XXV – Ensaio sobre a Clarividência e a Viagem na Visão do Espírito

Este artigo é um capítulo de Os Pergaminhos Voadores

Sobre o processo de vidência e viagem na visão do espírito, clarividência, plano astral.

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Pergaminho Voador NºXXV
Ensaio Sobre a Clarividência e a
Viagem na Visão do Espírito

Pelo M.H. Sub Spe (J.W. Brodie-Innes)

A melhor teoria do fenômeno da Clarividência parece estar fundamentada na relação entre o Homem como o Microcosmo e o Universo como o Macrocosmo; considerando o primeiro como um reflexo em miniatura do segundo, como em um gramado cheio de orvalho cada gota pode apresentar uma imagem perfeita e minúscula das árvores e montanhas, do céu, das nuvens, do sol e das estrelas.

Então, se tudo no Cosmos é de alguma forma refletido ou retratado na própria esfera de sensação de cada homem, ou envelope Akáshico, segue-se que se ele pudesse apenas estar consciente das imagens assim refletidas ou impressas, ele seria imediatamente possuído de todo real ou potencial conhecimento de todas as coisas no Cosmos, e assumindo ainda que o próprio tempo é apenas uma ilusão, e que a realidade das coisas é, por assim dizer, uma grande imagem ao longo da qual viajamos vendo ponto após ponto em sucessão e produzindo as ideias de lapso de tempo, então ainda se segue que o conhecimento total e completo de tudo o que reflete em nossa esfera de sensação inclui todo o conhecimento passado, presente e futuro.

Então o motivo pelo qual não temos esse conhecimento de forma consciente para nós mesmos deve ser por causa da obtusidade do Sensório, do próprio cérebro físico, que não consegue perceber as imagens na esfera de sensação. Então, se todo o conhecimento está dentro da própria esfera de cada homem, é olhando para dentro, ou pela intuição, que tal conhecimento é disponibilizado.

Conhece a ti mesmo e tu conhecerás tudo. Mas, uma vez que o cérebro e o sensório são físicos, é necessário em primeiro lugar a utilização de meios físicos para produzir a sensibilidade necessária para perceber conscientemente as imagens sobre a Esfera de Sensação. E o meio mais rápido e seguro é o uso de um símbolo. Isso nos é tão familiar na vida diária que nos passa despercebido.

Por exemplo, para uma pessoa depravada e devassa uma palavra ou figura obscena – descuidadamente escrita ou vista por acaso – é um símbolo invocando uma série de imagens e ideias imundas. Para um apaixonado o nome de sua amada ouvido por acaso, a visão de uma cor que ela costuma usar, ou o cheiro de um perfume familiar será suficiente para levantar a imagem da forma amada quase visivelmente diante dele e para acelerar o pulso, intensificar as cores, etc. Para o soldado, a visão da bandeira de seu país ou do seu regimento produz visões de glória marcial, ideias de devoção, lealdade, patriotismo e coragem inabalável.

Em todos estes casos, as ideias e as visões são produzidos no cérebro por meio do símbolo, e se a teoria acima for aceita, segue-se que o efeito do símbolo é o de tornar uma parte do cérebro físico mais sensível, ou talvez mais translúcido, de modo que as imagens que encontram-se dentro da região correspondente da Esfera de Sensação possam ser vagamente percebidas (tal sensibilidade cerebral pode ser produzida por outros meios, tais como por Hipnotismo ou Trance auto-induzido, por Obsessão, Doença, etc., mas o método pelo símbolo parece ainda ser o mais seguro e o melhor).

Esta teoria é utilizada na prática de induzir a Clarividência.

Um grande número de símbolos bem conhecidos e reconhecidos têm uma relação definida com certas partes da Esfera de Sensação e com as regiões correspondentes dos Cosmos, e também com as regiões relacionadas com as do cérebro físico.

O experimentador deve conhecer muito bem as atribuições e significados do símbolo empregado, uma vez que esse conhecimento produz uma concentração imediata do pensamento, da energia vital, da força nervosa, e do próprio sangue físico em seu trato relacionado ao cérebro, e assim ajuda no estabelecimento material de uma sensibilidade especial ali.

Desta forma, se a carta do Tattwa Tejas for utilizada, o conhecimento de que ela pertence ao fogo imediatamente carregará de força nervosa e de sangue todos os centros cerebrais relacionados ao fogo, e traria involuntariamente à memória os diversos nomes Divinos e de Espíritos conectados que o experimentador aprendeu. O ato de concretamente pronunciá-los com solenidade e imponência de Vibração aumentará o efeito – encarando fixamente o símbolo e tocando o instrumento adequado, que também é um símbolo da mesma área do cérebro, aumenta momentaneamente a força – vires acquiret eundo – até que toda outra célula cerebral seja desligada, silenciada e inibida; toda a consciência está concentrada na percepção do fogo.

Desta forma, o cérebro físico torna-se sensível e translúcido neste respeito e capaz de perceber vagamente na Esfera de Sensação o reflexo da ideia Macrocósmica de fogo, com todas as suas conotações.

A sensação é como se houvesse saído por uma janela para um novo mundo.

A verdade é que, provavelmente, a nova sensibilidade permite que o próprio cérebro físico torne-se consciente de ideias e imagens desconhecidas até então.

A princípio, parece como se tudo assim percebido fosse apenas o produto da própria imaginação – ou seja, que a pessoa simplesmente pegou pedaços de memória, pedaços de ideias de outros homens adquiridas através de livros, imagens, etc., e as juntou à vontade em uma montagem. Mas com um pouco mais de experiência geralmente se convence de que o novo lugar do qual se tornou consciente tem suas leis naturais invioláveis, assim como o mundo físico, que não se pode fazer ou desfazer à vontade, que as mesmas causas produzem os mesmos resultados, que de fato se é um mero espectador e em nenhum sentido um criador. Então ficamos convictos de que estamos de fato percebendo uma nova e muita extensa série de fenômenos; que de fato é conhecida como o Mundo Astral ou Plano Astral.

Então segue aqui uma confirmação experimental da teoria estabelecida acima, que provavelmente se aprofundará e intensificará com cada experiência cuidadosamente feita.

A experiência pessoal confirma o exposto: Ao utilizar qualquer símbolo do qual eu sei o significado, como uma carta de Tattva – ou do Tarô, a ideia abstrata do significado do símbolo vem primeiro – como o fogo, ou a água no abstrato — e uma postura mental com isso cognata e simpática, um desejo por aquele elemento em particular – não vívido, mas perceptível — gradualmente o sentimento dos efeitos físicos do elemento – como de calor – umidade – etc. – e, especialmente, o som como se do bramido ou crepitação do fogo, o escorrer – ou tamborilar, ou ondulação da água. Aos poucos a atenção se retira de todos os sons e visões que nos cercam, uma névoa cinzenta parece envolver tudo, na qual, como se lançada de uma lanterna mágica no vapor, a forma do símbolo é projetada.

(Isso eu acredito que se deva à saída do sangue e força nervosa dos outros centros do cérebro e sua consequente inibição.)

Então a Consciência parece passar através do símbolo para reinos além, mas, como dito acima, eu acho mais provável que as visões e imagens do além venham para os centros cerebrais de hipersensibilidade e, como estes foram sensibilizados pelo símbolo e o primeiro efeito foi a visão do próprio símbolo na névoa cinza, eles parecem assumir a forma do símbolo e passar através dele. Em todos os eventos a sensação é como se olhássemos para uma série de imagens em movimento, embora existam seres neste novo mundo com quem possamos conversar, animais que podemos dominar, ou que nos atraem, mas pessoalmente tenho que não são mais sólidos do que as imagens de um cinetoscópio ou o som de um fonógrafo.

No entanto, quando essa sensibilidade do cérebro e poder de percepção é estabelecido, parece crescer com isso um poder de realmente ir para as cenas assim visionárias e vê-las tão sólidas que de fato realmente se possa fazer coisas e produzir efeitos lá.

Isto é o que eu imagino que seja chamada de Viagem na Visão do Espírito.

Se é mais do que uma extensão do poder de perceber as imagens na Esfera de Sensação ou no envelope Akáshico é muito difícil de determinarmos. A sensação, no entanto, para mim, é de primeiro tornar-se, por assim dizer, vagamente consciente de uma pessoa andando entre as cenas da nova região – ou Plano Astral – para gradualmente tornar-se consciente de que é a minha própria figura que eu estou contemplando – de gradualmente, por assim dizer, ser capaz de olhar através dos olhos e sentir com as sensações deste dublê. Além disso de ser capaz de dirigir conscientemente seus movimentos, de controlá-lo, de habitá-lo, e naquele corpo ser capaz de visitar as cenas e as pessoas que eu antes só tinha visto, por assim dizer, através de um telescópio.

É como se a minha consciência fosse expulsa de meu próprio corpo para tomar posse de um corpo que ou eu já criei para esse propósito, ou que foi invocado da Esfera Astral como um veículo para mim mesmo.

Parece, no entanto, quase que mais provável que, assim como a Esfera de Sensação reflete tudo o que há no Universo material, assim também deve conter um reflexo do corpo material do percipiente e se isto assim for, não é difícil supor que tal reflexo possa ser feito para viajarmos dentro da Esfera de Sensação e visitar todas as coisas nela refletidas com tanta facilidade (ou mais) como a vontade do homem pode fazer seu corpo físico viajar a lugares materiais sobre a terra.

A Percepção do Plano Astral parece ser particularmente suscetível a delírios, provavelmente decorrente de defeitos no sensório ou no cérebro físico – tal como um objeto visto através de vidro defeituoso é distorcido, isto é, o elemento pessoal, ou o que os cientistas chamam de “equação pessoal”, torna-se tão forte que pode produzir erros reais.

Assim como o cérebro pode ser tornado sensível em uma determinada direção pelo símbolo – assim também estes erros podem ser corrigidos pelo símbolo. As diversas qualidades na natureza de cada homem são simbolizadas pelos planetas – daí quando esta simbologia é bem conhecida, os símbolos planetários podem ser utilizadas para corrigir os erros resultantes da qualidade particular atribuída a cada um deles. Desta forma, o erro pode ocorrer porque as visões são apenas compostas a partir da memória.

Neste caso, construa de luz branca e brilhante na frente de qualquer imagem a qual você suspeite que seja meramente um produto ou memória a letra Tau, sendo o símbolo do Caminho de Saturno, “O Grande da Noite do Tempo” – cuja influência sóbria e estabilizadora fará uma imagem que veio da memória desaparecer. Da mesma forma Beth para Mercúrio formulado da mesma maneira fará desaparecer qualquer produto da ilusão e mentira intelectual – ou Daleth para Vênus, que é utilizado para fins de vaidade intelectual – Gimel para Lua para uma mente oscilante – Resh para Sol para delírios de altivez, vaidade, etc. e Kaph para o caminho de Júpiter contra a imaginação, e Peh para o caminho de Marte contra a vingança, o ódio, etc.


Traduzido por Frater AL

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