Ritual do Grau 2=9 de Theoricus

Este artigo é um capítulo de O Templo do Rei Salomão

Um resumo da cerimônia do grau de Yesod da antiga Golden Dawn.

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Ritual do Grau 2=9 de Theoricus

Este grau é particularmente atribuído ao elemento Ar; refere-se à Lua e está ligado ao Trigésimo-Segundo Caminho de Tau, que alude ao Universo (como sendo composto pelos quatro elementos), aos Querubins, às Qliphoth, ao Plano Astral e ao reflexo da Esfera de Saturno. Depois disso ter sido explicado, ocorre o Avanço do Zelator, após o qual se celebra o Ritual do Trigésimo-Segundo Caminho.

O Hierofante diz para o Zelator: “De frente para você estão os Portais dos Trigésimo-Segundo, Trigésimo-Primeiro e Vigésimo-Nono Caminhos que levam do grau de Zelator aos três outros graus que estão além. No entanto, o único caminho agora aberto para você é o trigésimo-segundo, que leva ao grau 2=9 de Theoricus, e que você deve percorrer antes de chegar a esse grau. Pegue em sua mão direita a Cruz Cúbica e em sua mão esquerda o Estandarte da Luz, e siga seu guia Anúbis[1], o Guardião: que te conduz do Material ao Espiritual”.

Kerux: “Anúbis, o Guardião, falou ao Aspirante, dizendo: ‘Entremos na Presença dos Senhores da Verdade’. Levanta-te e segue-me”.

Hiereus: “A Esfinge do Egito falou e disse: ‘Eu sou a síntese das Forças Elementais: Eu sou também o símbolo do homem: eu sou Vida: e eu sou Morte: eu sou o Filho da noite do Tempo’”.

Hierofante: “O sacerdote com a máscara de Osíris falou e disse: ‘Tu não podes passar pelo portão do Céu Oriental: a menos que possas me dizer meu nome’”.

Kerux, para o Zelator: “Tu és Nu: A Deusa do Firmamento do Ar. Tu és Harmakhis, Senhor do Sol Oriental”.

Hierofante: “Por que sinal e símbolo vens?”

Kerux, para o Zelator: “Pela letra Aleph, com o Estandarte da Luz, e o símbolo de forças equiparadas”.

Hierofante (voltando para trás e fazendo com o leque o sinal de Aquário, ♒︎, diante do Zelator): “Pelo signo do homem, filho do Ar, tu és purificado – passai adiante”.


Diagrama 20: Arranjo do Templo para o 32º Caminho no Ritual de 2=9

De forma similar, o Zelator passa pelo Leão, pela Águia e pelo Touro. Então o Hierofante explica para o Zelator o simbolismo da cruz cúbica, como segue:

“A cruz cúbica é um emblema apropriado das forças equilibradas e balanceadas dos Elementos. Externamente, é composta de vinte e dois quadrados, que se referem às vinte e duas letras colocadas nela. Vinte e duas são as letras da Voz Eterna em na abóbada do Céu, nas profundezas da Terra, no abismo das Águas e na onipresença do Fogo: o Céu não consegue enunciar sua plenitude, a Terra não consegue pronunciá-la. No entanto, o Criador os atrelou a todas as coisas. Ele misturou-os através da Água: Ele os girou no fogo: Ele os selou no Ar do Céu: Ele os distribuiu pelos Planetas: Ele lhes designou as doze constelações do Zodíaco”.

Então ele explica que ao Trigésimo-Segundo Caminho do Sepher Yetzirah são atribuídas as sete Moradas de Assiah; aos quatro Elementos, os Querubins e as Qliphoth[2]. Representa o elo de ligação entre Assiah e Yetzirah. É o rasgar do Véu do Tabernáculo; e é a passagem do Portão do Éden. Depois disso, ele entra nos simbolismos da vigésima-primeira Chave do Tarô, cuja forma feminina nua representa a Noiva do Apocalipse, a Rainha Cabalística dos Cânticos, a Ísis Egípcia da Natureza. Suas duas varinhas são as forças orientadoras das correntes Positiva e Negativa. Ela é a síntese do Trigésimo-Segundo Caminho que une Malkuth e Yesod.


Diagrama 21: A Cruz Cúbica de Vinte e Dois Quadrados.


Diagrama 22: O Jardim do Éden e a Cidade Santa.

O Hegemon então explica seu diagrama, que contém o simbolismo oculto do Jardim do Éden e da Cidade Santa do Apocalipse; e o Kerux também o dele – as sete Mansões Infernais e os quatro Mares[3]. Após isso, o Hierofante confere ao Zelator o título do Trigésimo-Segundo Caminho; o Zelator então sai do Templo por um curto período de tempo antes de passar para o Grau de Theoricus.

A Cerimônia de Theoricus é aberta pelo Hierofante, que diz ao Zelator: “Frater Pereclinos de Faustis: assim como no grau de 1=10 foram dadas as representações simbólicas da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal do portão do Éden e do Lugar Santo: assim também no 2=9 de Theoricus o ‘Sanctum Sanctorum’ com a Arca e os Kerubim é mostrado: bem como o jardim do Éden, com o qual coincide, enquanto no trigésimo-segundo caminho que conduz a ele, pelo qual você acabou de passar, estão representados os Guardiões Kerúbicos, e as Palmeiras, ou árvores da Progressão no Jardim do Éden. Honrado Hegemon, conduza o Zelator para o Ocidente, e coloque-o lá diante o portal do trigésimo-segundo caminho pelo qual ele acabou de entrar”.

Então o Zelator busca a entrada pelo Caduceu de Hermes, cujo simbolismo o Hegemon lhe explica.


Diagrama 23: Arranjo do Templo para a Cerimônia de Theoricus no Ritual de 2=9.


Diagrama 24: O Caduceu de Hermes.


Diagrama 25: O Símbolo do Altar no Ritual 2=9.

Então o Hierofante diz: “Os símbolos diante de você representam igualmente o Jardim do Éden[4] e o Santo dos Santos: Diante de você está a Árvore da Vida formada pelas Sephiroth e seus caminhos conectores. … Há vinte e dois caminhos conectores, e são distinguidos pelas vinte e duas letras do alfabeto hebraico, formando com as próprias dez Sephiroth os trinta e dois caminhos da Sabedoria do Sepher Yetzirah”. As letras, ele então observa, formam o símbolo da Serpente da Sabedoria, e as Sephiroth a Espada Flamejante. “Os dois pilares direito e esquerdo da Árvore são os símbolos do ativo e do passivo, masculino e feminino – Adão e Eva. … Os pilares representam ainda os dois Querubins da Arca; o da direita, macho – Metatron; e o da esquerda, feminino – Sandalphon. Acima deles sempre ardem as lamparinas de sua Essência Espiritual, a Vida Superior, da qual eles são os participantes no Eterno Incriado”.

Então o Zelator é instruído quanto ao sinal, aperto de mão, grande palavra etc. Após isso, o Hegemon se levanta e conduz o Zelator ao Hiereus, que lhe explica o diagrama da “Forma Duplicada das Sephiroth Alquímicas”[5]. O Hegemon então lhe explica “As figuras geométricas lineares atribuídas aos planetas”[6]; e o Kerux  “As dezesseis figuras da Geomancia”[7]. O Hierofante parabeniza o recém-iniciado Theoricus, e lhe confere o título de PORAIOS (ou PORAIA) DE REJECTIS, que tem o significado de “trazido de entre os rejeitados” e lhe dá o símbolo de Ruach, que é Ar em hebraico.

Então ocorre o Fechamento. “Adoremos o Senhor e Rei do Ar!” diz o Hierofante. A oração dos Silfos segue; e em Nome de SHADDAI EL CHAI o Templo é fechado no Grau 2=9 de Theoricus.


No mês seguinte, fevereiro, P. passou para o próximo grau, o de 3=8.


  1. Será percebido que a partir daqui este ritual se torna desnecessariamente complicado com as divindades egípcias – de fato, seus mistérios se tornam bastante “forçados”. Isso é ainda mais evidente no próximo ritual, que se torna ridiculamente complexo com as entidades insignificantes da Samotrácia. Os símbolos em si não estão errados; mas é o símbolo do tipo “biscoito sortido” que é tão ruim, especialmente quando não é necessário, mas escolhido apenas para “alardear” um conhecimento superficial. ↩︎

  2. Consulte o 777, cols. CIV, CVIII, pp. 20 e 23; e Apocalipse 1. ↩︎

  3. Consulte o 777, cols. CVI, CVII, pág. 23. ↩︎

  4. Consulte o Diagrama dos Caminhos e Graus. ↩︎

  5. Consulte o 777, cols. CXII, CXII, p. 23. ↩︎

  6. Consulte o 777, col. XLIX, pág. 15. ↩︎

  7. Consulte o 777, col. XLIX, pág. 15 e a nota na p. 41 ↩︎


Capítulo traduzido por Alan Willms em setembro de 2022. Foto ilustrativa de John-Mark Smith no Unsplash.

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