Quase tudo que sei sobre o Plano Astral

Este artigo é um capítulo de Quase Tudo que Sei Sobre a A∴A∴

Intercambiavelmente chamado de Plano Espiritual, Mundo dos Sonhos, Tuat/Amentet, entre outros.

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Quase tudo que sei sobre o
Plano Astral

Neste artigo é abordado:

  • Contexto
  • Especulações
  • Utilidade
  • Técnicas
  • Colocando em prática
  • Dicas e truques

Contexto

Plano Astral, intercambiavelmente chamado de Plano Espiritual, Mundo dos Sonhos, Tuat/Amentet, entre outros, são nomes dados a um plano de consciência que parece funcionar paralelo à vigília ou em segundo plano a esta.

Escolas de pensamento diferentes poderão dizer que há uma grande diferença entre o que uma nomenclatura ou outra indica. Que por exemplo, “Tela Mental” é um fenômeno que envolve visualização e criatividade, enquanto “Plano Espiritual” se refere a uma dimensão objetiva na qual residem espíritos desencarnados. Quanto a estas afirmações, nunca encontrei alguém que pudesse endossá-las a não ser através do viés de suas crenças pessoais ou das de seu grupo.

O que eu posso afirmar — e que qualquer um pode verificar por si se desejar — é que é possível sintonizar a mente de forma a acessar um mundo de ideias e objetos que surgem espontaneamente sem que a mente consciente as escolha ou formule. O exemplo mais trivial é o sonho: Durante o sonho, salvo exceções, você não escolhe os cenários, os personagens, e muito menos o roteiro. São todos expressão de um processo alheio a decisão consciente.

Este assunto é de particular interesse na Astrum Argentum à partir do grau de Neófito, sobre o qual Uma Estrela à Vista afirma que “Deve adquirir controle perfeito do Plano Astral.” e em Colegii Sancti no item 4 de sua tarefa que “(…) Ele também será examinado em seu poder de Viajar na Visão do Espírito.”

Esse mundo de ideias além da consciência normal, as vantagens de explorá-lo e alguns métodos para o fazer é o que pretendo expor neste artigo.

Especulações

Imagine que você sonha com uma antiga conhecida. No sonho você havia perdido dinheiro em uma aposta para ela, e ela lhe pede que quite a dívida pois quer o dinheiro para fazer uma tatuagem de uma serpente que vai da coxa ao seio direito. Quando você acorda você reflete a respeito: Quem se comunicou com você no sonho?

Se sua amiga já faleceu, dependendo de suas crenças você pode considerar que na morte, quando o corpo não sustenta mais a vida, uma parte do indivíduo se desprende dele e passa a habitar outros planos. Nestes termos aquela poderia de fato ser sua amiga lhe trazendo uma mensagem do além. Se ainda viva, poderíamos postular que uma parte de quem ela é abandonou o corpo sem que ela estivesse consciente disso e tomou forma em seus sonhos.

Por mais fantasiosa que possam parecer as hipóteses acima, considere o seguinte: Cada pessoa que você percebe deixa uma impressão em você. Tudo que você sabe sobre ela, suas memórias com esta pessoa, as emoções que nutre por ela, o que você sente instintivamente sobre ela, etc. deixam suas impressões no seu consciente e inconsciente.

Quanto maior a convivência com essa pessoa, mais vasto e profundo se torna o repertório do que ela é para você. Nesse sentido, embora ela não seja objetivamente aquele indivíduo do sonho, ela é uma emulação daquele indivíduo, e ainda que uma sombra ou um reflexo do original, possui pedaços daquele original. Alguém pode argumentar que esses pedaços não são o indivíduo, e sim a sua percepção dele. O mesmo podemos dizer sobre aqueles com quem você conversa cara a cara.

Talvez você diga “Ok, mas esse conjunto de percepções sobre a pessoa não tem livre arbítrio, ela não escolheu se manifestar, nem escolheu a narrativa que interpretaria.” Concordo. Me parece que quem o fez foi você mesmo. Uma parcela de si mesmo sobre a qual você não exerce qualquer controle escolheu dentro do seu conjunto simbólico aquela sua amiga, e criou uma narrativa na qual você e ela interagem. Por que destas escolhas? O que essa parte de si mesmo está tentando dizer? Ela tem uma mensagem para você? Ela é expressão de alguma fantasia ou vazão para algo reprimido?

Pontos de vista muito interessantes para compreensão do fenômeno e interpretação deles são dadas em nosso Liber Aleph nos capítulos de 8 a 15.

Liber O é a principal instrução dada para que o Neófito se desenvolva no Plano Astral, e nele lemos a respeito dessas especulações:

  1. Neste livro é falado das Sephiroth e dos Caminhos, de Espíritos e Conjurações; de Deuses, Esferas, Planos, e muitas outras coisas que podem existir ou não.É irrelevante se elas existem ou não. Pois fazendo certas coisas, certos resultados seguirão; estudantes devem ser seriamente advertidos a evitar atribuições de realidade objetiva ou validade filosófica a qualquer uma delas.3. As vantagens a serem obtidas delas são as seguintes:
    a. Uma ampliação do horizonte mental.
    b. Um aperfeiçoamento do controle da mente.

Utilidade

Podemos considerar o Plano Astral uma interface, ou seja, o elemento que proporciona uma ligação entre dois sistemas ou partes de um sistema que não poderiam ser conectados diretamente. Por exemplo, ao utilizar o seu computador você usa teclado e mouse para inserir informações transferidas de você para o computador, e a tela e caixinhas de som para trazer informações do computador para você.

Da mesma maneira, podemos dizer que o Plano Astral permite através dos métodos adequados, que você insira informações e comandos bem como extraia informações daquele plano de ideias abstratas que transcendem sua mente consciente. Mais ainda, nas palavras de Liber Aleph:

Desde que a Direção de tais Jornadas é conscientemente comandada, pelo verdadeiro Ente, uma vez que sem Aquele nenhuma Invocação seria possível, nós temos aí uma Cooperação ou Aliança entre o Ente Interno e o Ente Externo, e assim uma Consecução, pelo menos parcial, da Grande Obra.

A prática lhe dará a capacidade de fazer isso com tanta facilidade quanto você tem de inserir e extrair informações da internet usando seu smartphone.

Em nossa cultura, desde tenra idade passamos por um adestramento intelectual e social que tende a nos distanciar desta interface. Somos ensinados a manter os pés no chão, a não sonhar acordado, a dar importância apenas às coisas concretas. Pouco a pouco perdemos contato com nossa imaginação, intuição e até mesmo com nossas emoções.

Alguns principiantes — quanto mais distanciados desse tipo de vivência pior — podem sentir que no início seus resultados são tênues demais e pensarão não ser capazes de resultados. A esses, recomendo que persistam como alguém que perdeu os movimentos do corpo após um acidente persiste na fisioterapia, e assim como este se alegra mesmo ao mover novamente um dedo, você se alegre mesmo nos menores resultados.

Em contrapartida, existem aqueles que por um desenvolvimento incomum de sua estrutura neurológica, tem extrema facilidade de acessar esse plano. Quando não possuem controle do fenômeno e os planos se misturam a ponto do indivíduo não saber distinguir um do outro, temos quadros de onirismo e alucinação. Quando isso prejudica a capacidade do indivíduo de desfrutar de uma vida plena e produtiva o ideal é procurar tratamento com neurologistas, psiquiatras e/ou terapeutas. Alguém que tenha sido assim diagnosticado por um profissional qualificado ou tenha notado em si a dificuldade de separar os planos deve ter redobrado cuidado com o que Liber O diz no item 4 de sua primeira seção (negritos por minha conta):

4. O estudante, se obter qualquer tipo de sucesso nas práticas que se seguem, será confrontado por coisas (ideias ou seres) deslumbrantes ou terríveis demais para serem descritos. É essencial que permaneça o mestre de tudo que vê, ouve ou concebe; ou será escravo de ilusões e vítima da loucura.

Através do Plano Astral podemos:

  • Explorar partes de nós mesmos e do universo que são inacessíveis para a consciência normal;
  • Inserir comandos e instruções para que forças alheias a consciência normal causem mudanças em conformidade com o que o indivíduo deseja;
  • Regular funções do corpo físico, estimulá-las ou sedá-las;
  • Dar vazão à fantasias em verdadeiros psicodramas de um ente só;
  • Viver ou reviver simulações de experiências inconvenientes de se fazer no plano material;
  • Realizar outras práticas em multitarefa enquanto o corpo físico está em repouso ou ocupado com algo automático;
  • Promover o conhecimento e integração das partes do ser;
  • Etc., etc. Conceba outras do teu próprio engenho.

Técnicas

Deixadas de lado todas as alegações metafísicas sobre uma técnica ou outra, o que se nota é uma variação em quanto se está no extremo da vigília ou no extremo da inconsciência.

Sonho:

Se totalmente inconsciente não haverá sequer memória. Um pouco mais consciente e você será o observador ou personagem passivo dos símbolos vindos do inconsciente, estará sonhando. Aqui é onde o inconsciente tem mais liberdade para se expressar, mas ao mesmo tempo onde você terá menos controle para interferir. Apesar de estar em posição de observador passivo, há muito a se aprender sobre si mesmo através do registro e interpretação dos sonhos.

Sonho Lúcido:

Um passo adiante na direção da consciência, e você estará em um sonho lúcido. Nele você percebe estar sonhando, e dependendo de sua experiência poderá viajar pelo sonho e manipular seu construto. Agora um sonhador ativo, você pode manipular os símbolos afim de direcionar a viajem, ou inserir ali instruções ou mensagens para além do consciente, que por sua vez poderá direcionar estas inserções para além de si mesmo por caminhos dos quais sua mente consciente não dispõe.

Geralmente o “firewall” do seu ser cujo objetivo é proteger sua mente consciente de acessar ou realizar alguma coisa que possa prejudicá-la — o ego protegendo a si mesmo — entrará em ação para “censurar” o seu acesso. Ele o faz te “desligando” do sonho e fazendo com que você desperte, ou então te entorpecendo de forma que você volte a posição de sonhador passivo.

Indução de estados alterados de consciência

Podemos encaixar aqui os estados alterados de consciência causados por meditação profunda, transe hipnótico, fortes cargas emocionais e stress, efeito de substâncias psicoativas, privação sensorial, etc. Nestes você estará mais ou menos consciente conforme a potência do método utilizado para lhe inserir neste estado. Alguém que inalou alguns poucos miligramas de vapores de DMT obviamente estará mais consciente do que alguém sedado com Cetamina para um procedimento cirúrgico. Quanto mais potente a técnica de meditação, hipnose, droga, etc. menos o “fiscal dos sonhos” terá poder de te desconectar. Entretanto, mais fácil será que você perca a consciência e se torne um sonhador passivo.

Visão do Espírito

Mais um passo na direção da vigília e temos o indivíduo acordado, porém relaxado e em leve alteração de consciência em que ele projeta em sua “tela mental” os símbolos que preferir, ou se coloca em uma observação passiva desta tela mental na qual o Plano Astral se manifestará em imagem e som, ao mesmo tempo que o indivíduo permanece totalmente consciente de seu corpo físico e do ambiente ao seu redor.

Ele poderá abrir sua visão do espírito para um plano paralelo ao da visão física, ou sobrepor a visão do espírito por cima da visão física, misturando-as. É a técnica em que se tem maior controle consciente, mas onde a experiência tende a parecer menos vívida em comparação com as outras. Um iniciante praticando o Ritual de Banimento do Pentagrama ou assumindo uma Forma-Deus é um perfeito exemplo disso.

Certamente existem outras variações e técnicas. A constante é que se você deseja mais controle e conservar as funções racionais, escolha e regule as práticas para estar mais desperto. Se deseja imersividade e observação passiva, busque práticas em que fique menos desperto. O controle fino disso vem mediante prática e amadurecimento.

Colocando em prática

Visão do Espírito

Como dito anteriormente, Liber O vel Manus et Sagittae é a principal instrução dada ao Neófito da A∴A∴, e contém exercícios que se praticados com disciplina conduzirão aos resultados independente da pessoa ter ou não experiência prévia ou facilidade com as práticas.

Logo em sua introdução, ele informa que “antes de iniciar tais práticas, o estudante deve ter boa saúde, e ter obtido algum domínio em Asana, Pranayama e Dharana”, e tenho visto isso quase sempre ser negligenciado a despeito do item 9 do Juramento/Tarefa do Neófito. Recomendo que não negligencie esta indicação pois estas práticas cujas instruções básicas são dadas em Liber E vel Exercitiorum são úteis para a viagem astral como afiar a faca é para o açougueiro.

  • Asana tornará o corpo que quase sempre é um opositor a esta prática em um aliado. De inquieto e sedento por estímulo, pouco a pouco se tornará tranquilo e prestimoso.
  • Pranayama lhe ensinará a cultivar e controlar o fluxo energético que é o combustível da magia além de familiarizá-lo com nuances do seu sistema nervoso autônomo. Além disso Pranayama pode regular seu sistema imunológico e reduzir ação inflamatória como já foi demonstrado em estudos publicados em revista científica classe A2 (classificação máxima de credibilidade).
  • Dharana — cujo aperfeiçoamento é facilitado pelas práticas anteriores — lhe ensina a direcionar e manter a atenção da mente concentrada, habilidade muito útil para qualquer interação astral e na prática da magia.

Em sua seção II, Liber O trata da memorização de certas correlações simbólicas. Assim como memorizar livros sagrados, uma das utilidades disto é fornecer símbolos comuns à sua interface que possam agir como um “dicionário”. Pela própria natureza do Plano Astral, a comunicação direta e racional nem sempre é possível, e se familiarizar com os símbolos adequados facilitará inserir ou extrair informações dali.

Da seção III em diante são dadas práticas e rituais que além da função pontual do efeito que se espera deles, e dos benefícios sutis que trazem à iniciação do indivíduo são todos exercícios astrais. Assim como o corpo se fortalece com atividade física adequada e regular, as práticas dadas em Liber O fortalecem o aparato astral do praticante.

Indução de estados alterados de consciência

Um experimento de alteração de consciência que costuma ser inofensivo para a maioria dos indivíduos é a supressão de estímulos. A ideia é que os órgãos dos sentidos recebam o mínimo de estímulo possível, ou recebam estímulo constante e monótono. Para isso busque um ambiente cuja temperatura esteja o mais próxima possível da temperatura corporal, use abafadores de som ou reproduza ruído branco, olhos fechados com uma fonte de luz quente (luz amarela ou âmbar) sobre eles, ou então usando uma venda. Use roupas confortáveis ou nu.

Assuma um Asana que exija o mínimo de esforço físico e cause o mínimo de sensações físicas, mas que ao mesmo tempo não lhe permita dormir, e permaneça imóvel por um período de tempo — use um timer — definido. Se o timer despertar sem que você tenha algum resultado notável, encerre a experiência com o devido registro, e em outra ocasião use mais tempo.

Uma variação do experimento acima consiste em ficar assentado imóvel em seu Asana diante de um espelho, com o ambiente totalmente em silêncio e no escuro a não ser por uma vela (ou outra fonte de luz fraca) acesa atrás das suas costas, de forma que ao olhar para o espelho você veja a o ambiente em penumbra, mas não a fonte de luz. Como no experimento anterior use um timer enquanto fica imóvel e em silêncio encarando o espelho.

Auto-Hipnose ou Hipnose sob condução de uma pessoa competente e de sua confiança pode induzir transe que lhe permita explorar o Plano Astral. Para essa finalidade, ofereço essas seções de meditação guiada de minha autoria, que são oferecidas sem quaisquer garantias. Quem escolher usá-las o faz por sua própria responsabilidade.

É sabido que diferentes substâncias causam alteração na neuroquímica do indivíduo, e por consequência em sua consciência. Desde algo cotidiano como a cafeína — que tem efeito estimulante por inibir a adenosina, um calmante endógeno naturalmente produzido pelo corpo — até substâncias usadas pela medicina ou de uso recreacional, os efeitos que cada uma e em cada dosagem causa na consciência e no organismo são os mais variados.

Não posso em sã consciência recomendar que alguém faça uso do que quer que seja, e caso alguém decida desbravar esse mundo — o que ele fará por sua própria conta e risco — sugiro que apenas o faça quando em perfeita saúde física e mental, e busque todo embasamento possível tanto místico quanto pelo melhor que a ciência e medicina tenha a oferecer em sua época, e nunca com um salto muito grande entre dosagens e frequência. Atenção sobretudo para uma dinâmica em que a vida pareça desagradável sem a substância, e tolerável apenas sob seu efeito, pois esse caminho conduz a dependência e ao vício.

Sonho Lúcido:

Existem inúmeros métodos para induzir o sonho lúcido. Parecem se dividir em basicamente duas categorias: Iniciar o sonho já consciente ou se tornar consciente durante o sonho.

Iniciar o sonho já consciente exige um fino ajuste de “acordado mas nem tanto” e “dormindo mas nem tanto” que só será adquirido com a prática. Dormir sempre ao mesmo horário será um facilitador para encontrar o “momento perfeito” para a prática. Acorde uma hora antes do habitual para realizar as tentativas. No experimento seguinte, dez minutos antes do que no anterior, e assim por diante até obter algum sucesso.

Varie praticar em posturas que aumentem ou diminuam seu conforto conforme queira estar mais ou menos alerta. Utilize sons de fundo que induzam ou perturbem o relaxamento. Segurar um objeto em uma das mãos ou amarrar uma fita no dedo como uma âncora tátil auxilia conservar algo da vigília enquanto entra no sono.

Quando obtiver sucesso, você se perceberá abandonando a vigília, o que para algumas pessoas se manifesta como uma “vibração” do crânio e/ou coluna. Outros se percebem em dois lugares ao mesmo tempo, como se estivesse sentindo o corpo na cama, mas também em outra posição. Quando essa sensação surgir “role” como que para fora do seu corpo, e você irá projetar. Na medida em que os sucessos se acumulam perceber o momento propício se torna progressivamente mais fácil.

Para obter consciência durante o sonho, meu método favorito é vincular testes de realidade a situações recorrentes do cotidiano. Testes de realidade são coisas fáceis de se fazer em vigília e quase impossíveis de se fazer no sonho: Lembrar quando acordou e a retrospectiva do dia até aquele momento, contar os dedos da mão, realizar operações matemáticas simples, etc. Habitue-se a realizar testes de realidade durante o dia sempre que situações que tendem a se repetir aconteçam, como quando você vê uma pessoa pela primeira vez no dia, quando atravessa uma porta, quando pega no smartphone, vai ao banheiro, etc. Quando no sonho você fizer aquele ato cotidiano, por condicionamento você fará — dentro do sonho — o teste de realidade, e ao falhar nele saberá que está sonhando.

Dicas e truques

Registre toda a experiência assim que finalizar o experimento. Símbolos, mensagens e acontecimentos vividos no Plano Astral costumam produzir memórias muito mais efêmeras que as do cotidiano. Deixe papel e caneta ou um gravador por perto. Que o registro seja a prioridade após recobrar a consciência normal.

Quanto mais você registrar seus sonhos mais se lembrará deles. Não tenho certeza de qual o mecanismo por trás disso, mas mesmo quem quase não se lembra de sonho algum, se registrar o pouco que lembra, começará a se lembrar de cada vez mais detalhes. Me parece que é como se ao registrar você comunicasse ao mecanismo da memória que aqueles eventos possuem importância e devem ser recordados.

Quanto mais forte o seu Dharana for, mais estável será a sua presença no Astral. Seja para evitar acordar ou para se ater ao seu objetivo mesmo com a cognição afetada pelo afastamento da vigília, Dharana é essencial.

Pratique em condições adversas. Durante muitos anos eu pratiquei meus rituais diários (que eram rotinas com duração de 20 minutos a meia hora) em forma astral, em pé em transporte coletivo lotado. Isso fortaleceu o meu domínio do Plano Astral substancialmente, tornando muito fácil realizar operações similares em situações confortáveis.

No sonho lúcido, estabilize o sonho. Quando você obtém a consciência, logo você será puxado por alguma distração que o fará perder o controle novamente, ou será forçado a acordar. Caso se perceba sendo levado, tente contar seus dedos, fazer operações matemáticas, e expressar gestos ou palavras de poder simbólico para retomar o controle. Caso se perceba acordando, relaxe como se quisesse boiar na água, apalpe o ambiente ao seu redor ou comece a conversar com alguém do sonho. Com o tempo você desenvolverá seus próprios truques.

Tenha um plano e se atenha a ele. No Plano Astral — e quanto menos em vigília mais isso é verdade — nossa racionalidade tende a ficar embotada, lenta, em segundo plano. Tenha bem definido onde você deseja ir ou o que deseja fazer, e assim que adentrar o Astral, se atenha ao plano. Boas “missões” para o iniciante são:

  • Traçar algum símbolo e explorar o que surja;
  • Se olhar em algum espelho;
  • Realizar algum ritual curto;
  • Assumir uma forma-deus
  • Outras tarefas curtas e simples.

Contemplação do Tarô é uma antiga técnica usada na Ordem Hermética da Aurora Dourada em que você observa uma carta do Tarô durante algum tempo, e realiza a projeção astral para dentro da carta ocupando a posição de algum personagem da carta, ou sendo você mesmo ali dentro. Você pode observar e interagir com os elementos da carta, explorar aquilo que é visível nela, e também estender a sua visão para os elementos daquele plano que estão fora do enquadramento da carta.

Palavras de poder, nomes divinos, chamadas enoquianas, mantras, etc. podem cada uma delas conduzir sua viagem para planos e narrativas diferentes. Experimentar os efeitos de cada uma conforme sua familiaridade com elas, verificar seus efeitos e manter registro deles será de grande valia.

Ancoragem é quando você vincula um estado mental ou uma ideia a um gesto, som, cheiro, etc. Sabe quando você sente um cheiro que te traz uma lembrança da infância? Esse cheiro e essa lembrança estão ancorados. Você pode vincular mudras (posições das mãos), gestos, sons, perfumes, etc. com a exploração do Astral de forma a sempre que for exposto às ancoras será mais fácil acessar o estado mental correspondente.

Para isso, execute a âncora no ápice do estado mental que tu queira “guardar”, quanto mais vezes isso for repetido, melhor. Com o tempo, assim como o Cão de Pavlov saliva ao ouvir a sineta, todo seu ser responderá instantaneamente a âncora.

Dentro do astral você pode usar a mesma estratégia para “marcar” algum local ao qual queira retornar mais vezes ou alguma entidade com a qual pretenda voltar a interagir. Pedir delas um símbolo — um selo, sigilo, assinatura — ou palavra de poder também é útil para invocar as energias relacionadas com ela dentro ou fora do Astral.

Conclusão

O domínio do Astral é ferramenta essencial não apenas em nossa Santa Ordem, como para qualquer outro Magista. Ele abre as portas para toda uma dimensão raramente explorada, e é ferramenta de Iniciação, Clarividência e para causar mudanças de acordo com a Vontade. Muitas pessoas conhecerão essa dimensão apenas de ouvir falar por não terem disciplina o suficiente para realizar os exercícios.

Não é necessário fé, e um posicionamento cético não é prejudicial, muito pelo contrário. Assim como no início de qualquer atividade nova — música, esportes, pintura, escrita, etc. — você não verá grandes resultados e poderá se sentir desajeitado e incompetente. Chegará o momento que será capaz de realizar essas coisas com a mesma facilidade que um músico extrai as notas de seu instrumento musical favorito. Finalizo citando Liber Aleph, Cap. 15:

QUANTO às tuas Viagens no Corpo de Luz, ou Jornadas e Visões Astrais assim chamadas, grava esta Sabedoria em teu Coração, ó meu Filho: que nesta Prática, quer as coisas vistas e ouvidas sejam Verdade e Realidade, quer sejam Fantasmas na Mente, existe este supremo Valor Mágico, a saber: Desde que a Direção de tais Jornadas é conscientemente comandada, pelo verdadeiro Ente, uma vez que sem Aquele nenhuma Invocação seria possível, nós temos aí uma Cooperação ou Aliança entre o Ente Interno e o Ente Externo, e assim uma Consecução, pelo menos parcial, da Grande Obra.

Perguntas e Respostas

Pergunta de “João G.”
P. Como parar um ciclo de sonhos repetitivos?
R. Ainda que exista um método, não é recomendado. Um sonho repetitivo tem grandes chances de representar a expressão de algo desequilibrado ou reprimido na composição do seu ser. O ideal é que você busque entender onde está o centro do qual esses sonhos são expressão, procure entendê-lo e dar meio de expressão a ele de uma maneira equilibrada. Recomendo a leitura de Liber Aleph, capítulos de 8 a 15.

Pergunta de “Bruno CL”
P.1. Exercício de observar fixamente a chama de uma vela é válido para desenvolver a projeção astral na sua opinião?
R. 1. Apenas observar fixamente a chama, por si, não deve produzir o resultado, mas certamente será um treinamento de Dharana, e pode ser uma variação do método de supressão dos estímulos, colocando a consciência em estado alterado através do tédio.

P. 2. A percepção de símbolos e ingresso no plano astral se dá pela visão “normal” ao fechar os olhos em meditação na “tela mental” preta, as vezes chamuscada por lumimosidades etc, ou se dá exclusivamente em “pensamento”?
R. 2. Não me parece que o Astral tenha qualquer relação com aquilo que se forma na retina, como os efeitos que você descreveu. Estes podem ajudar (ou atrapalhar) conforme distraia ou concentre a atenção, mas o fenômeno parece ser de natureza alheia ao que os olhos físicos e talvez mesmo o nervo ótico capte/transmita.


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