Prefácio

Este artigo é um capítulo de Ataque e Defesa Astral

Sobre a influência de forças sutis na vida humana e os habitantes do Astral.

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Prefácio

Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

A disseminação de conhecimento oculto é maior neste momento que em qualquer época anterior da história. Ao mesmo tempo, a Passagem dos Aeons, que ocorreu em abril de 1904 da era vulgar, mudou completamente as condições do desenvolvimento psíquico. As palavras de passe e os sinais religiosos das antigas fraternidades iniciáticas, e das religiões estabelecidas perderam todo o seu poder mágico. Isto é um fato de que pouca gente se tornou consciente ainda.

Livros de feitiçaria, de baixa magia, e de psiquismo passivo se aglomeram nas estantes das livrarias com tratados sobre “parapsicologia”. Charlatões inescrupulosos se arvoram em “doutores” dessa nova “ciência”. O fato é que não existe qualquer universidade séria no mundo que dê diplomas de doutorado em parapsicologia. O assunto é estudado em muitos centros de ensino, mas apenas como um ramo, ou especialidade, da psicologia ou da psiquiatria. Pessoas que alegam ser “parapsicologistas formados” são tão mentirosas quanto aquelas que alegam que existiu um homem chamado “Jesus Cristo”. Não existiu tal homem: o moto mágico “Jesus Cristo” foi uma fórmula de poder no Aeon passado, a qual, pronunciada com fé, protegia contra ataque; mas não protege mais. Pelo contrário, aqueles que usam este nome correm perigo de atrair a influência das correntes mortas que ainda circulam (por virtude do momentum adquirido durante séculos de imantação), mas que não têm mais qualquer elo com a Hierarquia espiritual que zela pelo destino da humanidade.

Quando o autor destas linhas tinha doze anos de idade ele já estudava ocultismo. Em certa ocasião sofreu um ataque mágico durante o sono: uma entidade maléfica procurou adquirir controle de seus plexos nervosos, ou “chacras”. Sentindo o ataque, mesmo dormindo eu reagi; a entidade percebendo que fora identificada, recuou em direção à janela do quarto, que estava aberta. Eu lhe bradei, conforme recomendavam os livros que estudava:

- Eu te exorcizo em nome de Jesus!

Ao dizer eu isto, a entidade (envolta em um manto negro e com um chapéu negro de abas) parou de fugir e soltou uma desafiadora gargalhada. Então, ainda rindo com desdém, saiu pela janela. Eu acordei, sentado na cama, com um pé para fora, a mão erguida no gesto de exorcismo que fizera ainda no sono, suando frio, voltado em direção à janela; e a memória daquela gargalhada chocou-me pela sua zombaria. Foi a primeira vez que percebi que as palavras rituais do cristianismo tinham perdido efeito sobre os seres do invisível. Somente onze anos mais tarde dei-me conta do motivo: a Passagem dos Aeons.

A disseminação do conhecimento oculto põe á disposição dos inescrupulosos armas e recursos para influenciar os inocentes sem que estes percebam que sua integridade está sendo atacada. A Lei espiritual da Nova Era é Faze o que tu queres. Ora, esta Lei é para todos. Aqueles que buscam influenciar indevidamente a liberdade de seus próximos estão procurando restringir a autonomia espiritual destes; e como está escrito; AL i 41, a palavra de Pecado é Restrição.(1)

No passado, as correntes espirituais das diversas religiões proviam seus crentes com alguma defesa; mas a modificação na polaridade terrestre, como já dissemos, tornou as palavras e sinais dessas religiões imponentes, ou até mesmo enganadores. Se você acredita que o nome “Jesus Cristo” tem força, e algum ente se aproxima de você quando você invoca esse nome, você naturalmente concluirá que se trata de um ente sincero e benfazejo, e não ficará em guarda contra ataque. Acontece, no entanto, que esse nome agora faz parte das forças mortas. Se você tentar utiliza-lo para se defender, não terá valor algum, e qualquer entidade maléfica pode utiliza-lo para lhe enganar. Como diz AL i 49: Ab-rogados estão todos os rituais, todas as ordálias, todas as palavras e sinais.

Este é um dos muitos pontos importantes que a maioria dos escritores sobre obsessão, ataques mágicos, etc., esquece ou evita (!) mencionar. Em nosso livro daremos numerosos exemplos práticos de defesa contra os mais diversos tipos de ataques ocultos. Esses exemplos serão tirados de nossa própria experiência, ou da experiência de nossos discípulos ou colegas. Evitaremos relatar qualquer fenômeno de que não tenhamos conhecimento pessoal. Todo mundo já ouviu falar de um amigo que tem um amigo que tem outro amigo que viu um disco voador, ou conversou com o Conde de São Germano pessoalmente! (2) As mentiras e os exageros mais incabíveis são descritos com sinceridade e até com fé na maioria dos livros de ocultismo, mas as normas disciplinares da Organização a que pertencemos nos impediriam de tais desatinos, mesmo se eles fossem de nosso feitio. Os exemplos que citamos estão documentados, e a origem será sempre mencionada. Em alguns casos, porém, principalmente aqueles que se originam da experiência de pessoas ainda vivas ou de discípulos nossos, tomamos a liberdade de mudar nomes ou locais, para proteger gente séria e dedicada contra a perseguição dos fanáticos ou a curiosidade ociosa dos falsos entusiastas.

Com a disseminação da literatura de falso ocultismo e “parapsicologia”, ataques contra a integridade psíquica de outras pessoas estão se tornando perigosamente comuns. O público médio, por enquanto, ainda não se tornou cônscio do tipo de coisa que é tentado por gente inescrupulosa que conhece um pouco dos poderes da mente humana, e se dedica a utiliza-los para fins indignos. Por causa de nossos interesses especializados, entramos em contato com vítimas de tais ataques. Muitas vezes fomos consultados sobre a melhor maneira de se defender contra enfeitiçamentos, sugestão, hipnotismo e fascínio magnético doentio. Ainda devido a nossos interesses, entramos em contato com homens e mulheres que podemos chamar de iniciados, e até de Mestres: temos visto fenômenos que transcendem em profundidade e alcance aqueles obtidos em qualquer sessão espírita, ou aqueles que são gabados como “milagres” pelas mais diversas religiões. Temos participado em combates nos planos sutis, e obtido o apoio daquela força policial oculta que, sob a autoridade da Hierarquia espiritual, mantém guarda sobre todas as nações. Já houve ocasiões em que, como todos os iniciados em alguma etapa de suas vidas, fomos forçados àquela vigília mágica em que o aspirante não se atreve a dormir enquanto o sol está abaixo do horizonte; já afrontamos aquela pressão esmagadora que só se desfaz quando a fase da lua muda, e a força de um ataque magnético se desgasta e apaga.

Foi o contato com pessoas que conheciam os nossos interesses, e nos procuraram para consulta que nos levou a escrever este livro; mas é necessário que façamos uma cuidadosa distinção entre aquilo que é realmente uma experiência psíquica e aquilo que é apenas auto-sugestão ou uma perturbação psicossomática de origem fisiológica. Não é fácil (para ocultistas prudentes!) ter certeza de que a pessoa que se queixa de um ataque sutil não está meramente sofrendo o tumultuar de seus próprios recalques, ou não está fisicamente enferma. Histeria, psicose e distúrbios glandulares em geral são, pelo menos por enquanto, bem mais comuns que um caso legitimo de – por exemplo – possessão ou obsessão demoníaca; nem sabe o público, e muito menos os teólogos, aquilo que um ocultista iniciado quer dizer quando fala dos “demônios”. Todos os fatores possíveis têm que ser considerados quando investigamos uma situação que alguém alega ter sido causada por um ataque astral; e nas páginas que seguem procuraremos descrever não só os métodos de defesa contra esse tipo de crime, como também a maneira de perceber aqueles casos que deveriam antes estar nas mãos de um neurologista, um psiquiatra, e às vezes até mesmo de um cirurgião.

Devemos ainda, por outro lado, prevenir as pessoas imaginativas ou sugestionáveis contra o estudo deste livro. Seria preferível para elas que não nos levassem a sério, e encarassem o que segue apenas como outro conto de horror fantástico, ou ficção científica. Esta obra está dirigida a estudantes sérios e aqueles que se sentem confrontados pelos problemas que ela descreve. É necessário, neste momento, psiquicamente turbulento da história da humanidade, abrir os olhos de homens e mulheres mais evoluídos quanto à natureza das forças com as quais vamos entrando mais e mais em contato à medida que a humanidade progride.

Amor é a lei, amor sob vontade.

(1) Esta e outras referências são a capítulo e versículo de Líber AL, O Livro da Lei. Veja-se O EQUINÓCIO DOS DEUSES para o texto completo.

(2) Franz hartmann, em certa ocasião, publicou um retrato que, segundo ele, lhe fora dado por Helena Blavatsky, com a declaração de que era um retrato dela em sua encarnação de Cagliostro. Acontece, entretanto, que se trata de uma cópia de um retrato de um dos reis da Prússia, e o original ainda se encontra dependurado num museu alemão! Ficamos sem saber se Franz hartmann mentiu despudoradamente, ou se a Mestra se divertiu á custa dele.

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