Ritual do Grau do Portal
Este artigo é um capítulo de O Templo do Rei Salomão
Um resumo da cerimônia do grau do Véu de Paroketh da antiga Golden Dawn.


«Ritual do Grau do Portal» ¶
Ritual dos 24º, 25º e 26º Caminhos, Levando da Primeira Ordem da A∴ D∴ na Externa ao 5○=6○ ¶
Oficiais: M. H1. Hierofante Indutor; M. H. Adepto Associado.
Abertura ¶
O Hierofante Indutor pede primeiro aos Fratres e Sorores presentes que o ajudem a abrir o Portal da Cripta dos Adeptos. Os Fratres e Sorores então dão os sinais dos vários graus de 0○=0○ a 4○=7○.
Então o Hierofante Indutor diz ao Adepto Associado: M. H. Adepto Associado, qual é o título místico adicional concedido a um Philosophus, como um elo com a Segunda Ordem?
Adepto Associado: Phrath.
Hierofante Indutor: A que alude?
Adepto Associado: Ao quarto Rio do Éden.
Hierofante Indutor: Que Sinal é este?
Adepto Associado: O Sinal da abertura do Véu (o faz2).
Hierofante Indutor: Qual é o sinal de resposta?
Adepto Associado: O Sinal do fechamento do Véu (o faz).
Hierofante Indutor: Qual é a Palavra?
Adepto Associado: Pe. פ.
Hierofante Indutor: Resh. ר.
Adepto Associado: Kaph. כ.
Hierofante Indutor: Tau. ת.
Adepto Associado: A palavra completa é Paroketh פרכת, significando o Véu do Tabernáculo.
Nesta e por esta palavra o Hierofante Indutor declara o Portal da Cripta dos Adeptos devidamente aberto.

Diagrama 53: Arranjo do Templo para os Caminhos 24, 25 e 26 no Ritual do Portal.
A Cerimônia ¶
A pedido do Hierofante Indutor, o Adepto Associado coloca o Candidato no Ocidente entre o Estandarte e o Pilar Negro, diante dos Diagramas Elementais, mas de frente para o Ocidente. Depois disso, ele o apresenta ao Hierofante Indutor.
Então o Hierofante Indutor dirige-se ao Philosophus e indica-lhe que se nos graus anteriores lhe foram transmitidas muitas informações; isso foi feito como um teste de sua confiabilidade. Continuando, ele diz: “Portanto, agora peço a você, antes de prosseguir na Ordem, que se comprometa com o seguinte, colocando sua mão sobre a Tabela Central no meio das quatro Tabelas Elementais”.
Então o Philosophus promete nunca revelar os Segredos deste Ritual; nunca usar seu Conhecimento Oculto prático para o Mal; usar sua influência apenas para a honra de Deus, não para provocar contendas; e defender a autoridade dos Chefes da Ordem.
Depois disso, ele confirma seu juramento dizendo: “Eu me comprometo a manter o Véu entre a Primeira e a Segunda Ordens e que os poderes dos elementos testemunhem minha promessa”.
Então o Adepto Associado explica ao Philosophus a insígnia de admissão, que é o emblema peculiar do Hiereus de um Templo da Primeira Ordem. E o Hierofante Indutor explica o Lāmen do Hierofante e o Estandarte do Oriente, completando assim seu conhecimento dos Emblemas apropriados aos Oficiais de um Templo da Primeira Ordem.
Então o Diagrama dos Caminhos é explicado ao Candidato, após o qual, o Hierofante Indutor diz:
“Estão representados no Oriente, diante de você, os Cinco Portais dos 21º, 24º, 25º, 26º e 23º Caminhos; assim delineando por seu número o Símbolo Eterno do Pentagrama; pois cinco dividirá sem deixar resto o número de letras de cada um desses Caminhos, ou seja, seu valor numérico, assim como os de todos os caminhos de י o 20º, a ת o 32º, inclusive; e também a soma de seus números.
“Em relação a esses cinco Caminhos, agora peço que observe que as Chaves do Tarô ligadas a quatro deles, a saber, A Roda da Fortuna, a Morte, o Diabo e o Enforcado, são de importância mais ou menos sinistra e terrível, e que apenas o símbolo da Temperança parece prometer ajuda. Portanto, por este Caminho reto e estreito de ס, que o Philosophus avance como a flecha do centro de קשת (Qsheth), o Arco da Promessa, pois, por este hieróglifo da flecha, Sagitário sempre foi representado. E assim como este signo de Sagitário está entre os signos de Escorpião (Morte) e Capricórnio (o Diabo), assim também Jesus deve passar pelo deserto tentado por Satanás. Mas Sagitário, o Arqueiro, é um signo Bi-corpóreo, o Centauro, sendo o Homem e o Cavalo combinados. Recorda o que te foi dito na passagem do 31º Caminho do Fogo que conduz ao 3○=8○ de Practicus. ‘Também há a visão do Corcel de Luz Flamejante, ou também uma criança nascida no ar nos ombros do Corcel Celestial, ardente e vestida de Ouro, ou nu, e atirando flechas de Luz a partir do Arco, e de pé sobre os ombros do cavalo. Mas se tua meditação se prolongar tu unirás todos estes símbolos na forma do Leão3’. Pois assim tu abrirás caminho para cima pelo Caminho de ס, através da sexta Sephira até o Caminho de ט respondendo a Leo, o Leão, o Caminho de Reconciliação entre a Misericórdia e a Severidade, Chesed e Geburah; sob cujo centro pende o Glorioso Sol de Tiphereth.
“M. H. Adepto Associado, explique ao Philosophus a 13ª Chave do Tarô”.
Adepto Associado: A 13ª Chave do Tarô representa a figura de um esqueleto. As cinco extremidades do Corpo, delineadas pela cabeça, mãos e pés, aludem aos poderes do Número cinco, a letra ה, o Pentagrama que abrange o oculto Espírito de Vida e os quatro Elementos, os originadores de todas as formas vivas.
O signo de Escorpião alude especialmente à água estagnada e fétida; e àquela propriedade da natureza úmida que inicia a putrefação e a corrupção.
A eterna mudança da Vida para a Morte, e através da Morte para a Vida, é simbolizada na grama que brota e é nutrida por carcaças em putrefação e corrupção. O topo da foice forma o T, o Tau-Cruz da Vida, mostrando que o que destrói também renova.
O Escorpião, a Serpente e a Águia delineados diante da figura da Morte na forma mais antiga da Chave, referem-se à natureza mista transformadora (portanto enganosa) deste emblema.
O Escorpião é o emblema da destruição implacável, a Serpente é a natureza mista e enganosa, servindo igualmente para o bem e para o mal, e a Águia é a natureza Superior e Divina ainda a ser encontrada aqui, a Águia alquímica da Destilação, a Renovadora da Vida. Como é dito: “Tua juventude será renovada como a da Águia”. De fato, grandes e muitos são os Mistérios desta Terrível Chave!
Depois de explicar um símbolo de Tifão, o Adepto Associado se volta para a 15ª Chave do Tarô.
A 15ª Chave do Tarô representa um demônio semelhante a um sátiro com cabeça de bode em pé sobre um altar cúbico. Na mão esquerda, que aponta para baixo, segura uma tocha acesa, e na mão direita, que está levantada, um copo de chifre.
O Altar cúbico representa o Universo. A figura inteira representa os poderes brutos de geração da natureza no plano material e é análoga ao Pã dos gregos e ao Bode egípcio de Mendes.
Assim como suas mãos carregam a tocha e o chifre, os símbolos do Fogo e da Água, sua forma une a Terra em seu aspecto peludo e bestial, e o Ar em suas asas de morcego. O todo seria um símbolo maligno se não fosse o Pentagrama de Luz acima de sua cabeça que regula e guia seus movimentos.
Então a figura de Pã é explicada, após o qual o Hierofante Indutor mostra ao Philosophus a 14ª Chave do Tarô.
A forma mais antiga nos mostra uma figura feminina coroada com uma coroa de cinco raios simbolizando os cinco Princípios da Natureza, o Espírito Oculto e os quatro Elementos da Terra, Ar, Fogo e Água. Sobre sua cabeça há uma auréola de Luz. Em seu peito está o Sol de Tiphereth. A coroa de cinco raios alude ainda às cinco Sephiroth de Kether, Chokmah, Binah, Chesed e Geburah. Acorrentados à sua cintura estão um leão e uma águia, entre os quais há um grande caldeirão de onde surgem vapor e fumaça. O Leão representa o Fogo de Netzach, o Sangue do Leão; e a Águia representa a Água de Hod, o Glúten da Águia; cuja reconciliação é feita pelo Ar em Yesod unindo-se com a Água volatizada subindo do caldeirão através da influência do Fogo abaixo dele. As correntes que amarram o Leão e a Águia à sua cintura simbolizam os caminhos de נ e ע, Escorpião e Capricórnio, como mostrado pelo Escorpião e a Cabra ao fundo. Em sua mão direita ela carrega a tocha do fogo solar, elevando e volatizando a Água em Hod pela influência ígnea de Geburah; enquanto com a mão esquerda ela derrama as águas de Chesed de um vaso para temperar e acalmar o fogo de Netzach.

Diagrama 54: Os Nomes Simbólicos Latinos.
Terminada essa explicação, o Adepto Associado coloca o lampião vermelho do altar na mão direita do Philosophus e a taça com água na esquerda, e diz:
“Que isso te lembre mais uma vez que somente na, e pela, reconciliação de forças opostas, é aberto o caminho para o verdadeiro conhecimento oculto e poder prático. Só o Bem é poderoso, e só a Verdade prevalece; o Mal é apenas uma fraqueza, assim como o poder do mal; a magia existe, exceto na disputa de forças desequilibradas, que no final destruirá e arruinará aquele que se subjugou a ela. Como é dito: “não se incline, pois um precipício está sob a Terra; uma descida de sete degraus; e aí está estabelecido o trono de uma força Maligna e Fatal. Não se abaixe para aquele mundo escuro e lúgubre, não contamine sua chama brilhante com a escória terrena da Matéria. Não se abaixe, pois seu esplendor é apenas aparência, é apenas a habitação dos filhos dos infelizes”.
O lampião e a taça são então recolocados, após o qual os seguintes símbolos são explicados ao Philosophus: A Imagem da Visão de Nabucodonosor; O Símbolo do Grande Arcano Hermético; O Diagrama da União entre os quatro Elementos; O Diagrama dos Nomes Simbólicos Latinos; Os Sete Palácios do Mundo Briático; e os Querubins nas Visões de Isaías, Ezequiel e São João.
Agora o Hierofante Indutor parabeniza o Philosophus pelo progresso que ele fez, e o proclama Mestre dos 24º, 25º e 26º Caminhos no Portal da Câmara dos Adeptos. Após isso, ocorre o Fechamento do Portal, com o Hierofante Indutor dizendo:
“Na, e pela, aquela palavra Paroketh, eu declaro o Portal da Cripta dos Adeptos devidamente fechado. A ti, ó Tetragrammaton, sejam atribuídos Malkuth, Geburah e Gedulah pelas Eras. Amém”.
Assim termina o Ritual do Portal da Cripta dos Adeptos, o ritual de ligação entre os graus de Philosophus e de Adeptus Minor, entre a Primeira e a Segunda Ordem. Mas antes de encerrarmos este capítulo, será necessário, mesmo que brevemente, traçar o efeito que estes seis rituais e a massa de conhecimento oculto que lhes pertence tiveram sobre P., e o quanto mais pode se esperar que tenha sobre o buscador comum nos mistérios da Verdade.
Capítulo traduzido por Alan Willms em setembro de 2022. Foto ilustrativa de Rob Laughter no Unsplash.
