X – Sobre o Simbolismo do Auto-Sacrifício e da Crucificação Contidos no Grau de 5=6

Este artigo é um capítulo de Os Pergaminhos Voadores

Uma explicação do simbolismo do Ritual do 5=6 e de como se dá a transição da consciência do Iniciado para a do Adepto.

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Pergaminho Voador Nº X
Sobre o Simbolismo do Auto-Sacrifício e da Crucificação Contidos no Grau de 5=6

Pelo G.H. Frater D.D.C.F. (S.L. MacGregor Mathers)

Esta preleção foi entregue na sexta-feira, 31 de março de 1893, aos Adepti em Colégio Reunido.

Lidando primeiramente com os diagramas na Primeira Ordem e seguindo para cima, será percebido que no menor Grau no Exterior (0=0) não existem diagramas propriamente ditos, mas que sobre os dois Pilares está representado o simbolismo da passagem da Alma no Ritual dos Mortos egípcio: isto sendo como se fosse um aspecto sintético a ser desenvolvido e explicado com o avanço do candidato através dos vários estágios.

Após o primeiro Grau vem o 1=10, onde encontramos a primeira forma das Sephiroth na Árvore da Vida; – essa é a representação da Espada Flamejante que desce, mas só depois do 2 = 9 que começamos a encontrar o verdadeiro simbolismo do auto-sacrifício.

O Diagrama do Altar do 2=9, portanto, representa a Serpente da Sabedoria enroscada através dos Caminhos. No Grau 4=7, no entanto, lhe é mostrada a mesma Serpente, sua representação sendo a da Serpente Nechushtan. Esta era a Serpente de Bronze que Moisés fizera no Deserto, e que estava enrolada ao redor do Pilar da Suavidade – tendo três barras transversais sobre ele – representando uma espécie de cruz tripla.

Tratando agora do Diagrama do Altar do Grau de 3=8, será visto que Adão é a parte de Tiphereth: na qual ele está estendido. Isto quer dizer que a forma do homem é projetada a partir daí.

A figura de Eva está em Malkuth sob a forma do Suportador.

A primeira forma ideal do Homem está em Adão Kadmon – por trás da forma de Kether e, por assim dizer, o protótipo da forma de Tiphereth. Este Tiphereth responde à letra Vau do Nome Sagrado, como a representação do Príncipe. A letra Vau também representa o número Seis e Adão foi criado no Sexto Dia, pois Tiphereth é o símbolo da Criação. Além disso, o Hexagrama consiste de duas formas, Fogo e Água; – ou seja, o Fogo ideal e a Água ideal; o Espírito e a Água da Criação, – o Éter espiritual e o Fogo Etéreo (o Fogo do Espírito Santo). Assim, na Criação, o Homem está estendido a partir de Tiphereth, ou seja, o momento em que Adão é criado, esse é o início da reflexão da Tríade inferior, e, finalmente, de Malkuth. Eva é a síntese da Criação e representa a Mãe da Vida, como é o nome ChaVaH. O diagrama do 3=8 assim representa o estabelecimento da vida, ou seja, da vida criada, e o Bem e o Mal são representados em Malkuth, e é a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, porque é o ponto de equilíbrio entre o Bem e o Mal: pois somos postos no corpo material para dar a vitória para aquilo que queremos. Daí o significado das palavras da Serpente, “Sereis como Deuses, conhecendo o Bem e o Mal”. Mas o conhecimento do Mal trouxe consigo a descida às Qlipoth, e embora Malkuth esteja diretamente envolvida na “queda”, não se pode dizer que as Sephiroth imediatamente acima realmente entraram no conhecimento do Mal. Portanto, no relato alegórico da Criação no Gênesis, é dito que o Homem é reprimido de estender sua mão para pegar da Árvore da Vida, de modo a não envolver as Sephiroth superiores na “Queda”, que, (estando ele desequilibrado em si mesmo) só teria precipitado desastre.

No Diagrama do 4=7 encontramos a Queda representada, e a consequente ascensão do Dragão, que no Diagrama do 3=8 está representado enrolado abaixo de Malkuth no Reino das Conchas; mas ele só ergue as suas cabeças até as Sephiroth pelo direito das Coroas dos Reis de Edom.

Estes últimos representam os Mundos de força desequilibrada antes da Criação ser estabelecida. Além disso, eles simbolizam os lugares das Sephiroth, que estão vazios e antes da luz preencher as cavidades [1]. “Antes de todas as coisas havia as Águas, e as Trevas, e as Portas da Terra da Noite”. Note também a Guerra dos Titãs que se levantam e lutam contra Júpiter.

Portanto, os Reis Edomitas não são completamente malignos, mas eles estão parcialmente conectados com o Mal. São as Forças da Restrição.

O resultado, portanto, num plano mais elevado na Árvore, é que a Grande Serpente sobe até Daath, e se os Quatro Mundos forem colocados sobre a Árvore em si, pode-se observar que o corte da Serpente está entre Yetzirah e Briah. Assim, o Mal não pode surgir no Mundo de Briah, ou mesmo ultrapassar os limites de Yetzirah. Mas se buscamos a correspondência do Mal nos Mundos de Briah e Atziluth, será descoberto que ele consiste em uma forma menor do Bem – uma Força limitadora, restringente e amarradora, sem a qual você não pode ter a Forma nos planos superiores. Somente nos Mundos de Yetzirah e Assiah que o análogo deste princípio se torna absolutamente Maligno.

Esta ideia foi expressa pelo gnósticos quando disseram que o Achamoth[2] tentou entender o Pleroma, e não podia compreendê-lo, e de sua tristeza se formaram os demônios e os espíritos malignos.

Se, portanto, procuramos instituir uma analogia entre o Microcosmo, será visto que o Nephesch se refere a Malkuth e Assiah. Ruach se referirá a Yetzirah, que é o Mundo da Formação; portanto o princípio formativo operando em Ruach dá forma a todas as ideias, e é isso o que pesa, equilibra, e opera nas coisas. O Ruach também pode ter um lado maligno.

Neschamah se iguala às mais altas aspirações da Alma, que aspiram ao ideal. Não pode haver nenhum lado positivamente maligno no Neschamah: – haverá apenas uma aspiração maior ou menor.

Se o Ruach conquistar o Neschamah; se o Neschamah procurar o bem inferior, ambos estarão arruinados. Não se pode dizer que seguir uma ideia falsa seja exatamente maligno, mas é um Bem menor do que deveria ser.

O Neschamah responderá ao mundo de Briah: – assim também Chiah, que é atribuído a Chokmah, mas você não pode tocar sua própria parte de Yechidah com o seu Ruach, – você deve usar a consciência do Neschamah. Este Yechidah, juntamente com Chiah, é o “Gênio Superior”, embora isso também não seja o Self Altíssimo. Pois dentro e além de Kether residirá uma parte do ser que é impossível de entender, e que só se pode ter como objetivo; este é a Alma Altíssima, e respondendo a parte mais alta de Yechidah, não pode ser tocado pelo Neschamah. Deve haver um modo de transferir a síntese da consciência que forma o Homem a esta Sephirah superior. A queda, que separa as Sephiroth superiores das inferiores em Daath, foi também a nossa descida para esta vida, por assim dizer, daquela Alma Mais Alta e Superior. Portanto, nosso objetivo é entrar em contato com aquilo novamente, e isso só pode ser feito através do Neschamah, que é a Mãe Divina da Alma, – nosso Aima.

Quando o candidato entra na Cripta e ajoelha-se no segundo ponto, ele o faz no centro do Altar acima da forma simbólica do Adepto, que é a síntese dos lados da Cripta, de onde ele saiu e ocupa uma posição central entre Kether e o Mundo das Sombras, – estando ali protegido pela glória crescente da Cruz Dourada e da Rosa. Então é dita esta Oração: “A Vós, Único Sábio, Único Poderoso e Único Eterno, o Louvor e a Glória para Sempre”. Agora o Macroprosopo, o Amém, que deve ser visado aqui, – o Senhor de Kether que permitiu que o Aspirante que agora se ajoelha diante Dele entrasse tão longe no Santuário de Seus Mistérios (que está no Centro do Universo) . Não a nós, mas ao Seu Nome seja a Glória (que é o Nome YHVH com a adição da letra Shin). “Que a influência de Vossos Seres Divinos desça sobre a sua cabeça”, (Estes Seres Divinos são as Forças Angélicas, e o Self Superior está na natureza das Forças Angélicas, da mesma forma que o Self Altíssimo está nas do Divino), “e lhe ensine o valor do Auto-Sacrifício para que ele não recue na hora da prova, mas para que assim seu nome seja registrado no alto” (ou seja, que o NOME Divino formulado nele possa ser erguido, por assim dizer, às alturas) “ e para que o seu Gênio possa estar na Presença do Santo” (cujo Gênio será uma poderosa Força Angélica, e de forma muito diferente dos personagens insignificantes que somos aqui) “na hora em que o Filho do Homem for invocado, perante o Senhor dos Espíritos e o Seu Nome pronunciado na Presença do Ancião dos Dias”.

Esta será a forma sintética do Filho do Homem, o BEN ADAM, que é a síntese do Ruach do Universo; em outras palavras, a alusão é ao Grande Deus do Mundo de Yetzirah, ou o Microprosopo, o Filho do primeiro Adão, quando ele é invocado diante do Senhor dos Espíritos, que só pode estar em Kether; e seu Nome na Presença do Ancião dos Dias. “Aquele que é antigo perante os Deuses, antigo perante o tempo, antigo perante a formação dos Mundos, Ele o ETERNO AMÔN – ou até mesmo Aquele que está antes de AMÔN, Cujo somente as plumas do cocar de Amôn tocam”.

Agora o que precede representa em partes o modo pelo qual o Iniciado se torna Adepto: – o Ruach dirigido de acordo com os sussurros do Neschamah evita que o Nephesch seja a base das Forças do Mal, e o Neschamah o coloca (o Ruach) em contato com o Chiah, ou seja, o Gênio que está na Presença do Santo (= Yechidah = Self Divino), que está, por assim dizer, diante do Deus de Todas as Coisas sintético. Essa é a única forma real de se tornar o Adepto Maior, e depende diretamente da sua vida e suas ações na vida.

E sobre a tampa do Pastos esse processo é resumido simbolicamente: ali vemos o Homem que sofre, misericordioso e justo, diante de cuja justiça e pureza as cabeças do Dragão caem de volta, mas na metade superior é retratado um enorme e flamejante Deus, o Homem completamente iniciado, – o Adepto que atingiu sua Iniciação Suprema.

Será percebido que no Diagrama do 4=7 as cabeças do Dragão apanharam as Sephiroth, mas, conforme antes observado, na tampa do Pastos elas estão caindo de volta da figura da Cruz – elas só são desposadas pelo sacrifício do Self Inferior.

Lembre-se daquela passagem em um dos Edas: “Eu fiquei pendurado na Árvore três dias e três noites, ferido com uma lança, eu mesmo sendo um sacrifício oferecido ao meu Self (Altíssimo), – Odin para Odin”. Também será percebido que esta maneira de olhar o assunto faz de uma vez só uma reconciliação entre o relato no Evangelho de Cristo como um Homem calmo, pacífico, e misericordioso, e a representação no Apocalipse de um Deus terrível e flamejante. Um olhar sobre a metade superior do Pastos mostra a descida como uma Espada Flamejante que expulsa o Mal, – tudo que cerca estando branco com o brilho. “E Ele tinha em Sua mão direita Sete Estrelas… e as Sete Estrelas representam os (Arc)anjos das Sete Igrejas”, ou Moradas em Assiah, a Seus pés…

A vida das Nações é como a vida dos homens; – nascem, tornam-se intelectuais, dirigem esse intelecto para fins negros, – e perecem. Mas de vez em quando, no final de determinados períodos, há crises na história do Mundo maiores do que em outros períodos, e nesses momentos torna-se necessário que Filhos de Deus sejam encarnados para liderar na nova era do Universo. Eu não afirmo que Cristo necessariamente foi um homem que obteve o Adeptado nessa encarnação, mas sim alguém que já obteve o Adeptado e desceu para ser encarnado novamente para conduzir para a nova era. Foi, no entanto, necessário na crucificação de tão grande Alma, – de modo que a forma pudesse realmente sofrer, – que tudo, exceto o Nephesch, fosse retirado, o que seria a razão do grito do Nephesch, “Meu Deus, meu Deus, por que Tu me abandonaste?” Pois o Nephesch que foi temporariamente abandonado neste caso foi o manto daquela encarnação. Em outras palavras, a única parte mortal ao redor do Homem, ou de Deus, e então somente após incorrer nessa morte física, por assim dizer, que as outras partes divinas poderiam subitamente descer e torná-lo no corpo ressuscitado ou glorificado, que, de acordo com a descrição, após a Ressurreição tinha a solidez aparente do corpo normal e as faculdades do corpo do Espírito. Porque uma vez que você obtenha a grande Força do Altíssimo para enviar seu Raio e limpar abaixo através do Neschamah na mente, e daí, em seu corpo físico, o Nephesch seria tão transformado que o tornaria quase como um Deus caminhando sobre esta Terra.

O Ruach, então, tem que passar por uma certa repressão e sofrimento para alcançar a sua Apoteose – que é o Trabalho do nosso Adepto.

No Adepto completamente Iniciado, o Nephesch está tão retirado no Ruach que até mesmo as partes mais baixas destes dois princípios deixam de ser aliadas ao corpo e são atraídas às primeiras seis Sephiroth. Isso novamente é mostrado no Juramento, onde você diz: “Eu me comprometo daqui por diante a entregar-me à Grande Obra, que é exaltar a minha natureza inferior para que eu possa finalmente me tornar mais do que humano, e, assim, ascender gradualmente e me unir ao meu Gênio Superior e Divino”. Se é algo muito grande unir-se ao Gênio, quão mais deve ser unir-se ao Deus que está por trás disso!

Olhando para o Pastos, será visto que ele representa uma espécie de cubo triplo, a totalidade do qual estando posta entre a Luz e as Trevas. A tampa é metade Luz e metade Trevas (a extremidade superior é o símbolo da Luz, e a inferior o símbolo das Trevas), enquanto os lados têm as Cores postas entre a Luz e as Trevas. Na cabeça está colocada a Cruz Dourada grega, representando o Espírito e os Elementos, e uma Rosa Vermelha de sete vezes sete Pétalas, e há quatro Raios que saem dela. Mas aos pés, – aquilo em que os pés repousam, como se fossem exaltados por isso, – está a Cruz exaltada sobre um Pedestal de Três Degraus, ou seja, a Cruz do Juramento. Este último é também até certo ponto representado na parte superior, na forma crucificada, e simboliza o sacrifício voluntário da Vontade Inferior, que é incidental para aliar o intelecto com as aspirações mais elevadas e ao estabelecimento de sua consciência ali: – assim, se a consciência ordinária for centrada no Ruach, você pode tocar o Neschamah, enquanto se estivesse no segundo, você poderia tocar o Gênio.

Agora essa transferência de consciência de Ruach para Neschamah é um objetivo do cerimonial do Ritual de 5=6: – é uma coisa que será mais facilmente compreendida quando o Grau de Adepto Adeptus Minor for atingido. É especialmente destinado a efetuar a mudança de consciência para o Neschamah, e existem três lugares onde isso pode acontecer. O primeiro é quando o Aspirante está na Cruz, porque assim ele está completando exatamente o Símbolo da Abnegação do Self Inferior e a União com o Self Superior: – e também há a invocação do Anjo H.V.A.

O segundo lugar é quando ele toca a Rosa sobre a representação de C.R. na Cripta, quando ele tomou sobre si os símbolos do sofrimento e do auto-sacrifício, e diz que sua vitória está na Cruz da Rosa.

O terceiro lugar é quando ele entra na Cripta no Terceiro Ponto e se ajoelha e o Adepto Chefe diz: – “Eu sou o Reconciliador com o Inefável. Eu sou o Habitante do Invisível. Que o Brilho Branco do Espírito Divino desça”.

Nestes três casos uma possível troca da consciência do Ruach ao Neschamah é iniciada, de modo que ele entendendo ou não, o Aspirante na verdade se aproxima de seu próprio Gênio [3].

A parte mais completa do contato real está no Terceiro Ponto, onde o Adepto Chefe diz: – “Eu sou a Ressurreição e a Vida! Aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em Mim, nunca morrerá”. Ou seja, se você pode viver à vontade no Neschamah e tocar o Gênio, você terá dado um grande passo em direção ao Elixir divino, pois você será digno de sentar-se com os Deuses, e aquilo que você beber será o real Elixir, o Elixir do Espírito da Vida.

Então o Segundo Adepto diz: – “Eis a Imagem do Ser Justificado, crucificado sobre a Cruz dos Rios Infernais de Daath”, e o Terceiro Adepto mostra a antítese deífica, – a Exaltação no Divino. Então o Adepto Chefe diz novamente: – “Eu sou o Primeiro e sou o Último” – o Aleph e o Tau, e o Yod e Heh final do Nome Sagrado, – “Eu sou Aquele que vive e foi morto, mas eis! Eu estou vivo para sempre, Amém”, que está usando o nome da divindade egípcia AMÔN, ou Amém, que representa a Força Ideal de Deus, – “e tenho as Chaves da Morte e do Inferno” (porque se você está em Malkuth e mantém o seu contato com os Deuses, você possui as chaves do que está abaixo).

Mas o Self Inferior todo este tempo tem uma existência, pois certamente não foi completamente eliminado: – é lançado para fora do Nephesch, embora ainda preservando um vínculo com ele, desce às Qliphoth, e neste contexto, é bom observar que o que pode ser realmente Maligno neste Plano da Terra pode ser até mesmo como um Deus entre os Demônios.

As palavras “Ele desceu até o Inferno” tem tal significado.

Este Terceiro Ponto, portanto, representa a Consecução do Divino: – e o Segundo Adepto procede dizendo – “Aquele que tem ouvidos que ouça o que o Espírito diz às Assembleias”, (ou seja, em Malkuth) e se a Voz do Divino é encontrada em Malkuth, ele deve encontrar o seu eco nos Reinos abaixo.

Então segue-se a exaltação em Neschamah da Consciência do Adepto Chefe, cuja Voz parece como se ele estivesse simbolicamente de pé com a cabeça em Atziluth, de onde sua Voz ressoa através dos Mundos, afundando abaixo de Malkuth até o Reino das Conchas, e ele diz: – “Pois eu sei que o meu Redentor vive” (o Redentor é Aquele que traz de novo) “e que Ele se erguerá sobre a Terra no último dos dias. Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim, etc.”. Esta passagem inteira do Adepto Chefe é formada por um conjunto de enunciados que são, por assim dizer, os discursos dos Grandes Deuses, que ele só pode ouvir quando ele estiver ainda mais exaltado em Kether. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” é a Tríade Refletida. “Ninguém vem ao Pai senão por Mim”. Então o Neschamah fala; até “Eu entrei no Invisível”. Então é como se a Consciência passasse ao Gênio, que diz: “Eu sou o Sol em Sua ascensão; Eu passei pela hora da Nuvem e da Noite”.

Depois segue-se: – “Eu sou Amôn, o Oculto, o Abridor do Dia”, – como o Grande Deus em Atziluth – “Eu sou Osíris Onnophris, o Justificado”, que é aperfeiçoado na Balança e elevado acima de todas as considerações que vêm de Maya, ou ilusão, e Que busca somente a vida eterna de cima, e depois, como se estivesse em um momento supremo “Eu sou o Senhor da Vida triunfante sobre a Morte. Não há nenhuma parte de Mim que não seja dos Deuses”. (Que é a Voz de Kether). Isso novamente é seguido por um clímax sintético, como se todos os Divinos se unissem na enunciação: “Eu sou o Preparador do Caminho, aquele que Resgata para a Luz! Que da Escuridão surja a Luz”!

Então se pede que o Aspirante diga: – “Antes eu era cego, mas agora vejo”, – representando mais uma vez a cegueira para com a Consciência do Neschamah e a passagem a isto.

Ao qual o Adepto Chefe diz: – “Eu sou o Reconciliador com o Inefável! Eu sou o Habitante do Invisível! Que o Brilho Branco do Espírito Divino desça!”

Agora é dito que o Aspirante levante como um Adeptus Minor da Rosa de Rubi e da Cruz de Ouro, no Sinal de Osíris Assassinado, – e então “Recebemos-te como um Adeptus Minor no Sinal da Retidão e do Auto-Sacrifício”.

Então segue a afirmação das três partes com – O Adepto Chefe diz:

“Seja tua Mente aberta ao Superior”. Segundo: “Seja o teu Coração um Centro de Luz”, e Terceiro: “Seja o teu Corpo o Templo da Rosa Cruz”.

Então a Palavra de Passe é anunciada, que é formada a partir do Número Místico do Grau, 21, – esta Palavra de Passe, no entanto, é o Nome Divino de Kether, Eheieh, – e é usada como a Palavra Passe deste Grau de Tiphereth a fim de confirmar a ligação entre os dois.

Então o Adepto Chefe diz que a Palavra-Chave é I.N.R.I. Os próprios três Adeptos representam Chesed, Geburah e Tiphereth. O Criador, o Destruidor e o Que é Sacrificado, ISIS, APÓFIS e OSÍRIS = o nome de IAO. O Símbolo de Osíris Assassinado é a Cruz; L é o Sinal do Luto de Isis; V é o Sinal de Tifão e Apófis; X o Sinal de Osíris Ressuscitado; = LVX, a Luz da Cruz, ou aquilo que simboliza o Caminho para o Divino através do Sacrifício. Desta forma o simbolismo em sua totalidade representa a Exaltação do Iniciado no Adepto.


[1] A Luz que desce e preenche as cavidades encontra-se alegoricamente demonstrada na história da usurpação do irmão mais novo na história de Esaú e Jacó.

[2] Os gnósticos chamaram isso de Achamoth, mas provavelmente essa foi uma corrupção de Chokmutha.

[3] Existem alguns casos em que o Gênio pode ter atingido uma altura e caído; isto é, quando tendo tocado o Ruach em uma encarnação, foi tão moldado pelos sofrimentos da parte inferior que consentiu naquele momento em afrouxar a tensão da sua União. Agora, se a parte do Gênio, em vez de identificar-se com a parte de Deus se identifica muito com o Neschamah, uma Queda do Gênio ocorre, que não é de todo maligna, mas que pode implicar um certo efeito ruim.


Traduzido por Alan Willms

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