XXVII – Os Princípios da Teurgia ou Alta Magia

Este artigo é um capítulo de Os Pergaminhos Voadores

Os Pergaminhos Voadores da R.R. et A.C.: instruções secretas para os Adeptos da Ordem Interna da Golden Dawn.

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XXVII
Os Princípios da Teurgia ou Alta Magia

Pelo M.H. Frater L.O. (P.W. Bullock)

A obscuridade que reina nos escritos públicos daqueles que trataram de assuntos do Oculto teve o efeito de velar em enorme extensão quaisquer concepções claras, que poderiam ter sido de outra forma aparentes, respeitando os métodos da Ciência sagrada, e me ocorreu que pode ser útil aos nossos membros que estão entrando na Segunda Ordem que eu exponha algumas ideias que são boas de se ter em mente ao abordar estes estudos.

Para o olho meramente intelectual, grande parte da instrução mais espiritual dada a seguir parecerá, talvez, mera fantasia selvagem, e será difícil de compreender, e muito mais de colocar em prática, a não ser que, de fato, o verdadeiro significado do simbolismo e do ensino da Ordem Externa tenham sido assimilados em algum nível.

O sistema diante de você agora só deve ser apreciado por um refinamento da faculdade, a ser gerado através do reconhecimento de determinados princípios que pode ser dito serem a base de todas as operações Ocultas, e as práticas consequentes sobre elas.

Todos estes princípios logicamente procedem de um postulado, a saber, que a Unidade de todas as coisas do Ser Divino – a concepção que belamente se harmoniza com os instintos mais veneráveis da Alma: “N’Ele nós vivemos, nos movemos e temos nosso ser!”

Esta base divina do Universo é onipresente, dotando toda a Natureza de consciência em diferentes modos: não se pode dizer que nenhuma partícula contém mais ou menos de Divindade do que qualquer outra, mas os modos de expressão diferem de acordo com o tipo. A Divindade essencial foi chamado por Platão de “a mesma” e manifestada Natureza que “a outra”: a Divindade é arquetípica – a Natureza é anárquica. Como é dito: “Entre a Luz e a Escuridão as cores vibram”.

“As cores” são devido às proporções mistas dos Elementos que geram a variedade e a forma. O Mundo da Formação é Yetzirah – a região composta pelas Seis Sephiroth do Microprosopus.

Yetzirah é a Luz Astral, que é especialmente o meio em que operam os Éteres dos Elementos sob a presidência dos Planetas: eu uso a expressão Éter dos Elementos a fim de transmitir o significado da concepção hermética de “Elementos”. Os Elementos dos antigos (chamados, respectivamente, Fogo, Água, Ar e Terra) não são de modo algum os Elementos físicos, mas os Éteres sutis subjacente a estes, – cuja presença é necessária antes que os Elementos grosseiros possam ser manifestados. Daí o simbolismo do Altar.

Tudo formado pela Natureza nos Mundos Yetzirático e Assiático é esferizado, e,assim individualizado: tais círculos intangíveis e magnéticos são forças evoluindo a forma, a forma sendo a força estática. Cada indivíduo ou entidade, seja uma pedra, um planeta ou um homem, age de acordo com sua natureza, isto é, dá expressão ao arquétipo de sua esfera, e este é o trabalho da evolução. Todas as entidades são revestidas no Anima Mundi, direta ou indiretamente, de acordo com o veículo. Nos reinos mais elevados obtém maior complexidade, culminando com o ser humano, como é dito: “Ó Homem, tu produção sutil!”

A Unidade do Divino – “circunscrevendo os céus com forma convexa” – que se considera que sustenta toda a manifestação é uma concepção necessária para as doutrinas do Macrocosmo e do Microcosmo – o Mundo Maior e Menor: aquilo que é uma parte necessariamente participa da natureza do Todo, e assim toda entidade é um Microcosmo ou Mundo Pequeno – refletindo o Mundo Maior ou Macrocosmo segundo certa fórmula. A reflexão envolve a reversão e por isso é dito que “Kether é Malkuth segundo outra maneira”.

Para fins Ocultos a coroa da vida manifestada é considerada como sendo a produção do Homem espiritualmente perfeito. A perfeição espiritual é o trabalho da evolução, assim como a perfeição física é dessa evolução.

Uma vez que a projeção para Malkuth seja atingida (pois o segundo Adão deve primeiro descer e nascer dela) a re-ascensão começa: com a “recessão da torrente” vem o desdobramento interior, enquanto instintos de associação, cooperação e comunidade ampliam o interesse dos seres – distribui a consciência sobre uma área maior – e desfere um golpe mortal na vida egoísta.

Todo pensamento evoluido toma forma: elementais se aglutinam com tais formas e desta forma transmitem, por assim dizer, vida própria. A força inerente de qualquer pensamento é proporcional à intensidade da vontade que o gerou.

A maioria das pessoas estão mais ou menos à mercê de suas próprias criações tendo assim obtido um temperamento definido, ou caráter. Todo homem é, portanto, a soma total de sua criação mais X – a quantidade para sempre desconhecida; mas tal como as criações de vida aumentam assim também o poder de X pode se dizer que diminui, e por esse motivo que é dito “Não aumente o teu destino!”

Na dissolução a Alma entra na região de seu próprio Yetzirah e, ​​a menos que durante a vida aprendeu a ser positiva para com a sua própria natureza astral, a fantasia livre da vida desencarnada envolveria uma fruição do bem ou do mal, à qual seu criador estaria sujeito. Portanto tais experiências pós-mortem são consideradas ilusórias, e daí o trabalho do Ocultista é tornar-se positivo para com a sua própria natureza astral, vivendo tanto quanto possível, no plano criativo – seu Mundo Briático – pois, que seja lembrado, o Criador também é o Destruidor, e assim a verdadeira dignidade da Alma é mantida quando em aliança com seu cume divino – uma condição que envolve um desapego mais ou menos completo.

Não é necessário estudar Ocultismo a fim de tornar-se bom, mas sim para tornar-se sábio. Os meios que lhe são ensinados para empregar são calculados para equilibrar a natureza espiritual e implementar o crescimento espiritual.

O efeito do crescimento espiritual é estender a Consciência na direção das coisas divinas e sobre-humanas e, correspondentemente, restringir a “Consciência Automático” de apetites e desejos animais.

Os métodos transmitidos pela tradição da Golden Dawn são os da Teurgia divina.

Teurgia é a ciência da comunhão com Espíritos planetários, os poderes que compõem as Hierarquias do Ser e “Deuses da Luz”.

Duas condições são necessárias para a prática. A primeira é pureza absoluta e devoção à Verdade. A segunda o conhecimento completamente treinado das correspondências; isto é, as correspondências entre as forças do Mundo maior, ou Macrocosmo, com aquelas do Mundo menor, ou Microcosmo, e da respectiva interação destes.

O método normal de desenvolvimento Oculto é um retiro gradual para dentro – primeiro ao Mundo Yetzirático, e então para além dele. O Mundo da Formação, que o Estudante agora é chamado para percorrer, é o Yetzirah de Assiah, daí que as forças Elementais e Planetárias são especialmente aquelas com as quais ele é posto em contato.

O Homem, como o Microcosmo mais completamente evoluído do Macrocosmo, sintetiza em sua própria constituição as forças do Mundo maior do qual ele é uma parte; toda entidade está, portanto, relacionada a ele – e ele a elas. O Mundo é, por assim dizer, um animal grande, e suas partes respondem sendo movidas por simpatias mútuas: simpatias obtidas através da aproximação do tipo, antipatias quando os tipos são imperfeitos.

A Teurgia é operada através de uma combinação harmoniosa das forças do Som, da Cor, do Número e da Forma – toda a atenção estando fortemente concentrada no plano da força cuja assinatura é expressada.

Os números de 1 a 10 constituem uma progressão completa: esses são os poderes primordiais e as raízes tanto da força quanto da forma. A prática Oculta derivada da numeração decimal repousa sobre uma base de precisão matemática – a matemática sendo uma ciência exata. O número 3 é o primeiro poder manifestado, o número 10 é um retorno à Unidade, ou o início de uma nova série. Por esta razão, as formas de manifestação são setenárias, e estas são as raízes das cores e dos sons.

O Teurgo comanda naturezas mundanas em virtude de sua própria divindade, mas até a apoteose ser alcançada é necessário que em certas operações superiores estimule a Consciência pela identificação com a divindade.

A regra é: “a apelação às presenças Divinas e Sobre-Humanas, e a conjuração das que são inferiores”. O direito de comandar é estendido por progresso subsequente.

Quando nos assuntos mundanos você deseja obter informações sobre um país distante, você faz isso ou de quem já esteve lá, ou por si mesmo indo para lá – assim é com as operações Teúrgicas – você pode invocar o simulacro de seu objeto ou viajar por projeção.

A conexão íntima entre as formas e as forças elementares deve ser aprendida e apreciada. “Pense em um lugar e tu já estarás lá” diz o velho axioma hermético, e poderia ser acrescentado “não importa se você percebe isso ou não” – o Adepto percebe!

A tentativa de retratar para si mesmo as pessoas e as coisas vistas é uma invocação dos simulacros e logo, com a prática, muito poder de formação plástica será desenvolvido e a aparência da personalidade superada. De qualquer lugar ou ser para o qual tal direção de pensamento é feita, a verdadeira conformação disto serve como o ideal e arquétipo sobre o qual o poder formativo constrói e ao qual tende a se conformar naturalmente, a não ser que seja impedido por preconceitos na esfera da mente.

No cerimonial, que o desenho de um círculo, conforme lhe foi dito, seja a chave para todo o resto, que seja a formulação de um verdadeiro vórtice mágico, – erguendo sobre a esfera da mente uma barreira absoluta contra toda impressão estranha – possibilitando assim perfeita espontaneidade: como lhe foi dito, a Circumbulação Mística simboliza o alvorecer da Luz.

Será percebido sob consideração que todo pensamento que é criativo e positivo (em distinção a um reflexo passivo e mediúnico) deve conter, por assim dizer, dentro de si mesmo o seu complemento e compleição – ou seja, a intuição. Exatamente da mesma maneira como quando ao longo de fios paralelos uma única corrente elétrica é transmitida, simultaneamente induzindo uma corrente inversa sobre a outra, – assim também a fruição do pensamento, que é a intuição perfeita, complementa a ação centrífuga de energia intelectual. O modo externo de atividade mental gerou esquecimento do fato, os homens não conseguem perceber as suas próprias possibilidades: mas que a Invocação envolve a resposta é o testemunho da sensibilidade psíquica.

Pensamentos que são expressos de alguma forma, seja por voz ou por símbolo, são muito mais poderosos do que os não expressados.Expressão é a consagração da Vontade. “A Mente Paternal semeou símbolos na Alma” e a fantasia regenerado deve revelá-los.

Forças são entidades; todas as entidades são exprimíveis por fórmula ou assinatura. Os Sigilos de forças Ocultas são empregados porque o que quer que tenha uma mera semelhança casual com essas forças participa diretamente nela.

A Vontade é o grande agente de todo o Trabalho Oculto; a sua regra é onipotente sobre o sistema nervoso. Pela Vontade a visão fugaz é fixada sobre as ondas traiçoeiras da Luz Astral, mas, como é dito, você não pode prosseguir no Caminho da Flecha até você entender as forças do Arco.

O uso de cores brilhantes gera o reconhecimento da variedade subsistente e estimula aquela percepção da mente que energiza através da imaginação, ou a operação de imagens.

Uma imagem que para o olho culto retrata belamente um determinado assunto, no entanto, parece ao selvagem uma colcha de retalhos confusa de estrias, – portanto as percepções estensas de um cidadão do Universo não são compreendidas por aqueles cujos pensamentos habitam dentro da esfera da vida pessoal.

É o egoísmo que impede a radiação do Pensamento, e se apega ao corpo. Isso é cientificamente verdadeiro, e independentemente do sentimento, o egoísmo que ultrapassa as necessidades do corpo é pura vulgaridade.

A estrada para o Summum Bonum reside, portanto, no Auto-Sacrifício, – o sacrifício do Inferior para o Superior, pois detrás desse Self Superior reside a Forma velada do Ancião dos Dias, o Ser sintético da Humanidade Divina.

Essas coisas são apreendidas pela Alma: só a música da Alma é ouvida no Ádito do silêncio nutrido por Deus.

A força da associação, ou comunidade, até mesmo em afazeres mundanos, é muito grande, mas muito mais quando os laços que ligam assumem a sua origem nos recessos mais profundos do ser.

Tendo entrado na Segunda Ordem, você vem para dentro do raio de uma força psíquica espiritual, que, gerada séculos atrás, adquiriu uma dinâmica própria e, silenciosamente, exerce uma influência protetora. O estudante isolado não tem essa vantagem. A história e existência desta organização secreta é um monumento à energia dispesada por nossos antepassados da Golden Dawn, “Aqueles que são de um gênio mais excelente, cultivaram a ciência divina, enquanto ainda na Terra”.

Talvez o legado que deixaram seja algo mais do que o próprio conhecimento preservado, embora este seja grande, pois, consciente ou inconscientemente, as forças que eles colocaram em movimento recaem sobre nós, e as próprias sombras dos poderosos mortos estimulam a empenho adicional.

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