitas pelo praticante, conforme segue:

  • No começo, a pessoa é aconselhada a segurar uma “adaga de aço na mão direita”, e deve tocar os pontos relevantes do corpo durante a performance da Cruz Cabalística com a ponta da ferramenta (e usando algum senso comum, é razoável presumir que tal adaga de uso cerimonial tenha a ponta cega!).
  • Após tocar a testa com “Ateh”, a pessoa é instruída a tocar o peito dizendo “Aiwass”. Então, a pessoa toca os órgãos genitais, apontando para baixo, dizendo “Malkuth”. Foi relatado que Crowley executava o Ritual dessa maneira em sua Abadia de Thelema (conforme relatado de forma deturpada no livro Tiger Woman de Betty May), e isso faz um paralelo à versão da Cruz Cabalística no Ritual do Rubi Estrela. Esse método foi popularizado nos círculos thelêmicos por sua publicação na primeira edição de In The Continuum, de Phyllis Seckler. A validade cabalisítica pode ser citada para ambas as versões da colocação do ponto de “Malkuth”: na versão original da OHAD, Malkuth como Noiva se une a Tiphareth como Noivo, enquanto — para a versão posterior — na coluna XXI do Liber 777 , Malkuth é efetivamente unido a Yesod (a “fundação”) no Chakra Muladhara.
  • No final da realização da Cruz Cabalística, a palavra “AMEN” é substituída pela palavra “AUMGN”.
  • Uma visualização específica é dada para a realização da Cruz Cabalística: “imagine que cada parte tocada é uma esfera de luz reluzente e viva, e que uma linha de luz flui com a ponta da adaga para baixo e à horizontal do corpo, formando uma cruz”.
  • O método completo de vibração (envolvendo o Sinal do Entrante) conforme descrito na Seção III parte 4 de Liber O é usada na vibração dos quatro nomes-de-Deus no Ritual do Pentagrama. Originalmente, esta era uma técnica separada da O.H.A.D. — apropriadamente chamada de Vibração de Nomes-de-Deus pela Fórmula do Pilar do Meio — e não foi foi afirmado que era para uso nas instruções originais do Ritual. Esta técnica inclui a visualização das letras hebraicas dos nomes-de-Deus que são absorvidas com a respiração, de maneira consistente com o método da O.H.A.D. No entanto, não há nenhuma menção de suceder o Sinal do Entrante com o Sinal do Silêncio, mas certamente seria muito prático fazer isso, e a presença de ambos os Sinais no Ritual fo Rubi Estrela (a versão revisada de Crowley do Ritual Menor do Pentagrama) sugere que neste caso ambos devem ser empregados. O documento também afirma que “sucesso na vibração de nomes divinos é indicado por um formigamento nas palmas das mãos e nas solas dos pẽs, e frequentemente um irromper de suor”.
  • Os Pentagramas devem ser visualizados em uma luz “dourada, fogosa”.
  • Após estabelecer as visualizações para os quatro Arcanjos dos quatro quadrantes, de acordo com suas atribuições Elemetais, a pessoa deveria considerar-se como um “ser vasto, como divindade, seus pés nos infernos mais baixos, e sua cabeça nos céus mais altos”.

Autores e Praticantes pós-Crowley:

Israel Regardie é bem conhecido como o editor de livros supostamente “completos” de instruções da Aurora Dourada. No entanto, o que não é tão conhecido é que suas instruções removem certos parágrafos e diagramas dos documentos instrucionais originais da OHAD, inclusive incluindo a omissão de um documento original inteiro relacionado ao sistema Enochiano, além de introduzir novos embelezamentos aparentemente de sua própria criação. Infelizmente, Regardie geralmente inclui esses enfeites por meio de inserções nos textos sem indicação da natureza deles; muitas de suas inovações tendem a ser incorretamente reivindicadas como métodos “originais” por seus seguidores.

No caso do Ritual Menor do Pentagrama, Regardie introduziu:

  • Uma visualização do indivíduo expandindo a grande tamanho.

  • Uma visualização e ação de trazer a luz a partir de um ponto acima da cabeça no início da Cruz Cabalística.

  • Uma visualização dos Pentagramas em luz azul ou branco-azulada.

No entanto, não há indicação em nenhum dos documentos originais da OHAD que essas visualizações — ou mesmo quaisquer outras — sejam feitas durante a execução do Ritual. Também deve-se observar que esse ritual era dado a novos membros da Primeira Ordem muito antes de serem admitidos na Segunda Ordem, onde eram dadas instruções sobre técnicas mais avançadas envolvendo visualização (como pode ser visto no documento de 1947 discutido acima, Crowley aparentemente incluiu tais tẽcnicas em seu desenvolvimento do Ritual. Além disso, em suas Notes on the Ritual of the Pentagram, Crowley também recomendava uma visualização dos Arcanjos Elementais com base em suas imagens Telesmáticas, ou seja, através das atribuições Cabalísticas das letras hebraicas de seus nomes: uma outra técnica mais avançada).

Adicionalmente, em uma gravação de áudio das partes vocais deste Ritual, Regardie aparentemente optou por entonar cada palavra hebraica deste Ritual de uma maneira prolongada e sonora. No entanto, as instruções originais da O.H.A.D. indicam que somente os quatro nomes-de-Deus usados com os Pentagramas nos quadrantes que devem ser assim entonados. O restante das palavras (tais como aquelas na Cruz Cabalística) podem simplesmente ser ditas.

Como muitos foram influenciados pelo trabalho de Regardie, incluindo os estudantes de Phyllis Seckler, esses enfeites continuam a ser ensinados como o padrão em certas organizações e livros.

Dois desses alunos de Secker, que são claramente influenciados pelo trabalho de Regardie, são James Eshelman e David Shoemaker. Em seus livros de instruções, eles introduzem um embelezamento adicional no Ritual Menor do Pentagrama. Ambos insistem que o notariqon (acrônimo cabalisítico) Agla deve ser substituído pela frase completa a partir da qual é formado (Ateh Gibor Le-olam Adonai). No entanto, os documentos originais da OHAD de George Pollexfen indicam claramente que simplesmente “Agla” deve ser usado.

Finalmente, alguns praticantes da Wicca (certas tradições que adaptam o Ritual Menor do Pentagrama em seu Ritual de Abertura), como Janet e Stewart Farrar em A Witches’ Bible, afirmam que uma sexta linha deve ser desenhada no Pentagrama para “selá-lo”. Contudo, não existe tal declaração nos documentos originais da OHAD, embora os autores ao menos reconheçam isso.

O Ritual Supremo do Pentagrama da Ordem Hermética da Aurora Dourada

O Ritual Menor do Pentagrama é um ritual genérico de banimento e invocação para uso diário regular. Não é usado para trabalhar com forças elementais específicas. Para o uso específico e particular das forças Elementais, a Ordem Hermética da Aurora Dourada apresentava seu Ritual Supremo do Pentagrama.

A estrutura e a execução desse Ritual são semelhantes ao Ritual Menor do Pentagrama, com a diferença de que em cada um dos quadrantes, dois pentagramas são traçados e certos sinais (gestos / posturas) são dados após cada um, e os nomes de Deus a ser entoados são diferentes dos do Ritual Menor, sendo particulares ao elemento específico envolvido (se as tabelas Enoquianas estiverem presentes, os nomes de Deus enoquianos substituem os hebraicos):

  • Para trabalhar com um específico Elemento, o Pentagrama do Espírito correto deve ser traçado primeiro (o do Espírito Ativo é usado para Ar e Fogo, e o do Espírito Passivo é utilizado para a Terra e a Água), em seguida, um símbolo de uma roda com oito raios é traçado em seu centro, e o nome de Deus correto é entoado. Em seguida, dá-se os Sinais do Portal da Abertura do Véu e do Fechamento do Véu (ambos são usados ​​em pares em todos os casos pelo método da OHAD). Em seguida, o Pentagrama Elemental correto é traçado, então o símbolo Astrológico do Signo do Zodíaco Querúbico do Elemento (por exemplo, Aquário para o Ar) é traçado em seu centro, e o nome de Deus correto é entoado. Em seguida, dá-se o Sinal do Grau atribuído ao Elemento (por exemplo, o de 2=9 — “Shu suportando o Céu” — para o Ar). Essas etapas são repetidas em cada um dos quadrantes para trabalhar com um Elemento específico.

  • Para invocar ou banir todos os quatro Elementos em seus respectivos quadrantes (como uma forma mais intensa de invocação ou banimento geral do que o Ritual Menor do Pentagrama), as etapas descritas no tópico acima são tomadas, mas os Pentagramas, os nomes de Deus e os Sinais do Ar são realizados no Leste, os do Fogo no Sul, os da Água no Oeste e os da Terra no Norte.

Ao contrário do Ritual Menor do Pentagrama, no qual nenhuma observação sobre cores específicas dos Pentagramas a serem visualizados é feita nos documentos originais do OHAD, o documento original da OHAD sobre o Ritual Supremo do Pentagrama indica as seguintes cores dos elementos:

Terra: Marrom-avermelhado

Ar: Amarelo

Água: Azul

Fogo: Escarlate

Espírito: Branco

Com o “fundo de tudo preto”.

No entanto, o Livro do Concurso das Forças de George Pollexfen indica o preto ao invés de marrom-avermelhado para a ponta da Terra do Pentagrama.

Note-se ainda que este Ritual também pode ser usado para trabalhar com as forças representadas por Signos do Zodíaco específicos, trocando o símbolo astrológico do Signo do Zodíaco Querúbico pelo de outro signo do mesmo Elemento (por exemplo, para invocar as forças de Áries , realiza-se o Ritual Supremo de Invocação do Pentagrama do Fogo, mas traça-se o símbolo de Áries em vez do símbolo de Leão no centro dos Pentagramas de Fogo).

Além disso, observa-se que um círculo pode ser desenhado em torno de um Pentagrama para restringir a força invocada (ou o banimento) a um local ou item específico (por exemplo, em rituais de consagração).

O documento original da OHAD sobre o Ritual Supremo do Pentagrama também explica que — depois de invocar um elemento específico com o Ritual acima — forças malignas podem ser conjuradas e comandadas através do desenho de um Pentagrama invertido (chamado pelo OHAD de “o Pentagrama maligno e inverso”) com o conselho de que a Espada Mágica deve ser usada, e sua ponta deve ser mantida na ponta mais baixa do Pentagrama traçado ao longo de todo o trabalho com a força maligna. É notável que Israel Regardie omitiu essa informação (juntamente com informações semelhantes e um diagrama e parágrafo específico sobre o Ritual do Hexagrama) de seus livros sobre a Aurora Dourada.

O Ritual Maior do Pentagrama de Liber O

Liber O Vel Manus e Sagittae sub figurâ VI não apresenta o Ritual “Supremo” do Pentagrama, mas sim o Ritual “Maior” do Pentagrama. Esta é uma forma editada — levemente simplificada — do Ritual Supremo, com as seguintes alterações:

  • Os símbolos da roda de oito raios do Espírito e dos Signos Querúbicos do Zodíaco foram dispensados.

  • Os dois Sinais do Portal não são mais usados ​​juntos como um par; em vez disso, o Sinal de Abrir o Véu é usado sozinho com o Pentagrama do Espírito Ativo, e o Sinal do Fechamento do Véu sozinho é usado com o Pentagrama do Espírito Passivo.

  • Não são mencionadas cores específicas.

  • Como no Ritual Menor, a pronúncia de YHVH é dada como “Ye-ho-vau”.

Finalmente, outra grande diferença é que Liber O não menciona a adaptação desse Ritual do Pentagrama para trabalhar com as forças dos Signos do Zodíaco (como a OHAD faz), mas recomenda o Ritual Maior do Hexagrama para isso, comandando as forças dos Signos do Zodíaco através de seus Planetas Regentes, conforme invocados pelo Ritual Maior do Hexagrama.

E sobre o assunto dos Rituais do Hexagrama, se descobrirá que esses Rituais foram sujeitos a significativamente mais edições, alterações e adornos em publicações no último século do que os Rituais do Pentagrama descritos acima. De fato, até o momento, as instruções originais da OHAD sobre a realização do Ritual Supremo do Hexagrama nunca foram publicadas abertamente na íntegra. Este será o assunto de um artigo semelhante aqui, no futuro próximo.


Traduzido por Alan Willms em julho de 2020. Atualizado em dezembro de 2020.

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