Uma Carta a um Casamento

Uma interpretação iniciática de Crowley sobre o casamento.

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Uma Carta a um Casamento

A carta a seguir foi escrita no dia 6 de abril de 1924 e.v. para Frater A.I.; Eddie Saayman, que vem a ser o “Eddie” mencionado no comentário de Crowley para LXV iv 61, e não Frater O.P.V., que era Norman Mudd. É uma carta extremamente importante pois dá a interpretação iniciática de Crowley sobre o casamento. Saayman havia (como normalmente acontece com alunos frívolos) casado sem consultar seu Superior de antemão. A carta foi ditada para Alostrael, Leah Hirsig, a (então) Mulher Escarlate.

Você não diz se foi assassinato ou suicídio – mas, é claro, você não sabe, pobre sofredor! Alostrael afirma que é melhor que você passe pelo pior que possa acontecer. Eu digo que isto o fará mais feliz ao lembrar-se dos dias alegres quando você não tinha nada pior com que se preocupar do que com doença veneria. Acredito que estou quase lhe parabenizando...

Ele estava sendo irônico mas delicado: Saayman tinha feito uma asneira, e ele estava tentando salvar os pedaços.

...O importante antes da reunião é juntar as partes. O Livro da Lei é a ajuda disponível; felizmente é adequada. Cf. I 41-42.
O ponto importante é nunca esperar nada sexualmente...

Muitos homens casam-se, assim como as mulheres, à procura de segurança emocional que deveriam encontrar primeiramente em si mesmos. Crowley simplesmente queria dizer que Saayman não deveria esperar, por estar casado, que sua esposa estivesse automaticamente atraída por ele sexualmente em todos os momentos, ou até mesmo que ela tivesse o dever de estar; ou o que é igualmente importante, que Saayman tivesse um “dever” de manter sua esposa sexualmente satisfeita ou emocionalmente segura. Casamento é uma sociedade como qualquer outra, e deve ser proveitosa espontânea e naturalmente para ambos; qualquer coisa forçada impede o crescimento psíquico. Isto é verdade na vida diária normal, e muito mais ainda, na vida de um pretendente à Iniciação. O conselho que foi dirigido primeiramente à Saayman é imaterial; perceber-se-á que mulher com quem se casou é considerada igualmente. Além de tudo, eles escolheram viver juntos. Eles teriam de alcançar a vida em comum num plano Iniciático, ou falhariam de modo ainda pior do que muitos casamentos falham; suas responsabilidades eram maiores do que o normal. Neste contexto, deveria-se observar que a mulher era menos responsável na confusão do que Saayman, a não ser que ela fosse totalmente inescrupulosa quando casou-se com ele, no que seria considerada sua vampira. Mas ninguém é vampirizado contra a sua vontade. Conforme a tradição, um vampiro não pode entrar em sua casa – significativamente, seu círculo mágico – ou seja sua aura – a não ser que seja convidado, tanto por você mesmo, ou por alguma faculdade mal-disciplinada. E se alguma faculdade sua é mal disciplinada a este ponto, de quem é a culpa? Lembre-se sempre disto! Considere seu Juramento, considere especialmente o Juramento de Neófito, se chegou tão longe!

...Nunca faça “avanços”, ou permita-os. O ato deve ser uma insanidade espontânea a ambos os lados...

De AMBOS os lados, lembre-se. Com relação à “insanidade espontânea” CF. “Amor”, “Castidade”, “Energia”, e “Silêncio”, em Pequenos Ensaios em Direção à Verdade, e Liber Artemis Iota noutra parte deste Volume do Equinox.

...A melhor ajuda é o treinamento técnico no ato. Os especialistas podem prolongar a lua-de-mel por meses se sabem como conseguir a última gota de prazer...

Isto, entretanto, contradiz totalmente o que ele disse acima sobre não fazer avanços ou permití-los. Por que “prolongar” a lua-de-mel? Por que há uma lua-de-mel? Toda a problemática das “luas-de-mel” é que elas terminam. Neste caso, por que casar? Pelo então chamado prazer de um mês? (Lembrando, uma “lua” significa um mês lunar). Ridículo, e mais do que ridículo: imoral. Mas Crowley está, é claro, falando do ponto de vista de seu Probacionista, e mantém as coisas num nível bem inferior – digo, o nível do Círculo Externo da O.T.O., ou o nível do homem ou mulher comum supostamente civilizados.

...; como evitar o embaraço e o desprazer no momento; e a aversão após o desempenho. No máximo, é não esperar desfrutar isto mais do que uma curta vez...

Como regra, veja a nossa Teoria Eletromagnética do Sexo em outra parte deste livro.

...assim, prepare-se de início para deslizar imperceptivelmente para uma amizade com sexo livre. Treine a si mesmo e a ela para escolher novos parceiros antes que o entusiasmo torne-se aborrecimento...

Isto não significa tentar renovar a atração um pelo outro introduzindo “novidades” no ato: significa que eles encorajem um ao outro a procurarem outros parceiros sexuais, enquanto eles ainda estão mutuamente atraídos, treinarão a si mesmos à ter uma amizade verdadeira um pelo outro, e um consideração pelos sentimentos um do outro, seus desejos, opiniões e Verdadeira Vontade. Se esperarem até não mais sentirem-se atraídos um pelo outro antes de procurarem novos parceiros, a vida em comum poderá transformar-se em desgosto e desprezo, cuidadosamente disfarçado em polidez mútua (no menos pior dos casos). Este encorajamento um do outro através de novos parceiros, naturalmente não surgirá enquanto a atração mútua for ainda espontânea e forte, pois durante esta fase, como todos sabem, não se tem olhos para outra pessoa – em regra.
Tudo isto são regras; não leis, exceto, talvez, que isto venha eventualmente causar algumas mudanças necessárias na lei civil.

....e providencia para que os olhos estejam bem abertos, para que nenhum de vocês façam uma tolice desta novamente...

Que significa, não se divorcie e case novamente, achando que “não foi desta vez”. A razão pela qual casamentos freqüentemente parecem funcionar melhor da segunda vez, é que as pessoas tem mais experiência após uma primeira união, e demonstram mais tolerância e compreensão uma para com a outra. Não é que o segundo casamento seja melhor que o primeiro, apenas a pessoa se torna alguém melhor da segunda vez. Mas por entrar nisto mais de uma vez, a não ser que seja um caso de Verdadeira Vontade? O chamado “amor” raramente é sob vontade, como deveria ser; e prazer sexual por si só, é, do ponto de vista Iniciático, animalismo e nada mais Cf. LXV iii 3-20, e os comentários que se seguem.

...e serem capazes de divertirem-se sem perda de lealdade mútua ou iludirem-se acreditando que sair com outro parceiro levará a felicidade. A partir destas conquistas, você poderá ser capaz então de concordar um pouco com a teoria de que é Verdadeira Vontade dela devotar-se de corpo e alma a fazer a sua...

Pois de outro modo, no mínimo até Saayman tornar-se Mestre, ela agiria como uma vampira. As pessoas freqüentemente esquecem – para meu desespero, pelo menos – que o treinamento Iniciático é mais exigido no casamento do que em qualquer outra forma de vida em comum, na verdade tão desgastante que qualquer homem que tenha consideração verdadeira, quer dizer, qualquer amor verdadeiro por uma mulher irá tomar extremo cuidado para não torná-la uma escrava total que ela se tornaria (ou de si mesmo, o total escravo que ele se tornará se ela estiver sem vontade para tornar-se totalmente escrava) se ele casar-se com ela antes de seu treinamento oculto terminar. As mulheres cuja Verdadeira Vontade é fazer sua Vontade, pelo menos por um tempo, são tão raras que, a não ser que ela torne absolutamente claro que está entrando no relacionamento com de olhos abertos, você deve evitar firmemente qualquer tipo de ligação que impõe a vida em comum – ou até mesmo o namoro regular também.
Deve ser claramente entendido que o problema é quase tão igualmente sério, naqueles casos onde a mulher, e não o homem, é a aspirante a Iniciação. O sexo é imaterial, especialmente por ser parte do treinamento Iniciático desenvolver suas qualidades femininas no caso do homem, e se você for uma mulher, desenvolver suas qualidades masculinas. O assunto vai além destas anotações, na verdade, todo este número do Equinócio foi planejado para tratar disto dentro de seus muitos aspectos da maneira possível no momento.

Lembre-se que o nascimento de uma criança, inevitavelmente destrói o amor de um casamento; cria um interesse dividido...

A dedução óbvia é NÃO ter filhos até você se tornar Mestre, mesmo que você seja casado com uma mulher que é totalmente dedicada à sua Verdadeira Vontade. Se você é uma mulher, deverá ser evidente para você naturalmente, que o desejo de dar a luz à uma criança, atrasa seu treinamento durante anos.
Estas reservas impõe expressamente, a premissa de que você, homem ou mulher, não é apenas um desleixado irresponsável muito pior do que uma porca ou porco. Pois estes desleixados – que freqüentemente conseguem se passar por seres humanos – têm filhos sem benefícios da Verdadeira Vontade e então prosseguem fazendo de seus filhos, desleixados assim como eles são. Às vezes, tem coragem moral suficiente para dar à criança em adoção, mas se é assim, por que ter um filho em primeiro lugar?
Em resumo, para o Iniciado, casamento e filhos são responsabilidades tão sérias que ele – ou ela – evita-os prudentemente até ele – ou ela – poderem lidar com estes. Já há bípedes implumes suficientes andando na terra – e criando muita confusão. Na verdade, a superabundância de “homens inferiores” é o problema mais sério de nossos tempos.

Estas observações aplicam-se à homens de inteligência, imaginação e ambição, é claro que o burguês simplesmente torna-se brutalizado pelo casamento, e mergulha num estado de saturação de ruminação vegetativa acrescido de rancor de animal selvagem. É óbvio, você é jovem e forte e pode se livrar das dificuldades; mas você atrevidamente colocou uma carga nas suas costas e nas dela...

Observe novamente a ênfase no fato de que a carga é mútua. Também devemos repetir que a responsabilidade foi muito mais de Saayman do que da mulher; se não foi a Verdadeira Vontade dela servi-lo durante seu aprendizado.

...que investimentos constantes de mil libras por ano não avaliaram...

Esta quantia não seria suficiente para comprar-lhes a independência e lazer necessários para Saayman fazer seu Trabalho e a mulher estar amparada enquanto ele o faz; assim, pelo menos ou ele conseguiria um emprego para mantê-la (e não ter tempo para o treinamento Iniciático, e nem energia para o mesmo, a não ser que fosse um Super-Homem – o que ele obviamente não era), ou ela arranjaria um emprego para sustentar os dois.
Observe que mil libras por ano era então uma soma muito cômoda de fato – o equivalente a, talvez, a 20 mil dólares por ano nos dias de hoje.

O caminho indicado, apesar de tudo, é para ambos agirem como se esta calamidade não tivesse recaído sobre vocês.

Está chamando uma espada de espada, de fato.

Preservem sua integridade espiritual, vocês dois; não hesitem em suas aspirações...

Significando em teoria, a aspiração de Saayman em ser um Iniciado e a aspiração da mulher em ajudá-lo a tornar-se um, pois a não ser que estas fossem as aspirações deles, ele seria um asno, e ela uma imbecil e trapaceira. Sabemos que combinações e permutações de ambos ocorreram.

...Não olhem em direção um do outro – ou terão visões bem horríveis. Movam-se paralelamente...

Pois linhas paralelas encontram-se no Infinito, que é Nuit. Cf. LXV iii 53-54, e os Comentários que seguem.

...com discernimento infinito, e abnegação total da parte dela...

Condição sine qua non. Lembre-se uma vez mais que o mesmo se aplicaria se a mulher fosse uma Probacionista e Saayman fosse seu marido recente.

...(no início; isto virá naturalmente mais tarde, e satisfará a natureza dela)você poderá evitar bem rápido, uma divergência nos caminhos. Acima de tudo, fique de olhos abertos à sinais de esfriamento da paixão: a primeira vez que brigarem dois dias seguidos, enfrente a situação e divorciem-se enquanto vocês ainda não são inimigos. Continuem vivendo juntos após o divórcio, se preferirem, e vivam despreocupadamente separados. No presente é suficiente!

Aqui termina a carta. Não é necessário dizer que Saayman era um tolo e a mulher uma trapaceira; eles viviam despreocupadamente separados, de fato, mas juntos – e longe da Grande Obra. A história repetiu-se freqüentemente antes e tem se repetido muitas vezes.
Já que o problema é tão freqüente, tão simples para o Iniciado e tão difícil para o profano, achamos que seria útil incluir mais observações do mesmo período do Diário, referindo-se à Castidade Mágica conforme aplicado à Ordem dos Telemitas:

Castidade: Todos os atos sexuais são lícitos. Mas duas condições devem ser estritamente observadas...

Isto significa que a primeira declaração, que todos os atos sexuais são lícitos, não é verdade como parece. Mas o que Crowley na verdade queria dizer era que QUALQUER tipo de ato sexual é lícito, contanto que as seguintes condições fossem ESTRITAMENTE observadas:

1(a). “Sempre a me” (i.e. para Nuit). Quer dizer: O ato deve ser um Ato Mágico austero. (Está excluída a indulgência de si mesmo. Necessidade fisiológica é defendível, de acordo com a Vontade de Viver e para funcionar da melhor maneira possível. Ver b)

Isto significa que indulgência de si mesmo, seja na forma de masturbação ou qualquer outra, está proibida terminantemente ao Iniciado. Necessidades fisiológicas=quando o impulso físico torna-se tão irresistível que envolve um problema de saúde. A propósito, isto raramente acontece, poucas pessoas são tão intensamente sexuais. Especialmente após a adolescência, embora elas estejam sempre – particularmente o homem “machão” – dispostas a enganar os outros e a elas mesma.

1(b). “como quiserdes”, etc. O ato deve ser de amor sob vontade e não empreendido a menos que existam condições apropriadas – ex. a atração entusiástica natural, combinada com o propósito Mágico técnico, (é evidentemente um Ideal de Perfeição raramente alcançado. Sempre encontramos alguma necessidade de compromisso, quer dizer, haverá um elemento de Restrição de alguma forma...

Ver o 30O Hexagrama do Yi Jing, e os comentários de Crowley e os nossos ao mesmo.

...Até mesmo a “necessidade fisiológica mencionada acima tem algo de restrição da Vontade Pura causada pelo corpo. E isto – paradoxalmente suficiente! – embora a “Energia Entusiástica” esteja totalmente em harmonia com as outras condições.
Nenhum ato condicionado pode estar totalmente livre; no máximo alivia o stress existente. É essencialmente, entretanto, um ato destrutivo...

Por estar condicionado, portanto não está livre. Não significa que um ato livre seja um ato de destruição; simplesmente significa que atos condicionados são essencialmente, reações e pertençam ao catabolismo. Nenhuma idéia de “moralidade” ou “pecado” está envolvida.

...Isto destrói as energias parciais existentes – Dois revertendo a Zero – até mesmo, cria a “criança” – a combinação de Dois para formar os gêmeos V H’).

2. A segunda condição é uma questão prática de política. Qualquer que seja o ato, não se deve permitir que leve à qualquer conseqüência, qualquer que seja, salvo aquela designada por 1(a) e 1(b). “Tu não tens direito a não ser fazer a tua vontade”. Casamento, por exemplo, não deve ter nada a ver com o assunto.

Quer dizer, o fato de que as pessoas envolvidas tenham uma autorização (adquirida do governo) ou uma benção (adquirida de um igreja) para copular, ou não tê-la, é totalmente irrelevante para as condições Mágicas. Eles podem ter mil autorizações, e as bênçãos de mil igrejas, e o ato ainda ser ilícito do ponto de vista Iniciado. Os planos não podem ser misturados!

...Nem afeto pessoal ou similar deve ser permitido causar o ato ou surgir deste.
(O acima mencionado realmente segue a frase “estritamente Mágico”. A questão é evitar a impureza de qualquer forma.)

Freqüentemente um ato sexual espontâneo é seguido de um sentimento mútuo de obrigação para demonstrar “afeto” ou “fidelidade” um pelo outro. Estas tendências são frutos de mil anos de degradações do instinto sexual por parte de pervertidos sexuais disfarçados de sacerdotes. Afeição e fidelidade não tem necessariamente nada haver com Castidade Mágica. Meu cachorro pode ser fiel a mim, e eu não ter nenhuma afeição por ele; isto também não significa que devemos copular, ou que devemos nos casar.
(O acima mencionado, espero, não será interpretado como se eu estivesse chamando as mulheres de cadelas, ou até mesmo de putas. Repito, espero; pois como o grande Fernando Pessoa observou uma vez, a estupidez da humanidade é grande; e isto necessariamente inclui nossa cara-metade)

Amor nascido de atração sexual, através da afeição somente para descobrir bem mais tarde uma incompatibilidade espiritual significa, fundamentalmente, desastre, os Deuses blasfemaram vingando-Se ao destruírem o afeto...

Os Deuses blasfemaram são as Estrelas envolvidas na situação. Ultimalmente, o Cosmo inteiro está envolvido assim!

...Os infelizes tentam corrigir isto, voltando-se para estímulos sexuais excessivos e encontram tensão crescente durante o dia, e como resultado, desgosto em toda parte. O desastre é irreparável. Vice-versa, um casamento realmente espiritual, provavelmente inconsciente, nasce de um afeto verdadeiro, inabalável a qualquer teste; e disto surge o desejo de expressar a verdadeira Unidade ao destruir a dualidade do ato sexual. Eles entretanto, começam a copular com ardor genuíno, e não sensual, embora despertando os sentidos ao mais alto êxtase, e até mesmo este entusiasmo pode gastar-se, Anteros nunca aparece, mas o passado é visto como se estivesse aumentando as bases e aprofundando as fundações do amor romântico e poético.
Mas é sempre fatal para a atração estar voltado um para o outro, salvo apenas com o objetivo de destruir a tensão entre as formas de expressão corporal masculina e feminina...

Aos alunos sérios pede-se para meditar profundamente sobre as duas linhas acima.

...A união deve ser entre dois pontos opostos; as duas forças devem ser unidas através de toda sua extensão, com velocidade compatíveis, e uma convergência constante para uma norma espiritual além do espaço de ambas vontades conscientes. Exemplifico com um par de galáxias remotas, em direções opostas da terra, formando parte de um sistema único de movimento físico. Neste caso, a consciência de cada um é um “reconhecimento”, com certeza crescente que o movimento próprio de cada serve para mantê-lo eternamente em contato, que eles nunca poderão perder um ao outro na vastidão do Universo, e nunca colidirão em destruição mútua. “Almas gêmeas somos nós, para uma estrela confinada nos céus.”

Cf. LIBER ALEPH, Cap. 144.

Nenhuma circunstância terrena pode importar para estas almas, que “nenhuma folha de rosa pede para estragar o pão que a lua do Amor fornece”. E eles podem estar certos, entretanto, que a morte só pode destruir a ilusão de sua separação no espaço, e confirmá-las na sua real Unidade de Andamento, a equação dinâmica toda independe de qualquer base material!

Mais uma observação final, talvez seja útil aqui: o leitor médio, atolado em grosseria, pode reclamar: Mas eu achei que Crowley veio para libertar meu pênis(ou vagina, conforme o caso)para sempre; e a partir do que você acabou de dizer, a partir do que este livro inteiro contém, não só as mulheres deveriam vestir cintos de castidade daqui pra frente, mas os homens também!!!
Tranqüilize-se: Vocês estão perfeitamente livres para continuar sendo, ainda em outra frase do imortal Fernando Pessoa, defuntos futuros que procriam. Na verdade, você está mais livre para sê-lo que antes. O conselho especializado neste livro é só para aqueles que aspiram ser Iniciados; e particularmente para aqueles que aspiram ser Telemitas.
Amor é a lei, amor sob vontade.


Traduzido e comentado por Marcelo Motta.

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