As Correntes Mortas

Este artigo é um capítulo de Ataque e Defesa Astral

Sobre a influência de forças sutis na vida humana e os habitantes do Astral.

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As Correntes Mortas

Está escrito no Livro da Lei: “Ab-rogados estão todos os rituais, todas as ordálias, todas as palavras e sinais”.

Isto significa que TODAS as correntes religiosas do aeon passado perderam contato com os planos espirituais. Aqueles grandes iniciados que lhe deram origem retiraram-se ao Silêncio, aliando suas forças à gama vibratória do Novo Aeon.

Telemitas devem fazer um gesto de exorcismo ao passar por qualquer pessoa envergando o hábito de qualquer religião do aeon morto. Isto é por dois motivos: primeiro, porque a aura dessas pessoas é um foco de força estagnada; segundo, porque muitos membros desses cleros são, literalmente demônios encarnados. (1)

As tendências morais e emocionais que tornaram possíveis as espantosas perseguições e matanças religiosas do passado ainda existem na psique coletiva; não se manifestam abertamente apenas porque as forças construtivas da raça as mantêm sob controle. Mesmo assim, ocasionalmente elas se desenfreiam: os massacres no Vietnam servem de contraponto aos purgos comunistas na Ucrânia, Polônia, Hungria, Checoslováquia e outros países do bloco marxista; o recente genocídio de Hitler pode ser contrastado com as matanças (cuidadosamente censuradas nos jornais!) de ingleses e palestinos, perpetradas por judeus a fim de fundar o Estado de Israel. Biafra, Uganda, o Congo, Angola, as Filipinas e o Camboja são mais recentes ainda; alguns continuam fonte de infames (e sempre censurados, dos dois lados) cabeçalhos.

Somente um leitor muito ingênuo pensará que o simples ato de retirar a força espiritual de uma corrente destrói instantaneamente as manifestações dessa corrente no plano físico. A inércia do mundo material exige um grande esforço para encetarmos nele qualquer movimento; mas pelo mesmo motivo, uma vez o movimento encetado, será necessário um esforço também grande para imobiliza-lo. Em teoria, um esforço igual e contrário.

Ora, os iniciados não perdem tempo nem desperdiçam energia de tal maneira. Quando a fonte espiritual de uma corrente cessa, a força dinamizadora é aplicada a outros afazeres, inclusive a uma nova corrente; e o impulso anterior segue o seu curso natural de automatismo até que seu “embalo” se esgote por completo.

Existe nisto uma analogia perfeita com um cadáver humano. A força espiritual responsável pela coesão da massa celular que se manifestou como um corpo vivo retira-se com a morte; mas o cascão material não se dissolve imediatamente com isto: vai se decompondo aos poucos em grupos celulares diversos, os quais vão sendo absorvidos por outros processos vivos em sua volta, contanto que (como já observamos anteriormente) esta ecologia não seja interrompida e desrespeitada por embalsamamento ou outras medidas igualmente ilógicas.

Dessa mesma forma, o cristianismo, o bramanismo, o islamismo, o budismo - que são as quatro grandes correntes religiosas especialmente amaldiçoadas no Livro da Lei, Capítulo III, versos 49-56 - não desapareceram instantaneamente em abril de 1904; apenas perderam a fonte sutil de origem. Essas correntes estão se desintegrando lentamente, decompondo-se em seitas e grupos litigiosos. Os membros mais adiantados de seus cleros respectivos estão se sintonizando com a Lei de Télema, e desta forma dão, aparentemente, um novo impulso aos grupos que chefiam. Mas como a estrutura da Lei de Télema é totalmente diversa da teologia dessas religiões, gradualmente estas subcorrentes de “reação” estimulam a desintegração mais rápida do corpus teológico ortodoxo de origem.

O Zen Budismo, por exemplo, tal como praticado por Suzuki, o excelente místico japonês, nada tem a ver com o budismo supersticioso e preconceituoso que infestou a Ásia durante séculos. O Sufismo, tal como alardeado pelo sutil Gurdjieff, difere totalmente do islamismo que bradava morte aos “infiéis”. A doutrina de Vivekananda, inspirada por seu mestre Ramakrishna, em nada se parece com o hinduismo que sufocou a Índia durante séculos de passividade supersticiosa e estúpida; o nobre misticismo de Martin Buber, o filósofo judeu, em nada se parece com a sanguissedenta estreiteza cultural e o elitismo tribal da ortodoxia mosaica.

Esses homens, sentindo-se atunados com as vibrações espirituais da nova era, buscaram interpretar suas correntes em termos da Lei de Télema, e têm sido bem sucedidos, pois, como está escrito, a Lei é para todos: mais ainda, a finalidade da Lei é cumprir e fazer cumprir a tendência espiritual de todas as leis que a precederam. Mas assim fazendo, é inevitável que ela destrua a forma assumida por aquelas correntes de origem no aeon passado. A ortodoxia das correntes religiosas do velho aeon está fadada a desaparecer.

Há somente uma corrente religiosa do velho aeon que não tem exibido, desde abril de 1904 e.v., quaisquer líderes renovadores. Essa corrente é o cristianismo. Todas as tentativas de renovação dessa filosofia têm sido reacionárias; não é uma evolução que os cristãos têm buscado, mas uma regressão. Eles não aspiram ao progresso, mas sim ao regresso. (2)

Isto é devido ao fato de que o cristianismo foi uma falsa fé desde a sua origem. Com a oficialização do Credo de Nicéia, os patriarcas romano-alexandrinos se alhearam por completo da corrente espiritual do Grande Iniciado que pregou o gnosticismo através do oriente Médio, e que ficou conhecido como Dioniso. Este foi o verdadeiro iniciador da Corrente Cristã, incorporado no Novo Testamento à figura composta de “Jesus” com o Mestre de Retidão dos essênios, com o Profeta Ionas (“João Batista”) e outros. (3)

Ora, quando a nossa vida está baseada sobre uma mentira, nós só temos duas alternativas: reconhecer que a base da nossa existência é falsa, e mudar radicalmente a nossa conduta e o nosso ponto de vista, ou persistir em nossa falsidade a qualquer preço.

As tentativas confusas e desajeitadas da Igreja Romana de adaptar a sua liturgia à nova gama vibratória vigente, e os remendos ansiosos que os cristãos em geral estão procurando efetuar nos farrapos do seu dogma, seriam patéticos se os cristãos merecessem qualquer simpatia de mentes esclarecidas. Mas eles não merecem.

O cristianismo foi, sempre que pode, o assassino da ciência, da arte, da filosofia, e da liberdade individual - especialmente a liberdade de pensamento - em todos os países em que assumiu poderio econômico e político. Quando uma crença é falsa, basicamente falsa, ela é inecológica; e seu efeito social é inecológico.

O marxismo, por sinal, está começando a exibir exatamente os mesmos sintomas nos países onde se tornou dogma. Só as atitudes , iniciativas, maneiras de pensar, e até mesmo as descobertas científicas que não contradizem a “religião oficial” são permitidas ao cidadão soviético ou chinês. Mais: quando o dogma, por algum motivo, sofre uma reviravolta, espera-se que os cidadãos, também, dêem uma cambalhota e passem, freqüentemente, a contradizer e a contrafazer suas palavras e seus atos de um dia atrás.

Qual a raiz desta loucura? Muito simples: é o medo de morrer, não fisicamente: mas moralmente e intelectualmente.

Se os padres admitissem por um momento que o Credo de Nicéia foi uma enormidade e um disparate, teriam que abandonar a roupeta e trabalhar como gente honesta; as ramificações internacionais do Vaticano teriam que abandonar a máscara de religião, e pagar imposto como qualquer outro negócio.

Se os dirigentes soviéticos e chineses admitissem que Marx não só exagerou e errou em suas formulações filosóficas e políticas como, também, está ultrapassado pelas descobertas da psicanálise, da genética e da sociologia, (4) eles perderiam imediatamente a sua autoridade e as regalias decorrentes desta.

Uma classe sacerdotal tem que manter seu dogma a qualquer preço, ou resignar-se a morrer como classe e como dogma!

Mas o preço de todo progresso é uma mudança; e uma mudança é uma espécie de morte.

Aqueles que temem perder sua vida nunca se tornarão iniciados; e aqueles que temem a dor e o desconforto decorrentes da admissão de nossos erros e da tentativa (pelo menos!) de reformular nossos valores nunca aceitarão uma idéia nova.

O ódio de tais pessoas por quaisquer circunstâncias, ou quaisquer outras pessoas, que lhes tragam à mente a necessidade de mudança, a inevitabilidade de mudança, é tanto maior quanto maior for o seu medo de morrer. E se estes covardes morais e intelectuais estiverem em posições nodais na estrutura sócio-cultural, eles buscarão por todos os meios, mesmo os mais indefensáveis, destruir quer as circunstâncias, quer as pessoas, que buscarem trazer a realidade à baila.

Elifas Levi escreveu, a propósito de correntes mágicas: "O mago deve isolarse no começo, e mostrar-se muito difícil em relações, para concentrar em si a sua força e escolher os pontos de contato; mas quanto mais for selvagem e inacessível nos primeiros tempos, tanto mais vê-lo-ão, mais tarde, rodeado e popular, quando tiver imantado a sua cadeia e escolhido o seu lugar numa corrente de idéias e luz. (5)

Até ai tudo bem; mas suponhamos que, em vez de "escolher o seu lugar numa corrente de idéias e de luz", o mago deseje criar uma nova corrente de idéias e de luz?

Em tal caso ele pode esperar as mais tremendas provações, e a mais implacável perseguição por parte de todos aqueles que sentem que a criação de uma nova corrente obrará em detrimento da corrente de que já fazem parte.

Que é um "herege", a não ser alguém cujas idéias nós não aprovamos, e por cuja existência nos sentimos ameaçados?

Quando Aleister Crowley morreu, uma revista católica romana de circulação eclesiástica publicou em latim o seguinte texto sobre as circunstâncias de sua morte: “No dia dois de dezembro de 1947 a imprensa inglesa anunciou a morte de Aleister Crowley, descrito por um juiz como a pessoa mais pervertida da Inglaterra. Ao lhe ser perguntado, em certa ocasião, sobre a sua identidade, Crowley replicara: ‘Antes que Hitler fosse, EU SOU’ – uma deliberada blasfêmia contra as escrituras. Antes de deixar este mundo, o feiticeiro de setenta anos de idade amaldiçoou seu médico, o qual, muito corretamente, lhe havia recusado morfina porque Crowley a estava distribuindo entre menores. ‘Já eu vou morrer sem morfina, você morrerá logo depois de mim’. E isto aconteceu. O jornal Daily Express do dia 2 de abril de 1948 relatou que o funeral do mago negro provocara protestos do Conselho Municipal da cidade de Brighton. O Conselheiro J. C. Sherrot declarou que, de acordo com relatórios que ele recebera, o funeral de Crowley fora celebrado com o ritual completo da magia negra. Seus discípulos haviam recitado invocações infernais, o “Hino a Pã” composto pelo próprio Crowley, o “Hino a Satã”, escrito por Carducci e as Coletas da Missa Gnóstica, composta por Crowley para seu templo satânico em Londres.

Nesse interessante documento há diversos erros, para não dizermos calúnias, que passamos a detalhar:

Crowley nunca, em sua vida inteira, “distribuiu drogas entre menores”.

O médico de Crowley não lhe recusou morfina, não foi amaldiçoado por Crowley, nem morreu pouco após este.

Os “relatórios” recebidos pelo Conselheiro Sherrot foram fornecidos de segunda mão – exatamente como o artigo citado acima. O “Hino a Satã”, de Corbucci, não foi recitado, pois esse é um poema de “satanismo”, isto é, de catolicismo romano às avessas. Quanto ao “Hino a Pã”, poderá ser lido, na brilhante tradução de Fernando Pessoa, por qualquer leitor interessado. As Coletas da Santa Igreja Católica Gnóstica serão oportunamente publicadas nesta série, assim como o texto integral da Missa. Não fazem qualquer referência ao “cristianismo” baseado no Credo de Nicéia.

Além destas falsidades surpreendentes, há ainda no documento em questão certas deturpações deliberadas dos fatos, a saber:

Crowley foi chamado “o pior homem do mundo” por um juiz inglês que acabara de ouvir a leitura de alguns poemas pornográficos que Crowley escrevera e publicara em sua juventude. Estes poemas haviam sido deliberadamente baseados nas alucinações sexuais descritas em relatos canônicos das “Vidas dos Santos”.

(A finalidade, claro, fora demonstrar a sexualidade recalcada que resulta do celibato forçado. Em outra ocasião, o genial magista escreveu uma séria de poemas em louvor à Deusa Isis, baseados em textos egípcios, e maliciosamente publicou-os como sendo para a “Virgem Maria”. Isto resultou em críticas elogiosas por parte de publicações católico-romanas. Logo em seguida, Crowley publicou nova edição dos poemas, em sua forma original, e adicionou as críticas laudatórias dos teólogos católicoromanos como apêndice. A finalidade, claro, fora indicar que a “Virgem Maria” é uma mera imitação da Isis egípcia. Infelizmente, em vez de compreenderem a lição que lhes estava sendo dada, os padres romanos se encolerizaram ainda mais contra o Magus do Aeon, e redobraram suas calúnias e perseguições contra ele).

Crowley disse “Antes que Hitler fosse, EU SOU” na ocasião em que declarou publicamente que Hitler tinha ido longe demais, e que a destruição do nazismo se tornara necessária. Acabara de lhe ser participado que os nazistas tinham queimado a edição em alemão do Livro da Lei, assim como as traduções de suas obras para o alemão; tinham declarado a O.T.O. ilegal, e posto Karl Johannes Germer, Rei Alemão da Ordo Templi Orientis na época (mais tarde sucessor de Crowley como Cabeça Externa da Ordem, e nosso Instrutor), num campo de concentração.

Pouca gente sabe que o V da Vitória e o sinal do polegar para cima, usados justamente na época em que a reação contra o nazismo começou, foram lançados por Crowley nessa ocasião. Veja-se Líber AL, Capítulo III, verso 26.

Se fossemos corrigir aqui todos os exageros, e denunciar todas as falsidades e calúnias perpetradas pelo catolicismo romano contra Crowley, teríamos que escrever uma série de alentados volumes, e para que? Conhecê-los-eis pelos seus frutos.

Mencionamos a publicação acima apenas para trazer à consciência de nossos leitores que é muito fácil mentir a respeito dos nossos adversários, quando o fazemos numa língua que só é falada correntemente pela nossa patota, e numa publicação que só circula entre ela.

Há decênios que se publica no Brasil as mais despudoradas calúnias, não só contra Crowley, mas contra muitos outros homens talentosos e justos, sem que esses homens tenham qualquer oportunidade de explicar mal entendidos ou se defender contra libelos. No entretanto, as conseqüências sociais de ostracismo e até perseguição decorrem de tais publicações inescrupulosas. É a famosa “lista negra”. Trataremos desses casos mias a fundo no capítulo sobre O Ocultismo e a Política. Aqui nos interessam mais especialmente os aspectos mágicos e magnéticos da hostilidade das cadeias mortas.

A morte espiritual de uma cadeia mágica não exime as pessoas que são alvo da hostilidade dessa cadeia dos danos que a cadeia lhes pode causar enquanto o impulso mágico perdure. E se estas pessoas estão tentando criar uma nova cadeia para eventualmente substituir a cadeia morta, a hostilidade se torna indescritível.

Quando uma cadeia “morre espiritualmente”, isto significa simplesmente que o Iniciado que lhe deu origem se retira ao Silêncio, ou enceta outra obra. É como um exército que subitamente perdesse o seu comandante-em-chefe, com uma sutil diferença: o exército sempre pode nomear outro comandante-em-chefe, mas em magia é o Comandante quem nomeia o exército!

A dissolução de uma corrente espiritual equivale a uma ordem de debandar. Esta ordem é sentida pelas mentes mais avançadas que pertencem à cadeia como um vazio, um desnorteamento. O Santo dos Santos perdeu a Presença: o profeta chama o seu Senhor, e este não responde.

Membros da cadeia, em tais casos, têm só duas alternativas:

1. Procurar uma cadeia nova, ou fundar uma de moto próprio. Para isto é necessário, no primeiro caso, dor, sofrimento, e uma total revolução psíquica; adicionese uma determinação, paciência e coragem moral a toda prova no segundo!

2. Fazer das tripas coração (6), e continuar nossas atividades como se nada tivesse acontecido. Buscar até, se somos suficientemente ambiciosos, ocupar o trono do Mestre, que agora sabemos está vazio.

Deve-se notar que a sucessão hierárquica da representação de uma corrente no plano físico é sempre desta última forma. O Rei está morto; viva o Rei! Mas não se passa o mesmo quando a corrente morre. A fonte espiritual de uma corrente não é um homem. Não é sequer um “rei”: é um Deus. (7) Ora, um Deus não morre; se um Deus se retira, é porque decidiu mudar a forma de Seu trabalho. Neste caso, aqueles que persistem em manter a forma abandonada pelo Deus estão contrariando o evidente propósito d’Ele. Estão indo contra o Movimento Universal; estão procurando regredir, e não evoluir.

Portanto, aqueles que tentam manter intacta uma corrente morta exercem uma influência prejudicial sobre seus semelhantes. Freqüentemente, suas intenções são as melhores possíveis. Mas as leis da natureza são inexoráveis. As leis naturais são as únicas leis divinas: se damos veneno a um sedento, crendo que lhe estamos dando água, a sinceridade de nossa crença não impedirá nossa vítima de morrer envenenada.

Se tal é o caso com correntes legítimas, quanto mais no caso de uma corrente como o cristianismo, que foi falsa desde o seu início! Seu “sucesso” deveu-se ao fato de que a gama vibratória do aeon passado tornava possíveis as atividades anímicas praticadas por cristãos. Um método de Teurgia libera; mas toda religião restringe. Os dogmas centrais do cristianismo eram restritores: a idéia de que o rei deve morrer pelos seus súditos eliminava a possibilidade de indivíduos excepcionais sobreviverem e fecundarem a massa social; esperava-se deles o “sacrifício”, e não o sucesso! (8) A idéia da “virgindade” impedia o intercâmbio anímico sadio; a promessa de “céu” e a ameaça de “inferno” mantinham as pessoas moralmente imaturas, servis psiquicamente a uma Imagem Paterna “premiadora” ou “punidora”; e a doutrina básica implícita nisto tudo, de “bem” e “mal” como conceitos absolutos e opostos, não passava de um maniqueísmo disfarçado: produz até hoje a notória disparidade entre as palavras dos cristãos e os seus atos. Todo cristão é um esquizotímico.

É mais fácil morrer do que viver honrosamente; é mais fácil ceder que lutar; é mais fácil se abster do que agir. As atividades preconizadas pelos originadores do Credo de Nicéia eram mais fáceis que as verdadeiras atividades cristãs, preconizadas por Dioniso (9): estas exigem uma abertura do ego, uma expansão da nossa perspectiva, uma adaptação ecológica ao nosso meio-ambiente, com os conseqüentes riscos e desconfortos. É fácil amares o teu próximo quando ele é apenas uma réplica de ti mesmo; não é tão fácil amá-lo, quanto mais respeita-lo, quando ele não só defende uma teoria do universo totalmente diversa da tua, mas ainda por cima parece mais feliz e mais bem sucedido com ela!...

“Ama a teu próximo como a ti mesmo”, aliás, não tem o significado piegas que lhe é dado por cristãos. Significa dar o mesmo valor ao ego alheio que damos ao nosso próprio ego; compreender que a ampliação de nossa perspectiva (isto é, o aumento de nossa sabedoria) depende da assimilação de uma pluralidade de valores, ou pontos de vista. Isto não significa absolutamente que devamos abandonar nosso ponto de vista para adotar o de outra pessoa: a idéia consiste em unir os dois pontos de vista diversos, e através deste ato atingir um novo ponto de vista que, por ser uma combinação de ambos, forçosamente será mais amplo do que ambos. O verdadeiro crescimento espiritual exige, portanto, uma modificação constante, um progresso e uma expansão constante da natureza anímica.

Aquilo que é desconhecido é temível: o ego de outra pessoa é uma ameaça para o nosso autismo. Mas, como disse o poeta latino, “Conta teus anos pelas tuas feridas”. E como disse o próprio Crowley em uma de suas epístolas a seus discípulos: “Conquista toda aversão em ti mesmo, controla toda repulsa. Assimila tudo o que te parecer veneno, pois apenas nisso terás lucro. Aqueles que evitam o sofrimento, seja mental ou físico, permanecem sempre homens insignificantes, e não há virtude neles. Porém, cuidado para não caíres naquela heresia que considera o sofrimento e o autosacrifício qual subornos oferecidos a um Deus corrupto como pagamento de algum imaginário prazer em alguma vida imaginária após a morte. Nem, por outro lado, temas destruir teus complexos, julgando que assim perderás o poder de criar alegria através do contraste entre a tua perspectiva e a de outras pessoas, Mas em cada Boda (10) s~e corajoso e afirma e ardor espiritual do Orgasmo, fixando-o em algum talismã, seja este uma obra de Arte, de Magia, ou te Teurgia”. (11)

Esta abertura egóica, este estado de permanente empatia com o nosso meioambiente (do qual, de nosso ponto de vista, os egos de nossos semelhantes são parte), necessita de uma disposição constante de experimentar Mudança, isto é, modificação em nossa constituição anímica. (Esta é, aliás, a atitude normal de crianças sadias: uma constante maravilhosa para com o mundo). Necessita, além disto, de muita coragem moral e muita energia física, pois como toda alma pura sabe, existem experiências desagradáveis, e até mesmo mortais, que podem nos atingir; principalmente se entramos em contato com mentes fechadas pelo medo ou pelo ódio.

Recentemente uma moça se tornou uma Probacionista da A.’.A.’.. Esta moça, tentando executar o Ritual do Rubi Estrela, (12) sofria constantemente as maiores dificuldades: no momento culminante da invocação ela ficava completamente tonta, e mais de uma vez perdeu os sentidos.

A invocação do Rubi Estrela reúne todas as forças astrais que cercam o executante, e as concentra em torno do centro de energia chamado Ajna pelos hindus. Quando o caso desta jovem chegou ao nosso conhecimento, concluímos que ela estava sob o ataque permanente de alguma corrente de força hostil; alguém estava tentando impedi-la de adquirir controle do seu Ajna etérico. (13) Um interrogatório sobre os antecedentes da moça elucidou o seguinte: aos nove anos de idade ela fora retirada, por insistência do pai (14), de um colégio leigo e colocada num colégio de freiras. Este colégio, cujo nome não mencionaremos aqui, possuía na época um método didático bastante curioso. Por exemplo, se uma aluna era chamada ao quadro-negro para escrever, e cometia um erro, a freira professora agarrava a criança pelos cabelos e forçava-a a esfregar a cara no quadro para apagar o erro. Uma falta disciplinar era punida da seguinte maneira: a culpada era forçada a se ajoelhar sobre o milho, e as outras alunas, organizadas em fila, tinham que desfilar à sua frente e dar-lhe, cada qual, um tapa. (15)

Estas duas formas de punição eram as mais comuns, mas em certa ocasião algo mais grave se passou com a menina que mais tarde se tornaria uma Probacionista nossa: ela foi exorcizada.

O motivo do exorcismo foi o seguinte: na aula de ginástica, as crianças vestiam um macacão especial, de calças curtas e sem mangas. Como as freiras consideravam este uniforme demasiado ousado para ser usado sobre a pele, era ordem geral que sob o macacão, durante a ginástica, todas deveriam usar a “combinação”, que era uma espécie de camisola fechada até o pescoço, e ainda por cima a blusa normal do uniforme.

Infelizmente para a criança, na primeira vez em que foi à ginástica ela ignorava esta ordem: muito serenamente tirou saia, blusa, combinação, e estava colocando o macacão de ginástica sobre as suas calcinhas quando uma das freiras (bebel e mestra de português) entrou no vestuário e a viu. A menina foi arrastada para a capela do colégio, onde um padre, após ouvir o relato do seu nefando crime, exorcisou-a formalmente, na presença da freira, de acordo com o ritual romano.

Isto ocorreu em 1960 e.v. justamente um ano antes de regressarmos ao Brasil. O local foi o Rio de Janeiro, presumivelmente uma cidade civilizada.

Após este incidente, a menina de nove anos de idade ainda ficou três meses no colégio, mas chorava copiosamente todas as manhãs antes de ser levada para ele. Finalmente sua avó materna, numa visita à família, observou esta conduta e disse à mãe que absolutamente não era normal que sua neta, até então uma criança alegre, expansiva e saudável, reagisse desta forma á hora de ir para o colégio; principalmente quando, na escola leiga que cursara anteriormente, ela nunca reagira assim. A menina foi então retirada do colégio; mas por exigência formal do pai (16) foi colocada em outro colégio de freiras.

Dois meses depois de sair do colégio onde fora exorcizada, a criança, cuja saúde até então tinha sido de ferro, caiu vítima de febre tifóide. Desde então, até entrar em contato conosco, sua saúde se tornou precária: ela sofria de asma, tinha dores de cabeça periódicas intensas que foram diagnosticadas por uma psiquiatra como “disritmia” (17), e sua força nervosa se desgastava facilmente, forçando-a a descansos prolongados.

Não foi fácil elucidar os fatos acima: a própria moça os havia esquecido, como ocorre frequentemente conosco quando temos uma experiência penosa na infância. (18) Mas, tendo nos familiarizado com as circunstâncias, explicamos à jovem que ela estava sob ataque mágico constante da corrente malsã do catolicismo romano; (19) que o exorcismo fora uma forma de enfeitiçamento, tanto mais cruel por ter sido perpetrado contra uma criança inocente; e que sua aspiração de se tornar uma Telemita, isto é, uma mulher do Novo Aeon, exacerbara contra ela a hostilidade das correntes mortas.

- Você só tem duas alternativas – dissemos-lhe. – Ou abandonar Télema por completo, ou persistir nos seus rituais a despeito do que possa acontecer.

- Eu tenho medo de enlouquecer – ela confessou.

- Todos nós temos – lhe replicamos. – Em ocultismo, o preço da sanidade mental, como o preço da liberdade, é uma eterna vigilância. Os escravos possuem uma falsa segurança, mas os homens e as mulheres livres têm a cada momento que decidir sua conduta por si mesmos. Esta responsabilidade é um peso. A autonomia moral é rara porque contraria a tendência à inércia, que é enorme no mundo físico. Você nasceu com a vibração anímica do Novo Aeon; foi isto que os cascões que infestavam aquele colégio pressentiram, e foi isto que eles tentaram destruir. Compete a você decidir.

A Probacionista decidiu persistir. Sua luta para controlar as forças hostis que atacavam durante a execução do Ritual do Rubi Estrela levou um ano; mas eventualmente os desmaios forma perdendo usa intensidade, e finalmente desapareceram por completo. Atualmente ela é uma Neófita da A.’.A.’., e seus sintomas de “disritmia” desapareceram totalmente, também.(20)

Ainda no assunto das correntes mágicas, Levi tem, no mesmo livro, o seguinte a dizer: “Todo entusiasmo propagado numa sociedade por uma continuidade de comunicações e práticas firmes produz uma corrente magnética, e se conserva ou aumenta pela corrente. A ação da corrente é arrastar e, muitas vezes, exaltar fora da medida as pessoas impressionáveis e fracas, as personalidades nervosas, os temperamentos dispostos ao histerismo ou às alucinações. Estas pessoas logo se tornam poderosos veículos da força mágica, e projetam com força a luz astral na própria direção da corrente; opor-se, então, às manifestações de força seria, de um certo modo, combater a fatalidade”.

Quando a corrente tem uma origem espiritual legítima, esta influência descrita por Levi é ecológica, isto é: biologicamente construtiva tanto para o indivíduo quanto para o meio ambiente. Exemplo deste tipo de corrente foi aquela iniciada pelos “rosa-cruzes” medievais, (21) a qual floresceu na Renascença, e na incrementação do espírito científico que resultou nas três grandes revoluções sociais da nossa época: a Americana, a Francesa, e a Russa.

Quando a corrente não tem origem espiritual, mas é uma deturpação, desvirtuamento, ou um reflexo qliphótico da corrente original (como é o caso do cristianismo convencional, e especialmente do catolicismo romano), ela tende a restringir a liberdade individual e a padronizar a massa social. Então as pessoas de mentalidade fraca, sentimentais, ou com tendências ao histerismo, se tornam como que demônios: focos venenosos da influência magnética malsã da corrente. São mortos que julgamos vivos,e que nos falam a falsa linguagem e os falsos pensamentos da legião a que pertencem. (22)

Em 1961 e.v. nós nos prontificamos a imprimir, aqui no Brasil, a primeira edição mundial de Líber Aleph, uma das mais brilhantes obras do Mestre THERION. Nessa ocasião recebemos a seguinte carta de aviso de nosso Frater Superior, SATURNUS Xº O.T.O. (23)

“Imprimir e publicar este livro é um grande Ato mágico. SE for bem sucedido, você terá passado em um alto teste iniciático. Você ofereceu isto voluntariamente, portanto não duvido que seja parte de sua Verdadeira Vontade. Mas não subestime por um momento os obstáculos que serão levantados contra o livro e contra você: você descobrirá que forças das mais hostis utilizarão truques bobos, truques sutis, truques injustos e mesquinhos, para criar impedimentos ao seu Trabalho: estranhas insinuações lhe desviarão, ou farão com que você duvide de tudo. Estou escrevendo esta para o seu novo endereço, na esperança de que seja seguro. (24) Nada mais direi a respeito de assuntos pessoais, a não ser declarar que você será muito sábio ao não confiar em QUALQUER pessoa fora do seu círculo”.

Esta carta nos teria sido utilíssima se tivesse chegado às nossas mãos na época em que foi escrita; mas ela foi enviada, por um inexplicável extravio do correio (...) para a Bolívia, e só nos chegou às mãos três meses depois, quando já havíamos atravessado a ordália a que se referia.

Toda pessoa que enfrentar o impulso cego, automático, de uma corrente morta, experimentará o mesmo tipo de dificuldade e empecilho. Ainda como diz Elifas Levi: “As obsessões diabólicas e a maior parte das doenças nervosas que afetam o cérebro são ferimentos feitos no aparelho nervoso pela luz astral pervertida, isto é, absorvida ou projetada em condições doentias. Todas as tensões extranaturais da vontade predispõe às obsessões e doenças nervosas: o celibato forçado, o ascetismo, o ódio, a inveja, o despeito, são princípios geradores de formas e influências infernais. A alma aspira e respira, exatamente como o corpo. Ela aspira o que crê ser felicidade, e expira idéias que são produto de suas sensações íntimas. As almas doentes têm mau hálito, e viciam a sua atmosfera moral, isto é: misturam seus reflexos impuros com a luz astral que penetra em suas auras, e nela estabelecem correntes deletérias. Muitas vezes ficamos admirados de sermos assaltados, em nossa vida diária, por pensamentos maus de que nos julgávamos incapazes; e não percebemos que isto é devido a alguma vizinhança mórbida. A sístole e diástole magnéticas produzem em redor de cada alma uma irradiação de que a alma é o centro, e ela rodeia-se do reflexo de suas criações, que lhe fazem um céu ou um inferno. Não há atos solitários, e não poderia haver atos ocultos: tudo o que realmente queremos, isto é, tudo o que confirmamos pelos nossos atos, fica escrito na luz astral, onde se conservam os nossos reflexos: estes reflexos influem continuamente sobre o nosso pensamento através do nosso corpo astral.

“A luz astral dirige os instintos animais (25) e dá combate à inteligência do homem, que tende a pervertes pelo luxo de seus reflexos e a mentira das suas imagens; (26) ação falta e necessária, que os espíritos elementares e as almas sem desenvolvimento dirigem e tornam mais funesta ainda, com suas vontades imperfeitas que procuram simpatias em nossas fraquezas e nos tentam, menos para nos perder do que para adquirir amigos!

“As pessoas que renunciam ao império da razão e gostam de desviar sua vontade em perseguição de reflexos da luz astral, estão sujeitas a alternativas de furor e tristeza que fizeram imaginar todas as maravilhas da possessão do demônio. A Igreja Romana, em seus exorcismos, consagrou a sua crença em todas estas coisas, e pode-se dizer que a magia negra e o seu príncipe tenebroso são uma criação real, viva, terrível do catolicismo romano; até, que são a sua obra especial e característica, porque os padres não inventaram Deus.” (27)

Recentemente, como já mencionamos, o Papa Paulo VI declarou publicamente a necessidade dos “cristãos” (isto é, dos membros da sua heresia) defendem a existência do Diabo, sem a qual, é claro, não há justificativa teológica para a existência da Igreja de Roma. Transcrevemos a seguir um trecho de um exorcismo executado recentemente num convento de freiras franciscanas nos Estados Unidos da América:

Exorcista: Em nome de Jesus e Sua Bendita Mãe, Maria a Imaculada, que esmagou a cabeça da serpente, dize-me a verdade: quem é o chefe, ou príncipe, entre vocês? Qual é o teu nome?

Exorcizada: (latindo como o cão do inferno(28)) Beelzebud.

Exorcista: Você se chama a si mesmo de Beelzebud. (29) Não é vocÊ Lúcifer, o príncipe dos demônios?

Exorcizada: Não o príncipe, o chefe; mas um dos líderes. (30)

Exorcista: Portanto, você não foi jamais um ser humano, mas é um dos anjos caídos, os quais com orgulho egoísta quiseram ser iguais a Deus? (31)

Demônio: (com dentes sorridentes) (32) Sim, é isso mesmo. Ah, como nós O detestamos!

Exorcista: Por que você é chamado de Beelzebud, se você não é o príncipe dos demônios?

Demônio: Basta; meu nome é Beelzebud. (33)

Exorcista: Do ponto de vista de influência e dignidade, você deve ter uma posição próxima de Lúcifer; ou você provêm do coro mais baixo dos anjos? (34)

Demônio: No passado, eu pertenci ao coro dos Serafins. (35)

Exorcista: Que faria você, se Deus lhe tornasse possível expiar a injustiça que você cometeu contra Ele?

Demônio: (Com zombaria demoníaca) Você é um teólogo competente? (36)

Exorcista: Há quanto tempo você está torturando esta pobre mulher? (37)

Demônio: Desde que ela chegou aos quatorze anos de idade. (38)

Exorcista: Como foi que você ousou entrar nessa pobre menina e tortura-la de tal forma? (39)

Demônio: (desdenhoso) Pois não sou o próprio pai dela que nos introduziu nela ao amaldiçoa-la? (40)

Exorcista: Mas por que você, Beelzebud, tomou posse dela? Quem deu essa permissão a você? (41)

Demônio: Não diga bobagens. Então eu não tenho que obedecer a Satã?

Exorcista: Então, você está aqui sob a orientação, e por ordem, de Lúcifer?

Demônio: Ora, e poderia ser de outra maneira? (42)

Seria inútil continuarmos a relatar este caso de exorcismo, pois se assemelha a dezenas de outros. Após muitos fenômenos aparentemente miraculosos, após muitos “diálogos” e muitos xingamentos mútuos por parte de “demônio” e “exorcista”, a “eficácia” dos rituais crististas se tornou “suficiente” para “curar” a doente. Posteriormente, esse panfleto do qual traduzimos um trecho foi publicado para “provar” a existência de demônios, e a glória e autoridade da Igreja de Roma...

O que os teólogos católicos romanos convenientemente esquecem é que casos de “possessão”, e o “exorcismo” desta, abundam em todas as religiões, todas as seitas, em todas as partes do mundo. A seqüência dos acontecimentos é sempre a mesma: os “demônios” se manifestam, tornam-se suficientemente incômodos para atrair a atenção dos líderes religiosos da comunidade, e após um período de escarcéu que pode variar entre horas e meses se retiram, “derrotados” pela eficácia dos ritos de exorcismo do credo a que a “vítima” pertence.

Não existe, no mundo inteiro, um caso documentado de exorcismo em que o “possesso” pertencesse a outra religião que não a dos exorcistas, ou em que o “possesso” fosse uma teu convicto desde o berço.

Não fosse a ocorrência de “possessão” em outros sistemas religiosos, os teólogos católicos romanos poderiam alegar que só podem ser salvas pela “intercessão de Jesus Cristo” as pessoas que aceitam o Credo de Nicéia. Mas parece-nos que, se Jesus Cristo tivesse, realmente, vindo ao mundo, e isto com a intenção de salvar a humanidade inteira, como declaram os crististas, uma entidade tão poderosa teria domínio mesmo sobre os demônios que obcecam os infelizes “pagãos”!...

Mas, talvez “Jesus Cristo” seja tão intolerante com membros de outras crenças quanto os seus propagandistas de roupeta?... Mesmo assim, os sacerdotes das outras crenças conseguem “expulsar os demônios” dos corpos dos seus correligionários – fato que os teólogos católicos romanos procuram não mencionar.

Não vale a pena nos alongarmos aqui quanto aos sofismas inerentes na teologia cristista: afinal de contas, não diferem tanto dos sofismas inerentes em qualquer outra teologia, inclusive o marxismo-leninismo. A fé cega é invocada como virtude para cobrir os absurdos de um falso raciocínio, e a evidência dos fatos é sempre menos importante para o fanático que os remendos do seu dogma. Um humorista norteamericano recentemente publicou uma piada em que uma pessoa se achega a um gordo prelado e lhe pergunta:

- Quantas religiões existem no mundo?

- Uma apenas – responde o gordinho.

- Então, por que existem tantas denominações diversas?

- Para quebrar a monotonia.

Quiséramos que os ilustres sacerdotes dos mais diversos credos tivessem suficiente sabedoria para perceber o bom senso contido nesta resposta!

Terminando, desejamos observar que este capítulo deve ser lido e estudado em estrita conexão com o capítulo que segue, “Ocultismo e Política”. Os leitores devem se lembrar de que as estruturas sócio-econômicas (isto é, políticas) de qualquer nação sempre resultam do código de moralidade praticado por essa nação; e de que a esmagadora maioria dos códigos de moralidade no mundo atual tiveram a sua origem em alguma religião do aeon passado; portanto, estão sempre relacionados com alguma das correntes mortas. A presente confusão e desorientação ética mundial resulta da Passagem dos Aeons.

(1) O gesto consiste em mover um dos braços em arco diagonalmente em frente do corpo e para trás, desviando ao mesmo tempo a vista e dizendo claramente, mesmo se em voz baixa, as palavras: Apo pantos kakodaimonos, que em grego significam “Para trás de mim todos os espíritos de discórdia”. O mesmo gesto e as mesmas palavras devem ser feito e pronunciadas ao entrar em qualquer edificação em que essas religiões são celebradas, ou que contenham habitualmente membros dos seus cleros.

(2) Esta tendência é reveladoramente duplicada no sionismo fanático dos ortodoxos de direita, que foram reprovados por Martin Buber, o último pensador israelita a ser tão respeitado pelos árabes palestinos como pelos seus próprios correligionários.

(3) Veja-se Carta a um Maçom. Pedidos diretamente à O.T.O.

(4) Veja-se Dos Propósitos Políticos da Ordem. Pedidos diretamente à O.T.O.

(5) Dogma e Ritual de Alta Magia, traduzido por Lourenço Prado.

(6) Esta curiosa expressão da sabedoria popular significa a operação eletromagnética de fazer com que o Manipura Cakkram funcione no lugar do Anahatta.

(7) Iniciados que cruzaram o Abismo são chamados de “Deuses”. O Fundador de uma corrente é sempre um Magus, isto é, um Iniciado da Segunda Sephira acima do Abismo. Veja-se os diagramas em O EQUINÓCIO DOS DEUSES.

(8) Veja-se Líber AL, ii, 21 (página 11 em O EQUINÓCIO DOS DEUSES).

(9) Veja-se Carta a um Maçom para um estudo mais detalhado disto tudo. Pedidos diretamente à O.T.O.

(10) “Boda alquímica”, na nomenclatura dos místicos medievais. Equivale à palavra Samadhi na nomenclatura hindu. “Adhi”, entretanto, pressupõe que “samadhi” é apenas com o “Senhor” – Adni, ou Adonai, em hebraico: note-se a semelhança. A palavra hebraica é derivada da raiz sânscrita, através do contato dos semitas com os adoradores de Adonis no Oriente Médio. Mas os maiores iogues (Ramakrishna, por exemplo) sempre expandiram o conceito: Samadhi devia ser praticado com todos os seres e todas as coisas. Compare-se com o Livro da Lei, i, 26: “a onipresença do meu corpo”.

(11) A palavra “Orgasmo” é, novamente, um sinônimo de Boda Alquímica, ou Samadhi. O leitor condicionado pela hipocrisia cristã não deve pensar que a finalidade desta nota é excluir o orgasmo sexual da categoria de êxtase místico. Pelo contrário, o orgasmo sexual é a única forma de Samadhi disponível a qualquer ser humano no presente estágio evolutivo da nossa espécie. Qualquer um pode obtê-lo, por mais destreinado que seja o misticismo.

(12) Uma versão aperfeiçoada do Ritual Menor do Pentagrama. Veja-se Livro Quatro, Parte III, Apêndice, que será publicado nesta série.

(13) O Ajna etérico controla as energias nervosas que equilibram os dois hemisférios cerebrais. Por isto, entre outros motivos, a lobotomia é uma operação absolutamente reprovável. Note-se que recentemente um livro pseudo-ocultista, escrito por um charlatão de certa habilidade literária, recomenda precisamente essa mutilação como meio de ativar o “Terceiro Olho”!

(14) O pai, de ascendência nordestina, fora educado em um seminário católico, enquanto a mão fora educada como livre-pensadora.

(15) Isto ocorreu na década dos sessenta da era vulgar, e não, conforme pode ser pensado, na Idade Média! É uma variação do famoso “corredor polonês”, que era a diversão favorita dos veteranos no pátio de recreio na época em que ingressamos no Colégio Militar do Rio de Janeiro. Mais tarde este, e outros tipos de “trote” violento, foram proibidos pelo (então) Coronel Jair Dantas Ribeiro, a quem devemos gratidão, não só por isto como por nos ter, a nosso pedido, dispensado das aulas de catecismo, que abominávamos.

(16) Embora os pais se tivessem desquitado, nessa época era o progenitor quem pagava o ensino da filha.

(17) Esta “psiquiatra”, que era católica romana, disse à mãe da menina que ela se tornaria esquizofrênica antes dos vinte anos de idade. Note-se que este tipo de predição é clinicamente impossível.

(18) É o chamado “bloqueio psicológico”, que Freud descreveu com tanto brilho. Trata-se de um processo de auto-defesa: a experiência é tão penosa que, relembrada por uma criatura de pouca vivência (como é uma criança), pode deformar por completo o desenvolvimento da personalidade. Portanto é relegada a um esquecimento forçado, da mesma forma como as células físicas rodeiam e bloqueiam um foco de infecção orgânica. Porém, é necessário que o trauma aflore à consciência na idade adulta, para que a personalidade possa examina-lo, julga-lo, e coordenar a experiência que ele representa com o resto de seu psicossoma. Se assim não for feito, a personalidade nunca será completamente adulta, isto é, integrada. Um dos meios usados para este re-exame é a psicanálise. Pelo uso cauteloso e controlado de certar drogas ( o LSD, entre outras, por exemplo), o processo de psicanálise, que às vezes leva anos, pode ser realizado em poucos dias – o que não deixa de ser um dos motivos por que certos psicanalistas, que cobram uma fortuna por uma sessão de análise, reprovam indignados o uso de psicodélicos para qualquer fim! Outro meio foi o que utilizamos aqui.

(19) Além de ter sido colocada em outro colégio de freiras, a moça estava, na época, completando seus estudos na “Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro”, onde ingressara, ainda, por insistência do Pai!

(20) A disritmia resulta de um desequilíbrio energético entre os dois hemisférios cerebrais, e é muito comum em épocas em que temos que decidir entre dois cursos de ação, principalmente quando um dos cursos nos atrai em termos de nossa individualidade, mas contraria o condicionamento cultural do nosso meio-ambiente.

(21) É preciso frisar de maneira categórica que o único documento legítimo sobre esta fraternidade foi a Fama Fraternitatis, publicada no século dezessete por Johann Valentin Andréa. Uma das condições a que os membros estavam jurados era a de nunca se identificarem publicamente como ‘rosa-cruzes’. Conseqüentemente, todo grupo ou movimento que utiliza o nome “rosa-cruz’, ou afirma representar aquela antiga organização, está enganado ou está enganando. Mais: qualquer afirmativa de que alguma figura histórica, seja falecida ou contemporânea, foi ou é “membra da Ordem” é ipso facto falsa; pois um “rosacruz” só poderia ser conhecido como tal por outro “rosacruz”, e em tal caso nenhum dos dois afirmaria publicamente a legitimidade do outro, uma vez que isto equivaleria a afirmar a sua própria. Andrés, por exemplo, publicou a Fama anonimamente, e jamais afirmou ser membro da sociedade por ele descrita.

Certos pseudo-ocultistas chegam ao ponto de declarar que a fraternidade teve sua origem no antigo Egito, o que denota a sua ignorância. É claro, da leitura da Fama Fraternitatis, que o simbolismo teve sua origem na Europa e no Oriente Médio, e que a organização tinha como propósito defender e propagar a doutrina de Dioniso, isto é, a verdadeira corrente cristã. O movimento “rosacruz” pode ser responsabilizado magicamente pela organização, pela Reforma, pela Renascença que seguiu a Reforma, e pelo cultivo do espírito científico, com suas conseqüentes revoluções sociais. Assim, os “rosacruzes” foram os mais encarniçados e os mais bem sucedidos inimigos do catolicismo romano.

(22) Fernando Pessoa, o grande iniciado telêmico português, a fim de diferenciar o falso cristianismo do Dogma de Nicéia do verdadeiro cristianismo gnóstico, criou um neologismo e chamava o pensamento teológico romano-alexandrino de “cristismo”. Se os leitores tiverem dificuldade em encarar como mortos o pseudocristianismo dos católicos romanos e suas diversas variações, as seitas protestantes, então considerem o marxismo-leninismo, outra corrente malsã, um desvirtuamento da Lei de Télema, que está começando a apresentar exatamente os mesmos sintomas.

(23) Karl Johannes Germer, o discípulo favorito e sucessor de Crowley na chefia mundial da O.T.O. e da Ordem de Télema.

(24) Resolvêramos alugar uma caixa postal, porque nosso pai carnal, que era um espírita da linha kardecista e odiava télema, fiscalizava nossa correspondência, influenciado pelos cascões que infestavam a sua aura. Infelizmente, saímos da vigilância domiciliar apenas para a vigilância dos múltiplos serviços secretos que vasculhavam, e continuam a vasculhar, a correspondência de telemitas.

(25) A luz astral é inerte, e tende sempre na direção do menos esforço; ora, é mais fácil ser animal que ser humano. Levi dá aqui (talvez involuntariamente) uma tendência “fatal” à luz astral que ela não possui. O agente magnético simplesmente tende ao equilíbrio, isto é, à quietude. Mas esta “quietude” é a existência na base dos instintos e reflexos. A perversidade é o risco que o homem corre na busca por se tornar humano; ou, nas palavras irônicas de um sábio, “o homem é um macaco que enlouqueceu, e resolveu descer do galho”.

(26) É errôneo dizer que a luz astral “dá combate” à inteligência do homem: ela é o perfeito agente-reagente. É a multiplicidade de escolha, decorrente da nossa existência como microcosmos, que pode produzir confusão ou desvio em nossa conduta. Este é o preço que toda entidade paga pela liberdade:: a necessidade de escolher, a cada momento, a melhor conduta, incorrendo sempre no risco de errar. Os nossos acertos e sucessos estão erigidos sobre a base dos erros e dos fracassos daqueles pioneiros que foram os nossos antecessores. Como bem disse Crowley: “Ninguém pode agir sem errar; antes errar do que não agir!” Onde estaríamos agora se Galileu, Lutero, Darwin, Einstein, e incontáveis outros tivessem temido agir?

(27) Dogma e Ritual da Alta Magia, diversos trechos.

(28) Esta, e outras pitorescas descrições, não devem ser imputadas ao nosso estilo. Estão no original, de autoria de um padre chamado Carl Vogl.

(29) Note-se que, embora o exorcista estivesse falando com uma mulher, uma pessoa com uma identidade e um nome, ele coopera para exacerbar a ilusão de que ela sofre, dirigindo-se ao “demônio” em vez de à doente, e assim conduz telepaticamente a intenção do diálogo na direção das influências mórbidas da corrente morta à qual tanto ele quanto a exorcizada estão ligados.

(30) Esta resposta segue a demonologia tradicional do catolicismo romano. A empatia telepática entre o padre e a sua vítima produz um diálogo em que esta (ou os cascões que infestavam a sua aura) adivinhava intuitivamente a resposta desejada pelo exorcista.

Este tipo de empatia existe também na psicanálise, onde é chamado de rapport. A principal fraqueza do método psicanalítico é que, a não ser que o psicanalista seja uma pessoa totalmente equilibrada, ele tenderá a ler as suas próprias psicoses e recalques nas respostas ou nos problemas psíquicos do paciente, ou( o que é pior ainda) tenderá a buscar uma comprovação das teorias da determinada escola a que pertença, em detrimento das necessidades do doente. É por isto que o uso de psicodélicos, ou então, a auto-análise provida pelas técnicas de magia ou misticismo, são preferíveis, apesar de seus riscos especiais, aos métodos ortodoxos de análise. O perigo do mau analista (e este constitui a norma!) é evitado, sem falar no custo abusivo da sessão de análise.

(31) Esta forma de pergunta não é permitida nos tribunais em países civilizados (não nos referimos ao Brasil), porque o interrogados está procurando obter uma resposta preconcebida da boca da interrogada. Note-se a ênfase dada ao fato do “demônio” não ter sido nunca um ser humano encarnado: o exorcista está se defendendo antecipadamente contra a possibilidade de que a “possessa” seja uma médium, e de que a entidade que fala através dela seja a “alma de um morto”, o que seria espiritismo, uma teoria que a Igreja de Roma não admite.

(32) O autor deste relato, ao transcrever (?) o diálogo, nunca se referiu à exorcizada, mas sim ao “demônio”, desde o início; fomos nós que não o imitamos, por motivos de clareza, até agora. Note-se o esplêndido estilo: “dentes sorridentes”. As notas descritivas que acompanham este relato são tão sintomáticas do nível mental e moral dos padres participantes quanto o “diálogo” em si.

(33) Esta é a primeira resposta que indica que a mulher obcecada poderia estar em contato com uma legítima entidade demoníaca: há Quatro Grandes Príncipes do Mal do Mundo, como está descrito em A Sagrada Magia de Abramelin o Mago, e Beelzebud não é um deles. O desdém da entidade em explicar isto ao exorcista advém do fato que a entidade estava presente a fim de incrementar a fé dos circunstantes na falsa teologia do catolicismo romano; e a tragicomédia do exorcismo era uma pura representação teatral com este fim. Repetimos que entidades demoníacas não podem ser controladas a não ser por pessoas que estejam em contato com o seu Sagrado Anjo Guardião, e sejam obedientes a Ele.

(34) Esta pergunta dá uma penosa indicação da atitude moral do exorcista. AS palavras “influência” e “dignidade” são extremamente sugestivas, assim como a preocupação com posição hierárquica.

(35) Isto, está claro, é uma deslavada mentira. A entidade está se divertindo à custa do esnobismo inconsciente do exorcista.

O que é difícil para teólogos compreenderem é que a “Queda” é uma invenção teológica. Nunca houve uma “Queda”. O processo é evolutivo, exatamente de acordo com as premissas estabelecidas por Darwin. Quando os místicos hebreus pressentiram a existência do Abismo, isto é, daquele hiato que separa o homem do Deus que existe dentro de cada ser humano (veja-se o Livro da Lei, Capítulo I, vv. 1-4; Capítulo II, v.6), eles poderiam ter tomado duas atitudes diversas para expressarem este fato intelectual: 1) poderiam ter admitido que o homem é uma criatura imperfeita em vias de aperfeiçoamento; 2) poderiam declarar que o homem fora uma criatura perfeita (Adão no “Paraíso”) que se perdera por descuido. Por pura vaidade egóica, eles escolheram a segunda explicação: é mais romântico ser um “nobre no exílio” do que ser um plebeu em vias de se tornar um novo rico! Entretanto, nós nos lembramos da célebre resposta de um plebeu enriquecido a um “nobre” que lhe lembrou a sua origem humilde: “A minha nobreza começa comigo; a sua acabou com o senhor”.

(36) Nota-se agora o desdém, merecido, que a entidade tem pelo exorcista.

(37) Mais prudente que outros, o exorcista encaminha a conversação para assuntos mais úteis.

(38) Isto é, desde quando ela atingiu a puberdade, e as restrições antinaturais impostas pela falsa moralidade “cristista” a forçarem a reprimir uma libido provavelmente bem acima da média – o que é sinal de boa saúde física. Note-se a pronta e franca resposta da entidade. Se o exorcista tivesse mantido suas perguntas num clima de objetividade e interesse sadio, é provável que tivesse angariado o respeito da entidade. Infelizmente, ele não pode escapar aos seus preconceitos arraigados.

(39) Note-se novamente a preocupação do exorcista em estabelecer uma explicação teológica para a situação. A pergunta mais cogente no caso, sem dúvida, deveria ter sido: “O que será necessário para você deixar de atormenta-la? “O próprio uso do verbo ousar é uma provocação para uma entidade demoníaca.

(40) Este ponto muito importante escapou por completo à compreensão do exorcista, como era de se esperar de um teólogo. A entidade estava lhe explicando que foram as condições anormais de vida impostas pelo pai da menina que produziram a perturbação psíquica em que ela se encontra agora, trinta anos depois.

(41) Nota-se novamente a preocupação teológica. A situação da enferma é secundária; o que é importante para o exorcista é a esquizotimia própria da concepção católica romana de “bem e de “mal”.

(42) Note-se que a entidade evadiu as duas perguntas do exorcista, respondendo com perguntas que soam como respostas, mas não são. A entidade havia tentado dar ao exorcista uma indicação da situação psíquica da “possessa”, e da causa dessa situação: a má orientação paterna na adolescência. Mas a preocupação do exorcista com teologismos, e seu (evidente) total descaso pela pessoa humana da moça sendo exorcizada, despertaram o desprezo da entidade, que passou a mentir sutilmente e a zombar dele. O exorcista não estava preocupado em curar a moça: estava preocupado em provar a existência de possessão demoníaca, e (principalmente) a existência de um comandante demoníaco principal; isto é, a existência do “Diabo”, no sentido cristista.

Esta sua preocupação fez dele um brinquedo nas mãos da entidade. Por exemplo: é evidente que o exorcista confunde Satã com Lúcifer, e isto diverte a entidade. Na realidade, há quatro Príncipes do Mal do Mundo (assim-chamados): Satã, Lúcifer, Leviatã e Belial; e Beelzebud está sob o comando de Belial, não de Lúcifer ou Satã ou Leviatã.

Nem se deve acreditar que a entidade a se manifestar através da doente fosse Beelzebud: casos de “possessão” são manifestações qliphóticas, e a aura do médium (pois todo “possesso” é simplesmente um médium, isto é, uma pessoa sensitiva a influências sutis, cuja aura está em estado de desequilíbrio e descontrole) se torna um lamaçal de larvas, cascões, baixos elementais e influências demoníacas grosseiras. As correntes mortas se concentram em torno de tais infelizes, que se tornam focos para elas. O termo para este estado de coisas é “Muitos”. Chamo-me Legião – diz uma entidade obsessora numa fábula evangélica – porque somos muitos.

É preciso distinguir cuidadosamente a influência psíquica de “Muitos” daquela influência psíquica que é chamada de “Todos”,ou Pã. “Todos” é uma influência equilibrada, enquanto “Muitos” é necessariamente desequilibrada. A situação pode ser visualizada em termos de um campo de forças da física: se formos calcular a gravitação de um sistema de forças com base apenas em “muitos” dos focos de força, nosso resultado será errôneo, pois não incluirá todos os fatores. Mas se nossos cálculos incluírem todos os componentes do sistema, o nosso resultado será correto.

A Verdadeira Vontade de uma pessoa pode ser definida como a resultante (ou função) da posição no tempo e no espaço (em todos os planos de existência) da pessoa com relação ao resto da humanidade. No cálculo, “Todos” é tão importante quanto o “Um”, isto é, a pessoa ela mesma. A analogia com o cálculo da órbita estelar ou planetária em astronomia é flagrante: “Queda Livre” no espaço resulta do equilíbrio do sistema de forças do qual qualquer objeto no espaço faça parte. Satélites “caem livremente” em torno de planetas, estes “caem livremente” em torno de estrelas, estas movem-se dentro do sistema da galáxia a que pertencem, e as galáxias mesmas movem-se em relação a outras galáxias. Como disse Crowley: “A colisão é o único crime no Cosmos.” E mesmo a colisão, quando ocorre, é acidental e efêmera.

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