28º Æthyr: BAG

Este artigo é um capítulo de A Visão e a Voz

O clamor do vigésimo oitavo Ar ou Æthyr, chamado BAG

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O Clamor do 28º Æthyr, Chamado BAG

Surgiu um Anjo na pedra, com trajes brilhantes opalescentes como uma roda de fogo em todos os lados dele, e em sua mão há um longo mangual de relâmpago escarlate; seu rosto é preto, e seus olhos brancos sem nenhuma pupila ou íris. De fato, seu rosto é terrível demais para se contemplar. Agora na frente dele há uma roda, com muitos raios, e muitos aros; é como uma cerca na frente dele.

E ele brada: Ó homem, quem és tu que quereis penetrar o Mistério? pois ele está escondido até o Fim do Tempo.

E eu respondo a ele: o Tempo não existe, salvo nas trevas do ventre Daquela por quem o mal surgiu.

E agora a roda avança subitamente, e eu o vejo como ele é. Seu traje é preto debaixo dos véus de opala, mas é delineado de branco, e ele tem o abdômen reluzente de um peixe, e enormes asas de penas pretas e brancas, e inúmeras pequenas pernas e patas como uma centopeia, e uma longa cauda como um escorpião. O peito é humano, mas está todo arranhado com sangue; e ele brada: Ó tu que destruístes o véu, tu não sabes que aquele que vem onde eu estou precisa ser cicatrizado por muitos sofrimentos?

E eu respondo a ele: Sofrimento não existe, exceto nas trevas do ventre Daquela por quem o mal surgiu.

Eu penetro o Mistério de seu peito, e ali há uma joia. É uma safira tão grande quanto um ovo de avestruz, e nele está gravado este sigilo:

Símbolo formado por linhas sobrepostas

Mas também há muitas coisas escritas na pedra, caracteres muito pequenos entalhados. Eu não consigo lê-los. Ele aponta com seu mangual para a safira, que agora está fora dele e maior do que ele próprio; e ele brada: Salve! vigilante dos Portões da Eternidade que não discernes tua mão direita da esquerda; pois no êon de meu Pai há um deus com as mãos com os dedos entrelaçados nos quais ele segura o universo, esmagando-o até virar o pó que vós chamais estrelas.

Salve a ti que não discernis teu olho direito do esquerdo; pois no êon de meu Pai há apenas uma luz.

Salve a ti que não discernis tua narina direita da esquerda; pois no êon de meu Pai não há nem vida e nem morte.

Salve a ti que não discernis teu ouvido direito do esquerdo; pois no êon de meu Pai não há nem som e nem silêncio.

Aquele que tiver poder para quebrar e abrir esta pedra de safira encontrará dentro dela quatro elefantes tendo presas de madrepérola, em cujas costas há castelos, aqueles castelos que vós chamais de torres-de-vigia do Universo.

Que eu habite em paz no seio do Anjo que é guardião do æthyr. Que a vergonha de minha Mãe não seja desvelada. Que ela não seja posta em vergonha, ela que jaz entre os lírios que estão além das estrelas.

Ó homem, que precisa sempre estar abrindo, quando tu aprenderás a selar os mistérios da criação? dobrar a ti sobre ti mesmo como uma rosa no abraço da noite? Mas tu precisas ser lascívio com o sol, e o vento precisa arrancar tuas pétalas de ti, e a abelha precisa roubar teu mel, e tu precisas cair no ocaso das coisas. Amém e Amém.

Em verdade a luz está oculta, portanto, aquele que oculta a si mesmo é como aquela luz; mas tu te abristes; tu és como as trevas que cinturam o abdômen da grande deusa[1].

OLAHO VIRUDEN MAHORELA ZODIREDA! ON PIREDA EXENTASER; ARBA PIRE GAH GAHA GAHAL GAHALANA VO ABRA NA GAHA VELUCORSAPAX.

E a voz do êon bradou: Retorne, retorne, retorne! o tempo adoeceu, e o espaço se escancarou, e a voz daquele que é, era e será coroado guisa na garganta do poderoso dragão ancião. Tu não podes passar por mim, exceto se tiverdes o mistério da palavra do abismo.

Agora o anjo devolve a pedra de safira ao seu peito; e eu falei com ele e disse, Eu lutarei contigo e te vencerei, a não ser que tu me expliques a palavra do abismo.

Agora ele parece se preparar para lutar comigo. (É muito terrível, todos os tentáculos se movendo e o mangual brilhando, e o rosto feroz sem olhos, tenso e inchado. E com a espada Mágica eu perfuro sua armadura e seu peito. Ele caiu para trás, dizendo: Cada uma destas minhas cicatrizes foram feitas assim, pois eu sou o guardião do æthyr. E ele diria mais; mas eu o interrompi, dizendo: Explicai a palavra do Abismo. E ele disse: A disciplina é sofrida e a lavragem é trabalhosa e a idade cansa.

Tu serás confrontado pela dispersão.

Mas agora, se o sol se erguer, dobre teus braços; então Deus te esmagarás em um pilar de sal.

Não procures tão profundamente em palavras e letras; pois este Mistério foi oculto pelos Alquimistas. Componha o regime sétuplo em um quádruplo; e quando tiverdes compreendido podeis criar símbolos; mas jogando jogos de criança com símbolos tu nunca compreenderás. Tu tens os símbolos; tu tens as palavras; mas há muitas coisas que não estão em meu poder, eu que sou apenas o vigilante do 28º Æthyr.

Agora meu nome tu obterás desta forma. Dos três anjos do Æthyr, tu escreverás os nomes da direita para a esquerda e da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, e estas são as santas letras:

A primeira 1, a quinta 2, a sexta 3, a décima-primeira 4, a sétima 5, a décima-segunda 6, a décima-sétima 7.

Assim tu tens o meu nome, eu que estou acima destes três, mas os anjos do 30º Æthyr de fato são quatro, e eles não tem nenhum acima deles; daí a dispersão e desordem.

Agora vem de todos os lados ao mesmo tempo uma voz, terrivelmente grande, bradando: Fechai o véu; a grande blasfêmia foi proferida; a face de minha Mãe tem cicatrizes causadas pelas unhas do diabo. Fechai o livro, destruí aquele que rompeu o selo!

E eu respondi: Se não tivesse sido destruído ele não teria chegado até aqui, pois eu não existo senão nas trevas do ventre Daquela por quem o mal surgiu no mundo.

E estas trevas engolem todas as coisas, e o anjo desapareceu da pedra; e não há luz ali, exceto pela luz da Rosa e da Cruz.

Aumale[2], Algéria. 23 de novembro de 1909, entre as 8 e 9 horas da noite.



  1. Sob a luz do chamado de LOE, esta passagem parece significar precisamente o oposto de seu significado aparente. ↩︎

  2. «Nome pelo qual os franceses chamavam a cidade de Sour El-Ghozlane, onde mantinham uma base militar.» ↩︎


Traduzido por Alan Willms em agosto de 2021.

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